Família se revolta com quarto adiamento de júri de assassino de casal em MT: “Raiva, angústia”

 

O quarto adiamento do júri popular do réu Joazo Vieira da Silva, acusado pela morte de um casal em outubro de 2012 em Cuiabá, causou revolta na família de uma das vítimas.

Ele foi denunciado pelo incêndio que provocou a morte de Ivany Maria da Silva, 47 anos, e seu companheiro Enedino Campos de Oliveira, de 61.

Depois de três adiamentos, o júri havia sido marcado para o dia 13 de setembro, mas foi novamente adiado sem uma nova data definida para ocorrer.

Ariana Cristina da Silva, filha de Ivany, contou que o motivo alegado para o adiamento foi a agenda da Vara e a falta de intimação do réu.

Em declaração ao MidiaNews, Ariana se queixou de que as testemunhas, a família e até os advogados não foram avisados sobre a decisão, só ficaram sabendo quando chegaram ao Fórum de Cuiabá.

“O sentimento é de raiva, angústia e tristeza. Você revive tudo novamente após anos esperando que naquele momento irá colocar ponto final, que a Justiça será feita… Mas se depara com uma Vara que não tem pessoal suficiente para conseguir trabalhar e dar um mínimo de dignidade para os familiares das vítimas e celeridade nos processos”, desabafou Ariana.

Por fim, Ariana disse que há o medo na família de que o caso fique impune e caia no esquecimento, 11 anos depois do crime.

Relembre

Ivany e Enedino tiveram queimaduras de terceiro grau quando a casa em que estavam foi incendiada. Eles não resistiram aos ferimentos, morrendo horas depois.

O caso, que no início foi tratado como acidente, teve uma reviravolta após a Polícia Civil encontrar uma garrafa com líquido inflamável próximo à residência.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual, um vídeo de câmeras de segurança de um posto de gasolina da região flagrou Joazo entrando no local e comprando a garrafa.

Mariana Cristina, outra filha de Irany, falou com o MidiaNews sobre o caso e sobre a relação da mãe com o réu. Mariana, na época ainda com 17 anos, foi a primeira a chegar à residência no momento do incêndio, no Jardim Eldorado, onde vive até hoje.

Segundo ela, o réu gostava de Ivany e queria ter algo a mais com ela, mas que ela nunca quis. Ele ligava frequentemente para o celular da vítima, enviava flores e perguntava sobre ela para as vizinhas.

Tempos depois, Ivany assumiu um relacionamento com Enedino. Mariana conta que Joazo chegou a dizer que se ela não ficasse com ele, não iria ficar com mais ninguém, porém nunca ninguém levou a sério a fala dele.

Após o caso, ele se mudou do Estado e ficou fora do radar das autoridades até ser preso em uma operação em Campo Grande (MS).

“São mais de 10 anos de impunidade. Minha mãe era uma pessoa maravilhosa. Se você vier até hoje aqui no bairro, as pessoas só sabem falar bem dela, era uma mãe exemplar”, diz Mariana, que se emociona ao lembrar-se da mãe.

“Então o que espero é que a Justiça seja feita. Já se passaram mais de 10 anos, mas que não fique em vão”, encerra a filha.

Julgamento de feminicídios no Brasil

Segundo dados do relatório “O Poder Judiciário na Aplicação da Lei Maria da Penha”, referentes a 2022 e que abrange a atuação do Poder Judiciário na aplicação da Lei Maria da Penha, revelam que ingressaram no Judiciário 640.867 mil processos de violência doméstica e familiar e/ou feminicídio no ano de 2022. No mesmo período, foram proferidas 399.228 mil sentenças, com ou sem resolução de mérito.

Quanto às medidas protetivas, segundo o Painel de Monitoramento das Medidas Protetivas de Urgência da Lei Maria da Penha, durante o ano de 2022 foram proferidas 550.620 decisões de medidas protetivas de urgência, das quais 67% foram pela concessão e 11% pela concessão em parte.

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