PF quer investigar deputada de MT suspeita de organizar caravana para ataque a Brasília
Gilberto Leite | Estadão Mato Grosso
A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que abra um inquérito para investigar a possível participação da deputada federal Coronel Fernanda (PL) na organização dos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, que culminaram na depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília. A informação foi revelada nesta quarta-feira, 22 de março, pelo Portal UOL.
A possível participação da deputada na organização dos eventos foi revelada por uma aposentada que mora em Barra do Garças, presa pela Polícia Federal após os atentados em Brasília. Gizela Cristina Bohrer, de 60 anos, afirmou em depoimento que a caravana que a levou para Brasília teria sido organizada pela Coronel Fernanda e outros dois candidatos que não conseguiram se eleger, todos bolsonaristas.
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Analady Carneiro da Silva (PTB-MT) e Rafael Yonekubo (PTB-MT), os candidatos que não conseguiram se eleger, também foram alvos do mesmo pedido de investigação. Todos os três negaram envolvimento com a organização de caravanas para o dia 8 de janeiro, quando procurados pela reportagem do UOL.
Se a investigação for autorizada pela Suprema Corte, Coronel Fernanda será a primeira deputada a ser investigada por participação direta nos atentados de 8 de janeiro. Outros três parlamentares já são alvos de inquérito da PF, mas ‘apenas’ por incitação de atos de violência. São eles: André Fernandes (PL-CE), Clarissa Tércio (PP-PE) e Silvia Waiãpi (PL-AP).
RELEMBRE O DEPOIMENTO
A aposentada Gizela Cristina Bohrer, 60 anos, contou à Polícia Federal que saiu de Mato Grosso para Brasília em um ônibus no sábado, 7 de janeiro, véspera do atentado contra as sedes dos Três Poderes. Segundo Gizela, foram oferecidas viagem e alimentação gratuitos para as pessoas que participavam da caravana.
“Todo mundo que vem nesses ônibus vem de graça e recebe todas as refeições de graça”, disse.
Gizela ainda afirmou que a caravana era organizada pela Coronel Fernanda e por Analady Carneiro, que disputou para deputada federal e não se elegeu, e Rafael Yonekubo, ex-candidato a deputado estadual que ficou como suplente.
“Os três coordenam grupos de WhatsApp e organizam caravanas para Brasília já há dois anos; que tais caravanas tinham por objetivo o apoio ao então Presidente Bolsonaro, tais como fizeram por ocasião dos desfiles de 7 de setembro e 15 de novembro de 2021 e 2022”, afirmou.
Além de citar os nomes dos três, Gizela apresentou os números de telefones deles, que ainda estavam ativos. Ela também entregou seu celular e revelou a senha aos investigadores, para ajudar com o andamento das investigações.
Gizela confirmou à PF que entrou no Congresso Nacional durante os atos do dia 8 de janeiro. Porém, ela disse que só foi ao local para filmar o que tinha acontecido, pois “estava chocada” com o vandalismo e a depredação. Ela também disse que “acredita que quem fez o ‘quebra-quebra’ foram bandidos infiltrados” e que “não aprova invasões”.
OUTRO LADO
Procurada pela reportagem do UOL, a deputada Coronel Fernanda negou que tenha organizado caravanas para os atos do dia 8 de janeiro e disse que estava em Mato Grosso nessa data. Ela ainda disse que chegou a ajudar na organização de caravanas em anos anteriores, mas não em 2023.
“Não tenho participação e nem sei quem é essa pessoa que está falando”, afirmou.
Analady e Yonekubo também negaram qualquer participação na organização da caravana para Brasília. Yonekubo disse que se casou no dia 7 de janeiro e, como já tinha sido alvo de uma operação da Polícia Federal, não mexeu com mais nada. Já Analady afirmou que tinha viajado a Brasília em dezembro, mas não participou da organização das caravanas para o 8 de janeiro.
“Ela se confundiu”, disse Analady.
*Com informações do UOL