“Esse desgraçado me matou junto com elas”, diz patriarca de família morta em MT
O caminhoneiro Regivaldo Batista Cardoso, cuja esposa e as três filhas foram assassinadas por um pedreiro em Sorriso, em 2023, disse se sentir morto junto com a família.
O patriarca da família Cardoso falou pela primeira vez após a tragédia que chocou não só a cidade de Sorriso, onde o crime aconteceu, mas todo o Estado de Mato Grosso.
“Eu morri junto com elas. Esse desgraçado me matou junto com elas. Vou viver para que hoje? Qual é o motivo tenho para seguir, se não tenho elas mais?”, questionou Reginaldo Batista em entrevista ao programa SBT Comunidade.
Cleci Calvi Cardoso, de 47 anos, e suas três filhas – Miliane Calvi Cardoso, 19, e duas menores de 13 e 10 anos – foram encontradas mortas em um cenário de terror.
Reginaldo trabalhava fazendo fretes e estava no Paraná quando a família foi vítima do pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos, de 32 anos.
A última vez que ele falou com a família foi para dizer que faria mais dois fretes antes de voltar para casa. Isso aconteceu na sexta-feira de 24 de novembro, entre a noite desse dia e a madrugada do dia seguinte a família seria assassinada de forma brutal.
Que esse cara nunca mais saia da cadeia que ele pague para o resto da vida dele. É o que eu quero
“No domingo de noite ainda mandei: ‘Vou mandar a Polícia aí’, para ver se elas me respondiam”.
Na segunda, ainda sem ter respostas da esposa, Reginaldo entrou em contato com amigos, familiares e até com a escola das filhas para saber o que tinha acontecido.
“Eu já estava sentindo que algo estava errado, porque quando estava mal a Cleci me ligava”, disse.
Sem respostas, ele ligou para a Polícia, que se deparou com a chocante cena.
“Antes eu tinha elas, trabalhava por elas. Hoje, você trabalha e não tem família mais, não tem mais um objetivo para trabalhar. Vou e volto e não tenho a minha casa, não tem minha esposa, não tem minhas filhas. Que graça tem viver desse jeito?”, disse na entrevista.
Reprodução
Vítimas de chacina durante passeio em família
“Espero que [a justiça] seja rápida e seja certa, que esse cara nunca mais saia da cadeia que ele pague para o resto da vida dele. É o que eu quero”, afirmou.
Conforme a Polícia Civil, Gilberto era foragido por latrocínio, estupro e tentativa de homicídio.
O crime
No dia 27 de novembro, a chacina de mãe e três filhas foi descoberta em Sorriso.
A casa das vítimas foi invadida pelo pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos, de 32 anos, que trabalhava na obra ao lado da residência da família.
A invasão aconteceu três dias antes, na noite do dia 24. O crime aconteceu entre a noite da invasão e a madrugada do dia 25.
A mãe e as duas filhas mais velhas foram violentadas e tiveram seus pescoços cortados, os ferimentos eram profundos. A filha mais nova foi asfixiada até a morte, com o auxílio de um travesseiro.
Após o crime, o assassino voltou para o seu local de trabalho, onde ele também morava, como se nada tivesse acontecido.
Gilberto foi preso poucas horas depois de o crime ter sido descoberto. Falhas no cabelo e uma pegada deixada na cena do crime foram cruciais para a prisão em flagrante dele.