Sobreviventes de ataque dos PMs deixam hospital. “Quem devia proteger faz uma covardia dessas”, diz coordenador
Triste. Quem devia proteger faz uma covardia dessas
Oziel Ferle da Silva, de 35 anos, e William Pereira de Oliveira Filho, de 25, sobreviventes do ataque a pessoas em situação de rua em Rondonópolis, na última quarta-feira (27), já receberam alta do Hospital Regional da Cidade.
O crime foi cometido por homens que estavam em uma Land Rover, resultando na morte de duas pessoas e deixando os dois feridos. Dois policiais militares foram presos acusados de fazer os disparos.
O crime ainda causa comoção entre as pessoas que conheciam as vítimas. “Triste. Quem devia proteger faz uma covardia dessas”, afirmou o coordenador da Casa do Bom Samaritano, Marlos Gabriel dos Santos, de 40 anos, que visitou os dois sobreviventes no hospital.
Segundo Marlos, a cena dos dois, enquanto ainda estavam hospitalizados, era “de cortar o coração”.
“Willian ainda estava com uma bala alojada nas costas, mas com pouca dor. Agora o Oziel estava muito ferido, os dois joelhos, os dois braços, tinha bala por todo o corpo”, afirmou.
As vítimas contaram que estavam dormindo quando foram acordadas pelos disparos.
Marlos falou das vítimas, que ele considera como amigos. “Willian faz tempo que fica aqui na frente [da casa de acolhimento]. Ele sempre me ajuda desde que eu cheguei na casa”, afirmou.
“Oziel chegou há pouco tempo na rua. Ele tinha arrumado um serviço e ficou bastante tempo na fazenda”, disse.
Em fotos e vídeos é possível ver as vítimas trabalhando e confraternizando entre si.
Um registro do dia 23 de dezembro, feito por Willian, mostra a casa de acolhimento oferecendo uma refeição às pessoas em situação de rua entre outros.
As vítimas fatais foram identificadas como Odinilson Landvoigt de Oliveira, de 41 anos e Thiago Rodrigues Lopes, de 37.
Receberam alta
Willian vai ficar na casa de acolhimento até ser encaminhado para a Casa Esperança, diante da necessidade de cuidados especiais.
“Está aqui em casa, vou encaminhá-lo para a Casa Esperança, lá tem mais apoio, tem enfermeira, já que ele tem que fazer alguns curativos”, disse.
Oziel, por sua vez, saiu do Hospital direto para o Presídio da Mata Grande, após ter rompido a tornozeleira eletrônica que usava.
“Ele ia nas fazendas e as fazendas o recusavam. Ele foi e cortou a tornozeleira, pegou o serviço em uma fazenda e ficou trabalhando lá um tempão, só que enquanto isso saiu um mandado de prisão”, contou.
Uma missa de sétimo dia será realizada em homenagem às vítimas fatais do atentado.
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