“Muitos vereadores não voltarão por decepção dos eleitores”

A vereadora Maysa Leão (Republicanos), um dos principais nomes da oposição ao prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) na Câmara Municipal, disse crer que os parlamentares da base de apoio não se reelegerão em 2024. Para ela, há uma “decepção” do eleitorado cuiabano. 

 

“Na última eleição, tivemos 11 vereadores da base do prefeito que não se reelegeram. Acredito que em 2024 o mesmo vai acontecer. Muitos vereadores não voltarão para a Câmara com a decepção de seus eleitores”, disse ela em entrevista ao MidiaNews.

 

Para a parlamentar, que está no primeiro ano de mandato, o próximo prefeito de Cuiabá terá um grande desafio, já que o caos da gestão Emanuel é tão grande que se alastrou por todas as secretarias.

 

“Somos cerceados do trabalho de fiscalizar. Temos dificuldade de entrar nos lugares. Não deveríamos ter, porque essa é uma obrigação do vereador”, afirmou.

 

Ainda na entrevista, Maysa falou sobre a possibilidade de ser vice na chapa liderada pelo deputado estadual Eduardo Botelho (União), sobre o deputado federal Abílio Brunini e os desafios que enfrentou ao assumir o mandato de vereadora.

 

Confira os principais trechos da entrevista:

 

MidiaNews – Hoje a maior parte dos vereadores ainda apóia o prefeito, apesar dos inúmeros escândalos da gestão. Em sua visão, por que isso acontece?

 

Maysa Leão: Por articulação política. O Emanuel Pinheiro tem uma capacidade de articulação – ele recebe os vereadores, conversa, é cordial –, sabemos que ali tem acordos que vêm desde a campanha eleitoral.

 

Ele tem vereadores que estavam com ele desde a campanha e são leais até hoje. Percebo que, para eles, em Cuiabá está tudo bem. Eu discordo. Cada um tem o seu jeito de trabalhar. Acho inaceitável o ponto que a cidade chegou, mas temos um gestor que tem uma articulação política louvável, porque ele tem louros, né?

 

Ele consegue receber bem as pessoas, acolher bem e isso é o dom dele. Embora eu discorde da gestão dele, não posso dizer que ele não tem essa capacidade.

 

MidiaNews – Acha que os apoiadores do Emanuel tentam fazer uma “cortina de fumaça” para esconder o caos na gestão?

 

Maysa Leão – Essa é uma estratégia da política brasileira, infelizmente. Vemos isso acontecendo no território nacional, estadual, municipal… Vemos muito barulho por pautas que nem cabem em determinados parlamentos.

 

Muitas vezes, é discutido na Câmara de Vereadores pautas federais. Essa é uma coisa da política que me incomoda. Quando vejo brasileiros brigando no Congresso Nacional para dizer quem está certo e errado na guerra de Israel, vejo a esquerda e a direita fazendo narrativas e o povo brasileiro perdendo. Não conseguimos fazer um debate profundo.

 

MidiaNews – Acredita que os vereadores da base de apoio do prefeito serão cobrados nas urnas no próximo ano?

 

Maysa Leão – Na última eleição, tivemos 11 vereadores da base do prefeito que não se reelegeram. Acredito que em 2024 o mesmo vai acontecer. Muitos vereadores não voltarão para a Câmara com a decepção de seus eleitores.

 

Quando você apoia um político, não tem como responder pelo CPF de um terceiro, mas a partir do momento que você viu as sucessões de erros, sempre há tempo de dizer: a partir daqui, não me representa mais. Os eleitores vão cobrar isso de alguns vereadores.

 

Na última eleição, 11 vereadores da base do prefeito que não se reelegeram. Acredito que em 2024 o mesmo vai acontecer

 

MidiaNews – O próximo prefeito de Cuiabá terá uma trajetória desafiadora?

 

Maysa Leão – Sim, é uma bomba-relógio. A pessoa vai assumir dívidas, desorganização, caos, falta de verba. Vemos que Emanuel Pinheiro está com dificuldade de terminar o ano de 2023, porque está faltando verba. Isso vai reverberar.

 

Cuiabá foi classificada como a segunda pior capital no âmbito fiscal, então o próximo mandato será de reconstrução, não de renovação.

 

MidiaNews – Quais são as qualidades essenciais que o próximo prefeito precisará ter?

 

Maysa Leão – Muita transparência e saber se comunicar, porque a população vai cobrar um crescimento de Cuiabá que, a princípio, ele não vai ter verba para apresentar. O primeiro ano de mandato do próximo gestor será de organização da casa: refazer contratos, licitações, passar um pente fino em todas as secretarias, ver como estão as contas de Cuiabá.

 

O primeiro ano será de limpeza de Cuiabá, para no segundo, terceiro ano começar a implementar algum crescimento.

 

Enzo Tres/MidiaNews

MAYSA LEÃO

A vereadora considera que o secretário Júnior Leite, da Limpurb, ofende a Câmara Municipal ao dizer que Cuiabá está em boas condições 

 

MidiaNews – Atualmente, a Prefeitura de Cuiabá passa por um desgaste com o Governo do Estado. É necessário que o próximo prefeito faça uma reconciliação?

 

Maysa Leão – Precisa. Cuiabá perdeu muitos investimentos, não teve repasses financeiros consideráveis, porque não existe um relacionamento com o Estado de Mato Grosso. Algumas coisas, como a Saúde, são tripartite.

 

Precisamos da verba federal, estadual e municipal. Hoje, Cuiabá não recebe verba estadual em várias situações que poderia estar recebendo, simplesmente porque não se convenia, porque não adere aos programas do Governo Estadual, não faz parte das decisões.

 

Não precisa ser amigo do gestor, tem que ter diálogo. O próximo prefeito precisa estar alinhado com o governador.

 

MidiaNews – O próximo prefeito poderá tirar muita sujeira debaixo do tapete com uma auditoria nas contas de Cuiabá?

 

Maysa Leão – Certamente. Ele terá a oportunidade de trazer um diagnóstico da cidade. Cabe a ele ter coragem ou não de mexer. Quando ele mexer, vai encontrar muita coisa e espero um gestor que traga a público a real situação para vermos Cuiabá crescer junto.

 

MidiaNews – Considera que os secretários cederam à corrupção e que eles dificultam o trabalho dos vereadores?

 

Maysa Leão – Com certeza atrapalham, porque somos cerceados do trabalho de fiscalizar. Quando você chega para fiscalizar, temos dificuldade de entrar nos lugares. Não deveríamos ter, porque essa é uma obrigação do vereador. Quando a Saúde estava na gestão municipal, eu não conseguia entrar em unidade de saúde. Era uma dificuldade e, quando entrava, tinha cerceamento. 

 

 

Vemos, por exemplo, o secretário Junior Leite [Limpurb] na Câmara ofendendo os vereadores, dizendo que está tudo certo, que Cuiabá está “um brinco”. O que vemos? Mato, sujeira, quando chove inunda. Não termos acesso às secretarias é muito grave. São 18 operações envolvendo diversas secretarias, então é uma gestão que não dá para ser aprovada.

 

MidiaNews – Há comentários de que a Prefeitura não tem honrado o compromisso com fornecedores. A senhora tem ouvido queixa de alguns empresários que prestam serviço para a Cuiabá?

 

Maysa Leão – Com certeza. Isso está reverberando na Empresa Cuiabana de Limpeza Urbana (Limpurb), tivemos a paralização da Associação Mato-grossense dos Transportes Urbanos (MTU).

 

Vemos que as empresas estão atrasando salários, bônus, honorários, férias, décimo terceiro, depósito de FGTS, INSS. Quando elas são questionadas, falam que a Prefeitura está atrasando os repasses.

 

Isso aconteceu em várias áreas. Tivemos a situação do Cuiabá Prev, onde não estava sendo recolhido o FGTS dos servidores. Os servidores denunciaram isso. Há um problema crônico de atraso dos repasses na Prefeitura de Cuiabá desde que começou a gestão Emanuel Pinheiro.

 

MidiaNews – Essa semana foi anunciado que a prefeitura de Cuiabá começará a cobrar estacionamento no centro da cidade. Considera que essa cobrança é uma medida para tentar solucionar a crise financeira da Capital?

 

Maysa Leão  É uma pá de cal em cima dos comerciantes do Centro que estão tão penalizados, porque o centro histórico foi abandonado. Ele está depredado, destruído. As pessoas que têm empresas ali, que tinham casas alugadas, estão em uma lástima, porque muitos perderam aluguéis, os comércios quebraram.

 

O centro histórico foi abandonado. Está destruído. As pessoas estão em uma lástima, os comércios quebraram

 

Os comércios que resistem bravamente ali não precisavam de cobrança de estacionamento nesse momento. Estamos indo para o final do ano, tem o Natal, tem a esperança de novembro, com a Black Friday, que eles querem vender. Essa cobrança de estacionamento vai tirar as pessoas do Centro.

 

Se as pessoas já não estão indo no centro por falta de acessibilidade, por falta de condições de trafegar bem, imagine cobrando estacionamento. É tudo que o comerciante do Centro da Capital não merecia.

 

A justificativa do prefeito foi que essa é uma contrapartida da construção do mercado Miguel Sutil… Entregasse o mercado primeiro. É uma Prefeitura que fez muitas promessas. Nem acreditamos que esse mercado vai ficar pronto.

 

Primeiro a empresa vai explorar o estacionamento para depois entregar a contrapartida. A revolta é porque Cuiabá arranca… É coleta de lixo que tem taxa duas vezes, Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) que aumentou e agora a cobrança do estacionamento, tantas coisas que fazem para arrecadar e não tem contrapartida de entrega.

 

MidiaNews – Recentemente, vereadores flagraram o Lixão da Educação em uma escola pública de Cuiabá. O que foi apurado até agora? A responsabilidade de materiais escolares serem descartados indevidamente é responsabilidade do prefeito?

 

Maysa Leão – É responsabilidade, sim, do prefeito. Ali falamos da gestão na Educação, mas Cuiabá tem coisas inaceitáveis em todas as secretarias. Podemos falar que a Saúde foi para intervenção por conta dos medicamentos vencidos, por conta do caos.

 

Foi feita a denúncia do lixão da Educação, fomos lá com os vereadores para mostrar algo que já tinha sido visto e o prefeito até agora não fez uma declaração para dizer que é inaceitável.

 

O que se viu é inaceitável, vimos carteiras novas, sofá, cadeiras com etiqueta de loja, parquinhos apodrecendo. Coisas que não têm nas escolas. Não tem um parquinho bom como aquele que está lá no lixão da Educação.

 

O prefeito não fez nenhum comentário a respeito, ele poderia dizer: “Eu não sabia desse local, a gestão é da Secretária”. O que ele fez com a secretária [Edilene de Souza Machado] depois de tantas denúncias? É responsabilidade dele.

 

MidiaNews – A senhora se classifica como uma opositora ao prefeito, mas faltou no dia que a Câmara votou a Comissão Processante que poderia resultar na cassação dele. Por quê?

 

Maysa Leão – Esse dia foi 21 de setembro, que é o dia da pessoa com deficiência (PCD). Fui convidada para participar de uma convenção em Lucas do Rio Verde, que pautava projetos estaduais a respeito dos PCDs. Fui convidada para fazer a palestra magna desse evento. Quando eu soube que o vereador Felipe Corrêa apresentou a Comissão Processante, avisei que não estaria na sessão, mas mesmo assim o projeto foi colocado em pauta.

 

O Felipe Corrêa, eu e toda a oposição sabia que não chegaríamos a 13 votos [necessários para a aprovação]. Não estávamos nem próximos disso. Se soubéssemos que ia converter, teria cancelado a minha ida Lucas do Rio Verde, só que cancelar a ida era cancelar a apresentação da palestra magna, uma das prerrogativas do Governo Federal para validar aquela convenção.

 

Eu, então, estaria dando as costas aos PCDs para fazer narrativa. Nunca vou usar a política por narrativa. 

 

Enzo Tres/MidiaNews

MAYSA LEÃO

Maysa conta que não acreditava que a cassação de Emanuel seria aprovada na Câmara e, por isso, faltou no dia da votação. Ela aproveitou a data para participar de um evento sobre pessoas com deficiência

 

MidiaNews – Os vereadores não acreditavam que a Comissão Processante seria aprovada?

 

Maysa Leão – Com certeza. Pelas negociações de corredor, sabíamos que não ia passar. Tínhamos que, pelo menos, conquistar três votos e não tinha possibilidade desses três votos serem conquistados.

 

Por que apresentar uma processante que não vai passar? Temos que tentar. Tentar até o ponto de o próprio eleitor falar: “Vereador, votei em você e queria que você votasse a favor da Comissão Processante. Por que você não votou?”. De repente, com a pressão popular, consigamos converter esses três votos que faltam em todas as processantes que já foram apresentadas até hoje.

 

MidiaNews – Antes de assumir uma cadeira na Câmara, a senhora nunca tinha ocupado um cargo eletivo. Sofreu algum preconceito ou sentiu dificuldade no começo?

 

Maysa Leão – O primeiro preconceito veio desde a campanha, porque eu era blogueira. Pelo fato de trabalhar como educadora digital, toda vez falavam “a influencer, a blogueira”, sempre em um tom pejorativo, como se uma influencer não tivesse capacidade política.

 

Na campanha viu-se muito isso: “O que ela tem para oferecer?”; “O que ela quer fazer lá?”; “Vai fazer tutorial de maquiagem?”. Esse preconceito já veio dessa época. Quando entrei na casa, havia aquele estranhamento. Era um “corpo estranho”. No primeiro momento, acredito que contribuí um pouco para isso, porque fui bem arredia com os pares, não conseguia ter conversa de corredor.

 

Eu tinha aquela coisa de “entrei para a política porque ninguém me representa, então não preciso fazer amizade”. Na verdade, a política é o dom de negociar, de debater com os diferentes. Aprendi isso com o mandato em andamento.

 

MidiaNews – A política mato-grossense é dominada por homens. Acha que a dificuldade inicial de diálogo também se deve a isso?

 

Maysa Leão – Sim. Estamos em um Estado que tem o agro como grande chamariz. A baixada cuiabana tem outras culturas, mas nos acostumamos com políticos que eram homens ou parentes de homens.

 

Lógico que tivemos mulheres que entraram por si só na política, mas muitas eram ligadas a homens como a Teté Bezerra, Maria Avalone, Thelma de Oliveira, Jacy Proença… Há um estranhamento com a mulher avulsa como eu, que vem sozinha para a política. Não é comum em Mato Grosso.

 

 

MidiaNews – Falando em Congresso Nacional, o deputado Abílio Brunini tem se envolvido em polêmicas. A senhora já disse que não há hipótese de caminhar com ele na campanha eleitoral. Por quê?

 

Maysa Leão – Pela polêmica que ele traz para o mandato dele. Não pelos valores que representa, porque o Republicanos tem muitas “bandeiras” em comum com as dele. A questão é a forma como ele faz política.

 

Não acredito nessa coisa de dizer que precisa acabar com a “esquerdalha”, de “dizimar esse povo do país”. O Brasil é plural, precisamos respeitar a democracia. Posso defender as minhas convicções sem atacar aqueles que pensam diferente.

 

A partir do momento que ele faz chacota, ataca, tem um comportamento jocoso, esse não é um comportamento que representa pautas de extrema importância para o Brasil. Como deputado federal, ele devia estar discutindo trinta milhões de pessoas abaixo da linha de miséria. Ele, que está entrando agora para a causa dos autistas e das pessoas com deficiência, devia estar discutindo o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

 

Ele [Abílio] ataca, tem comportamento jocoso. Não representa pautas de importância para o Brasil

 

 

A partir do momento que ele gasta o cargo dele com polêmica, com risadinha, de falar para as deputadas que elas tinham desejo por Bolsonaro, sexualizando a fala, sendo misógino, aquilo não representa defesa de valores. Aquilo representa atacar o outro. Quando ele ataca, não vejo o Republicanos – que é um partido de respeito – andar com alguém que ataca a todo momento.

 

MidiaNews – A conduta do Abílio refletiu na queda dele nas pesquisas de intenção de voto dos eleitores?

 

Maysa Leão – Refletiu. Ele estava em primeiro lugar nas pesquisas, tinha tudo para estourar e uma grande chance de vencer uma eleição em primeiro turno.

 

Eu estive em 2020 ao lado do Abílio pedindo votos, porque era contra Emanuel. Acreditávamos em um projeto de renovação política e perdemos por seis mil votos pelo excesso de falas polêmicas dele. Agora, quatro anos depois, ele vai entrar para um pleito eleitoral e novamente acredita que a polêmica faz sentido. Perdeu o sentido andar com ele.

 

Enzo Tres/MidiaNews

MAYSA LEÃO

Maysa considera que, devido ao comportamento jocoso do deputado federal Abílio Brunini (PL), não há possibilidade de firmar aliança com ele

MidiaNews – Edna Sampaio foi recentemente cassada por uso indevido da verba indenizatória. Acha que a postura dela ao longo do processo de cassação foi desdenhosa com a Câmara?

 

Maysa Leão – Eu não entendi a conduta dela e nem do advogado dela. Se eu tivesse sendo acusada de algo e isso gerasse a perda do meu mandato, eu ia lutar até o último minuto para ter o meu mandato. Se eu tivesse a oportunidade de falar duas horas para me defender, falaria.

 

Ela não ter vindo [no dia da votação] foi uma escolha dela e do corpo jurídico que atendeu ela que, para mim, não fez o menor sentido. Se ela estava representando o mandato de uma mulher preta de esquerda, que veio da periferia e venceu, ela tinha o direito a fala e abriu mão de se defender. Para mim, não faz sentido.

 

MidiaNews – E como a verba indenizatória é usada em seu gabinete?

 

Maysa Leão – Existem duas V.I. que envolvem o cargo de vereador. Uma é a de chefe de gabinete e a outra é a do vereador. Ambas têm que ser depositadas em uma conta que não é a conta salário.

 

É importante dizer que a V.I. da chefe de gabinete não é um salário extra, um bônus. Ela tem que ser depositada em uma conta separada e a chefe de gabinete administra, fazendo todos os pagamentos que ela precisa fazer para o exercício do mandato.

 

A chefe de gabinete pode usar a V.I. da forma que ela quiser, desde que seja para pagar contas inerentes ao mandato. Como vereadora, não posso obrigar essa chefe de gabinete a sacar a V.I. e a transferir. A gestão plena da V.I. é da chefe de gabinete. Eu também não posso usar a V.I. de vereadora para gastos pessoais, tenho que gastar com o exercício do mandato.

 

Temos a orientação quando entramos na Câmara. O dia que assinei a minha posse, recebi a informação do financeiro.

  

MidiaNews – Ela postou um story no Instagram brincando com a situação ao dizer que estava escolhendo um carro para comprar usando o dinheiro da V.I. 

 

Maysa Leão – Enxergo a palavra narrativa. Como essa palavra tem movido a política brasileira. Ir lá para dizer ironicamente “estou aqui comprando um carro com um a V.I. da chefe de gabinete”, dando risada daqueles que foram contra ela, é a narrativa do bem contra o mal.

 

Como se ela fosse o bem e o mal tivesse tirado ela daqui de dentro [da Câmara]. Até que ponto narrativas ainda serão aceitas pelo eleitorado? Não acredito que o eleitor da Edna achou engraçado. Perder um cargo político e dar risada disso é dizer que não tinha tanto valor.

 

MidiaNews – Recentemente, a senhora disse que o presidente da Assembleia, Eduardo Botelho, a convidou para ser vice-prefeita na chapa liderada por ele. No entanto, havia comentários de bastidor de que isso não teria acontecido. Outros diziam que foi uma hipótese “ventilada”, mas tomada precocemente pelo Republicanos como uma certeza.  O que aconteceu de verdade?

 

Maysa Leão – O deputado Botelho teve uma conversa com o presidente municipal do partido, vereador Eduardo Magalhães, e disse que gostaria de ter o Republicanos apoiando a pré-candidatura dele a prefeito de Cuiabá. O Botelho falou: “Preciso de uma vice que seja mulher, desejo caminhar junto com uma mulher”.

 

O Eduardo Magalhães citou meu nome e disse que iria ver se eu estava disposta. Eles fizeram uma segunda reunião, onde me ligaram no viva-voz. O Botelho me fez o convite. Foi isso que aconteceu. Ele não bateu o martelo. Respondi que o plano era a reeleição, mas que aceitava construir. Foi feito um acordo para tentar construir. Nesse momento vem possível saída dele para o PSD. Ele ainda não definiu a saída do União Brasil, porque ele e o deputado Fábio Garcia estão em um embate.

 

Aí, entra o Fábio na história, que é um amigo pessoal, uma pessoa que conheço desde a infância. Ele veio me cobrar: “Nossa, mas você vai ser vice do Botelho? Nem veio conversar comigo”. Houve uma conversa também do Republicanos sobre compor com o União Brasil, porque temos o vice-governador, Otaviano Pivetta. Se o Botelho sai, o Republicanos vai tomar a decisão de seguir com Botelho ou Fábio. Essa decisão cabe ao diretório. 

 

Botelho é querido, mas perderá muita gente se for caminhar com Emanuel

  

MidiaNews – Você vê possibilidade de alinhamento do Botelho com o Emanuel Pinheiro?

 

Maysa Leão – Não vejo alinhamento, o que ainda não vi foi o deputado Botelho falar claramente: “sou um pré-candidato em oposição ao prefeito Emanuel Pinheiro”. É uma fala que aguardo e várias pessoas do eleitorado dele aguardam.

 

O Botelho é muito querido pelo eleitorado dele. Existe uma manifestação efusiva de pessoas que acreditam na pré-candidatura dele, tanto que ele ficou muito bem colocado na pesquisa quantitativa.

 

Se a população reprova Emanuel Pinheiro e tem o Botelho em primeiro lugar, ele vai precisar reprovar claramente o Emanuel Pinheiro. Ele ainda não fez. Está cedo, tem tempo para fazê-lo, mas se ele for caminhar de forma implícita ou explícita com Emanuel Pinheiro, perderá muita gente.

 

 

 



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