Ex-Cuiabá vira réu por suspeita de manipulação no futebol

O ex-lateral do Cuiabá Igor Cariús virou réu em uma ação que investiga um suposto esquema de manipulação em 14 partidas do futebol brasileiro, entre jogos da Série A do Brasileiro 2022 e campeonatos estaduais deste ano. 

 

O atleta, que atualmente joga pelo Sport de Pernambuco, foi alvo da segunda fase da Operação Penalidade Máxima, deflagrada pelo Ministério Público de Goías no dia 18 de abril.

 

Além dele, outras 15 pessoas também se tornaram rés por decisão do Tribunal de Justiça goiano. Eles vão responder pelos crimes de organização criminosa e manipulação de resultados.

 

Cariús é acusado de receber dinheiro para ser punido com cartão amarelo em dois jogos do Cuiabá na Série A do ano passado. Um contra o Ceará e outro contra o Palmeiras. 

 

Segundo o Ministério Público de Goiás, no jogo contra o Ceará, o lateral recebeu R$ 5 mil antes mesmo da realização da partida, para que fosse punido com cartão amarelo, o que acabou acontecendo. 

 

Não se sabe se ele recebeu mais algum valor pelo cumprimento da suposta manipulação. 

 

Já no jogo contra o Palmeiras, conforme o Ministério Público goiano, a promessa era de pagamento de R$ 60 mil, mas Cariús não foi penalizado com o cartão e, por isso, não se sabe se ele recebeu o valor. 

 

Além do ex-lateral do Cuiabá também se tornaram réus: 

 

– Eduardo Bauermann, zagueiro do Santos

– Gabriel Tota, meia do Juventude em 2022, emprestado ao Ypiranga

– Victor Ramos, zagueiro da Chapecoense, que atuou na Portugesa no começo do ano

– Igor Cariús, lateral-esquerdo do Cuiabá em 2022, atualmente no Sport

– Paulo Miranda, zagueiro do Juventude em 2022, que estava no Náutico

– Fernando Neto, meia que era do Operário-PR, mas agora no São Bernardo

– Matheus Gomes, goleiro do Sergipe

– Bruno Lopez, o BL, considerado líder do esquema

– Ícaro Fernando Calixto

– Luís Felipe Rodrigues de Castro

– Victor Yamasaki Fernandes (jogador que intermediava contatos)

– Zildo Peixoto Neto

– Thiago Chambó Andrade

– Romário Hugo dos Santos, o Romarinho

– William de Oliveira Souza, o Mclaren

– Pedro Gama dos Santos Junior

 

Na primeira fase da operação,  deflagrada em fevereiro, um dos alvos foi o lateral do Cuiabá, Mateusinho. Leia AQUI

 

Ele e outras 14 pessoas também já se tornaram réus pelos crimes de organização criminosa e manipulação de resultados.

  

Os 14 jogos investigados (conforme acusação do MPE de Goiás):

 

1 – Palmeiras x Juventude, 10 de setembro de 2022 – Moraes (Juventude) – o jogador levou o cartão amarelo

 

A vantagem consistiu na promessa de pagamento de R$ 30 mil, dos quais R$ 5 000 foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo para que o jogador do Juventude, Onitlasi Junior Moraes Rodrigues, fosse punido com um cartão amarelo durante a partida.

 

2 – Juventude x Fortaleza, 17 de setembro de 2022 – Gabriel Tota e Paulo Miranda (Juventude) – Paulo Miranda levou cartão amarelo

 

A vantagem consistiu na promessa de pagamento de R$ 60 mil dos quais R$ 5 mil foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, mediante pagamento na conta de Gabriel Tota, jogador do Juventude, para posterior repasse ao atleta Jonathan (Paulo Miranda), para que este, também jogador do Juventude, fosse punido com cartão amarelo na partida, o que foi efetivamente providenciado pelo jogador”.

 

3 – Goiás x Juventude, 5 de novembro de 2022 – Moraes (Juventude) – o jogador levou o cartão amarelo

 

“A vantagem consistiu na promessa de pagamento de R$ 50 mil, dos quais R$ 20 mil foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, para que o jogador do Juventude, Onitlasi Junior Moraes Rodrigues fosse punido com um cartão amarelo durante a partida”.

 

4 – Goiás x Juventude, 5 de novembro de 2022 – Gabriel Tota e Paulo Miranda (Juventude) – Paulo Miranda levou o cartão amarelo

 

“A vantagem consistiu na promessa de pagamento de R$ 50 mil, dos quais R$ 10 mil foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, mediante pagamento providenciado por Romário Hugo dos Santos para a conta de Gabriel Tota, para posterior repasse a Jonathan (Paulo Miranda) para que este, também jogador do Juventude, fosse punido com cartão amarelo na partida, o que foi efetivamente providenciado pelo jogador”.

 

5 – Ceará x Cuiabá, 16 de outubro de 2022 – Igor Carius (Cuiabá) – o jogador levou amarelo e o vermelho

 

“A vantagem consistiu na promessa de pagamento em montante total ainda não precisado, porém certo que R$ 5 mil foram efetivamente entregues a Igor Aquino da Silva (Igor Carius) antes mesmo da realização do jogo, para que Igor, jogador do Cuiabá, fosse punido com cartão amarelo na partida, o que foi efetivamente providenciado pelo jogador”.

 

6 – Sport x Operário, 28 de outubro de 2022 – Fernando Neto (Operário) – o jogador não levou o cartão vermelho

 

“A vantagem consistiu na promessa de pagamento de R$ 500 mil, dos quais R$ 40 mil reais foram efetivamente entregues a Fernando José da Cunha Neto antes mesmo da realização do jogo, para que Fernando, jogador do Operário, fosse punido com cartão vermelho”.

 

7 -Red Bull Bragantino x América (MG), 5 de novembro de 2022 – Kevin Lomonaco (Red Bull Bragantino) – o jogador levou o cartão amarelo

 

“Pagamento de R$ 70mil reais, dos quais R$ 30 mil foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, para que o atleta do Red Bull Bragantino, Kevin Joel Lomonaco fosse punido com um cartão amarelo”.

 

8 – Santos x Avaí, 5 de novembro de 2022 – Eduardo Bauermann (Santos) – o jogador não levou o cartão amarelo

 

“Pagamento em montante ainda não precisado, porém certo que pelo menos R$ 50 mil foram efetivamente entregues a Eduardo Bauermann antes mesmo da realização do jogo, para que Eduardo, jogador do Santos, fosse punido com cartão amarelo na partida (o que não ocorreu).

 

9 – Botafogo x Santos, 10 de novembro de 2022 – Eduardo Bauermann (Santos) – o jogador levou o cartão vermelho

 

“Bauermann, apesar de ter aceitado valores na rodada anterior, não “cumpriu” sua parte no acordo ao não ser punido com cartão amarelo. Por isso, na rodada imediatamente seguinte e ainda com a posse da quantia recebida, novamente aceitou a promessa de valores indevidos para, agora, ser expulso na partida”.

 

10 – Palmeiras x Cuiabá, 6 de novembro de 2022 – Igor Carius (Cuiabá) – o jogador não levou o cartão amarelo

 

“Pagamento de R$ 60 mil para que Igor Aquino da Silva (Igor Cárius), jogador do Cuiabá, fosse punido com cartão amarelo na partida”.

 

11 – Guarani x Portuguesa, 8 de fevereiro de 2023 – Victor Ramos (Portuguesa) – o jogador não cometeu o pênalti

 

“Promessa de pagamento de R$ 100 mil para que Victor Ramos Ferreira, jogador da Portuguesa, cometesse uma penalidade máxima. Posteriormente, em razão de Bruno, Ícaro e Zildo (três dos denunciados) aparentemente não terem encontrado outros jogadores para manipulação de resultado na mesma rodada, os denunciados não efetuaram pagamento antecipado ao atleta e posteriormente não fizeram a aposta na partida).

 

12 – Red Bull Bragantino x Portuguesa, 21 de janeiro – Kevin Lomonaco (Red Bull Bragantino) – o jogador não cometeu o pênalti

 

Promessa de pagamento de R$ 200 mil para que o atleta Kevin Joel Lomonaco, do Red Bull Bragantino, cometesse uma penalidade máxima no primeiro tempo. O jogador não aceitou a proposta”.

 

13 – Esportivo x Novo Hamburgo, 11 de fevereiro de 2023 – Nikolas (Novo Hamburgo) – o jogador cometeu o pênalti

 

Promessa de pagamento de R$ 80 mil, dos quais R$ 5 mil foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, para que o atleta do Novo Hamburgo Nikolas Santos de Faria cometesse uma penalidade máxima durante a partida”.

 

14 – Caxias x São Luiz, 12 de fevereiro de 2023 – Jarro Pedroso (São Luiz) – o jogador cometeu o pênalti

 

“Pagamento de R$ 70 mil, dos quais R$ 30 mil foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, para que o atleta do São Luiz Emilton Pedroso Gonçalves Domingues (Jarro) cometesse uma penalidade máxima no primeiro tempo da partida”.

 

Prisão preventivas mantidas

 

O juiz Alessandro Pereira Pacheco, da 2ª Vara de Repressão ao Crime Organizado, acatou o pedido do MPE e manteve a prisão preventiva de três envolvidos: Bruno Lopez, Thiago Andrade e Romário Hugo dos Santos, o Romarinho.

 

O trio está preso em São Paulo e será transferido para um presídio em Goiás.

  

*Com informações da Folhapress

 

Mídia News