Ameaças, agressões e tortura psicológica, veja como agia grupo de torturadores
Quatro torturadores que chocaram o Brasil por realizarem espancamentos em público contra devedores em Cuiabá estão sendo procurados pela Polícia Civil. Conhecidos como a ‘Máfia da Cobrança’ ou o ‘Bando do Chicote’, esses homens eram contratados para receber dinheiro daqueles que deviam seus clientes. Seus métodos para obter o dinheiro das vítimas envolviam ameaças, torturas físicas e psicológicas, além da humilhação das vítimas através da divulgação dos vídeos.
As informações sobre o método do Bando do Chicote foram reveladas na manhã desta quarta-feira, 20 de setembro, durante coletiva de imprensa realizada na Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Cuiabá (DERF). O delegado responsável pelo caso, Guilherme de Carvalho Bertoli, deu detalhes sobre a investigação e sobre os atos dos homens, que ele classificou como “covardes”.
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“Conseguimos prender dois criminosos, sendo eles os responsáveis pela contratação dos cobradores. Quatro cobradores encontram-se foragidos”, explicou o delegado.
“É importante a gente salientar que esses criminosos covardes, os quatro que estão foragidos, principalmente, após essa execução do crime, eles se esconderam. Encontram-se escondidos. Nós acreditamos que eles não têm estrutura para permanecer escondidos”, afirmou o delegado.
Os dois contratantes presos são Rafael Geon de Souza, de 35 anos, e Bruno Rossi Penazzo, 34. Eles são empresários do ramo do ouro e da soja.
Os cobradores também foram identificados e seus nomes são:
– Benedito Luiz Figueiredo de Campos
– Guilherme Augusto Ribeiro
– José Augusto de Figueiredo Ferreira
– Sergio da Silva Cordeiro
Os valores que as vítimas deviam aos empresários que foram presos, segundo o delegado, chegavam a cerca de 210 mil reais. Desse valor, R$ 160 mil eram devidos para um deles, não especificado, enquanto o outro cobrava dívidas de R$ 50 mil.
INÍCIO DAS INVESTIGAÇÕES
Segundo o delegado, as investigações começaram quando um homem procurou a DERF para relatar que seu filho foi feito refém de um grupo que pedia dinheiro em troca da sua libertação. A ação policial conseguiu colocar as mãos em todos os suspeitos, incluindo os atuais foragidos. Contudo, eles acabaram sendo liberados porque a vítima ficou com medo de possíveis represálias do bando e decidiu não prestar queixa.
“Ela (a vítima) acabou isentando esses criminosos da ação delituosa, falando que não foram eles os responsáveis pelas agressões. Então, no momento dessa abordagem, dessa condução, o delegado responsável no dia pelo plantão da Roubos e Furtos não tinha elementos para atuar os conduzidos numa prisão em flagrante, justamente porque a vítima falou que eles não eram os autores”, descreveu.
Contudo, apesar de não terem sido criminalmente responsabilizados no dia, os criminosos acabaram criando provas contra eles mesmos, já que o vídeo da agressão cometida contra a vítima vazou, cerca de três meses depois.
“Então, a partir do momento que esse vídeo vazou, devido à burrice desses criminosos que, além de praticar o crime, ainda filmam e divulgam, foi possível iniciar a investigação e representar pela prisão”, disse o delegado.
Segundo Bruno, a vítima agredida recebeu várias ameaças e até chegou a ir em um cartório para registrar um documento garantindo que ela não iria representar contra os criminosos.
Desde que o vídeo da agressão vazou, os cobradores estão espalhados pelo estado. Em outras gravações, um dos cobradores chutou a cabeça de outra vítima, de forma extremamente agressiva. Ainda há relatos de que os cobradores chegaram a usar arma de fogo nas ameaças.
“Esses criminosos, primeiro eles iniciam uma fase de ameaças, de torturas psicológicas, além da vítima, aos familiares. Desde filhos, falando dos filhos, ‘ah, você tem uma esposa bonita, seu filho treina em tal lugar’. Então eles começam a agir dessa forma até chegar na fase mais grave, que é das agressões”, descreveu o delegado.
Até a conclusão desta matéria, a busca pelos membros do “Bando do Chicote” continua.