Quadrilha de golpistas da Baixada Cuiabana agia em Portugal e tinha relação com facção
Gilberto Leite | Estadão Mato Grosso
Os criminosos alvos da Operação Gênesis, deflagrada nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (7), nos municípios da Baixada Cuiabana e em Cáceres, expandiram sua esfera de influência, e alguns dos seus membros estavam em Portugal, aplicando golpes pelas modalidades do perfil falso do WhatsApp e pelo falso intermediador de vendas.
A quadrilha, que movimentou mais de R$ 1 milhão, contratava pessoas para disponibilizarem suas contas bancárias como contas laranjas, pulverizando o dinheiro e dificultando o rastreio.
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Durante uma coletiva de imprensa realizada na 2ª Delegacia de Estelionato de Cuiabá, os titulares Luciani Pereira e Pablo Carneiro explicaram que foram expedidas 54 ordens de prisão preventiva para os golpistas que vitimaram pessoas nos estados de Roraima, Distrito Federal, Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso, Goiás, Paraná e Mato Grosso do Sul.
“A gente percebe que esse grupo está vastamente instalado aqui na Baixada Cuiabana. Grande parte dos mandados foi cumprida nesta região. Três alvos foram presos em Cáceres, mas a grande maioria em Cuiabá”, explicou Pablo. O grupo, segundo ele, está há pelo menos dois anos em atuação.
Os criminosos agiam em escritórios do crime, que, segundo a delegada Luciani, estão espalhados por toda a capital. Ainda hoje, a polícia segue na procura desses escritórios pertencentes à organização.
Loba em pele de ovelha
Nos modus operandi da quadrilha, está o hábito de aliciar mulheres para o bando. O delegado explicou que os criminosos escolhiam as mulheres por um fator de credibilidade e confiança.
“A maioria dos alvos são mulheres. Nós temos gravações desses suspeitos dizendo que preferem solicitar contas bancárias de mulheres para passar uma credibilidade maior quando fornecem essas contas às vítimas”, apontou.
Uma das suspeitas presas estava com o uniforme de um posto de gasolina. Nas palavras do delegado, várias pessoas possuíam uma ocupação lícita além do envolvimento com a quadrilha de estelionato.
Ostentação e luxo
Ainda em relação à forma como a quadrilha agia, a investigação apontou que os criminosos usavam a tática da “tentativa e erro”, fazendo diversas ligações por dia até conseguirem aplicar um golpe.
Os valores, segundo a investigação, chegavam a montantes exorbitantes, e os golpistas aproveitavam para ostentar nas redes sociais, em festas e baladas. Um dos presos contou aos delegados que gastou R$ 15 mil em um boliche em Cuiabá.
“Os golpes aplicados variam de R$ 3 mil a R$ 300 mil”, exemplificou Pablo.
Elos criminosos
A investigação apontou que a quadrilha também tem ligações com uma facção criminosa que atua em Cuiabá. Sem dizer nomes, o delegado apontou que os suspeitos precisavam seguir a mesma prática que os traficantes de drogas seguem, dando contribuições mensais em dinheiro à facção. Dessa forma, eles podem seguir com suas práticas e o dinheiro é empregado na manutenção do crime organizado.
Em Portugal, os criminosos estão localizados na cidade costeira de Vila Nova de Gaia, situada a 300 quilômetros de Lisboa, capital do país. “Eles continuavam a aplicar seus golpes, inclusive uma das suspeitas tem também um estabelecimento comercial lá, assim como outros indivíduos que também foram presos aqui mantêm uma fachada de um trabalho regular”, explicou o delegado.
Pablo explicou que já foi solicitado um pedido de cooperação jurídica internacional com o governo de Portugal para que os envolvidos que estão no país europeu sejam presos.
Dados de MT
Dados do Observatório de Segurança Pública da Sesp indicam que em Mato Grosso, no primeiro semestre de 2021, os casos de estelionato aumentaram 19% em comparação ao mesmo período do ano anterior. No estado houve 7.491 casos registrados entre janeiro e junho de 2021 e 6.309 no mesmo período de 2020.