Carvalho assume Senado e diz temer votação de “afogadilho”
Ex-secretário-chefe da Casa Civil, o suplente de senador Mauro Carvalho assumiu a cadeira no Senado na tarde dessa quarta-feira (5). Ele assume no lugar do senador Wellington Fagundes (PL), que pediu licença de 121 dias para realizar tratamento médico.
Em sua posse, Carvalho dedicou seus quase 10 minutos de discurso a defesa de modificações na PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Reforma Tributaria, dizendo temer uma votação de “afogadilho”. O texto está em análise na Câmara Federal e deve ser votado ainda neste semestre.
Se a tendência de aprovação da PEC se confirma, a matéria seguirá para o Senado Federal, onde poderá haver modificações.
O novo senador destacou a pressa com que o Governo Federal quer votar o texto, e os possíveis prejuízos que isso pode trazer. O Governo de Mato Grosso estima uma perda de R$ 7 bilhões para 2024, caso a PEC seja aprovada nos moldes atuais.
“Não faz o menor sentido essa reforma para mato-grossense e para a maioria dos estados brasileiros, principalmente do Centro Oeste, Norte e do Nordeste. […] Quais são os impactos que teremos na classe trabalhadora com essa reforma? E para a classe média? E nas pequenas e médias empresas?”, questionou Carvalho.
“A cesta básica deverá ter um aumento de 60%. Onde vai parar a classe trabalhadora com o aumento de 60% dos alimentos? Temos que ter essa preocupação no Senado. Ouvir a todos, de forma democrática. Não podemos, no afogadilho, aprovar uma reforma que não contemple todos os segmentos da sociedade”, emendou.
Ao criticar o texto, Carvalho ainda fez uma referência ao personagem Robin Hood, uma espécie de “bandido justiceiro”, que roubava dos ricos para dar aos pobres.
“Achei que essa reforma iria ser Robin Hood, mas ao contrário, ela é Hood Robin: taxa os pequenos e desonera os grandes. É esse equilíbrio que essa Casa de Leis tem que promover”, disse.
Carvalho ainda alertou sobre a penumbra que há quanto aos possíveis impactos financeiros da reforma.
“Temos que ouvir a fundo todos os impactos financeiros que essa reforma trará, porque temos ainda nenhum conhecimento dos números. Temos que cuidar da nossa receita, mas temos que cuidar da nossa despesa e fazer o dever de casa diminuindo o peso da máquina pública”, disse.
A posse foi acompanhada pela família de Carvalho, pelo governador Mauro Mendes (União) e parte da bancada federal.
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