“Ele conhecia o avião como a palma da mão”, diz irmão de piloto
Natural de Campo Grande, o piloto Fernando Kawahata Barreto, de 42 anos, morto em uma queda de avião na quarta-feira (4), na empresa Bom Futuro, mudou-se para Cuiabá com sua esposa e filhos há cerca de cinco anos.
Como não sabemos as causas do acidente, dói o coração da gente escutar que foi negligência
Ao MidiaNews, o empresário Marcelo Kawahata Barreto disse que o irmão era um piloto experiente, formado há mais de 10 anos, e que não acredita que o acidente tenha ocorrido por negligência.
“Foi uma tragédia. Ele era um piloto muito, muito experiente mesmo. Como não sabemos as causas do acidente, dói o coração da gente escutar que foi negligência. Eu tenho certeza que não foi”, disse Marcelo.
“Ele era muito cauteloso, muito responsável, e conhecia essa aeronave como a palma da mão dele”.
Fernando era o caçula de quatro irmãos, e antes de se tornar piloto foi técnico de informática. Porém, o amor pela aviação sempre teve um grande espaço em sua vida, pois desde muito cedo era fascinado pela profissão do pai, hoje piloto aposentado.
“Ele herdou essa paixão pela profissão do meu pai, essa paixão de voar. Quando ele começou a galgar, recebeu a proposta dessa empresa e ficou durante muito tempo fazendo [a escala] Campo Grande – Mato Grosso, até que resolveu se mudar com a família para Cuiabá”.
Fernando era piloto da empresa dos irmãos que estavam no avião e tiveram ferimentos leves.
Marcelo contou que o irmão tinha um temperamento forte, mas um coração imenso, bondoso e dava muito valor à família.
“Ele tinha a família dele, a esposa e os filhos como o maior tesouro. Ele protegia, brigava por eles, e amava muito a filha e o filho demais. Tinha também um carinho muito enorme pela nossa mãe, que faleceu há dois anos, e pelo nosso pai”.
“Está sendo muito difícil para o meu pai, porque ele morreu na profissão que meu pai exercia. Está sendo muito difícil mesmo”.
O velório e enterro de Fernando acontecerão em Campo Grande nos próximos dias, após o corpo do piloto ser liberado pela perícia.
“O pessoal da empresa dele já providenciou o avião e tudo. Só estamos aguardando, porque como foi acidente de aeronave, tem toda a parte de perícia a ser feita. A gente acredita que de hoje para amanhã vão liberar o corpo”.
O acidente
Na tarde de quarta-feira (4), a aeronave King Air C90 GTI, pilotada por Fernando e com mais dois passageiros, empresários de Campo Novo do Parecis, sofreu uma queda durante a decolagem na pista da empresa Bom Sucesso, em Cuiabá.
Sem conseguir controlar a aeronave, Fernando acabou colidindo-a em um hangar em construção, e parte do veículo explodiu com os ocupantes em seu interior. Além de Fernando, um trabalhador venezuelano, identificado como Juan José Jamarillo, de 62 anos, também morreu.
Já os dois empresários foram socorridos com ferimentos leves e encaminhados para atendimento médico em um hospital na Capital.
O caso ainda é investigado pela Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).
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