Fávaro provoca Salles, que rebate: “Usou Bolsonaro para se eleger, virou ministro do Lula por ordem do Blairo Maggi”

 

O ministro da Agricultura Carlos Fávaro (PSD) e o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) trocaram farpas, na manhã desta quinta-feira (17), durante oitiva na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Fávaro foi ouvido pela CPI e estava fazendo a defesa de produtores rurais que atuam legalmente, quando soltou uma frase em tom de provocação a Salles.

“Aquele [produtor rural] que transgredir, desmatar ilegalmente, passar a boiada, botar fogo e queimar, tem que ser punido nos rigores da lei pronto e acabou”, disse o ministro e na sequência piscando para alguém na sala.

Salles é ex-ministro de Meio Ambiente do Governo Jair Bolsonaro (PL), e em uma reunião ministerial que ocorreu em abril de 2020, à época da pandemia da Covid-19, usou o termo “passar a boiada”,  em defesa da flexibilização das leis ambientais no Brasil.

O ex-ministro e relator da CPI do MST não gostou da provocação e revidou. Segundo Salles, o senador coloca interesses políticos à frente dos ideológicos e só está no ministério por conta da aproximação que Lula tem com o ex-governador Blairo Maggi (PP).

Aquele [produtor rural] que transgredir, desmatar ilegalmente, passar a boiada, botar fogo e queimar, tem que ser punido

“Já é a segunda vez que ouço o senhor dizer ‘passar a boiada’. Não tenho vergonha de ter dito isso. Eu sou amigo da pecuária, e passar a boiada é algo positivo. O senhor quando era senador, cansou de ir no ministério da ‘boiada’ fazer defesa dos produtores do seu estado e pedir favores ao seu Estado”, disse.

“[…] O que me espanta é o senhor fazer campanha para ser senador usando a imagem do Bolsonaro e depois ser ministro do PT. Fica fazendo gracinha com a história da boiada, tem que ouvir a verdade”, acrescentou.

Fávaro o interrompe e diz que as acusações não são objeto da CPI. Salles, então, emenda. “Usou imagem do Bolsonaro para se eleger, virou ministro do Lula por ordem do Blairo Maggi. Foi [para o ministério] representar os interesses do Blairo Maggi”, disse.

Aprosoja

Em momento anterior, os dois também se estranharam. Fávaro relembrou que ajudou na fundação da Aprosoja Mato Grosso, mas que atualmente a instituição “se politizou”. Antes de entrar na política, Fávaro chegou a ser presidente da Aprosoja.

Salles acusou o ministro de ser “apadrinhado” por Blairo e de fazer a defesa da família junto à gestão petista. “O senhor ataca produtores e defende só os Maggi, mas tudo bem”, disparou.

Fávaro contestou: “São palavras suas”.

Veja oitiva na íntegra:

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