Defesa de empresária diz que PJC se precipitou: “Grave equívoco”
A defesa da empresária mineira Maria Angélica Caixeta Gontijo, suspeita de ter encomendado a morte do advogado Roberto Zampieri, sustenta o discurso de inocência e acredita que sua prisão foi precipitada.
Acreditamos que em relação a Maria angélica houve um grave equivoco
Maria Angélica, que estava presa no Presídio Feminino Ana Maria do Couto May, em Cuiabá, foi solta na última sexta-feira (19) e será monitorada por tornozeleira eletrônica.
Zampieri foi morto a tiros em 5 de dezembro de 2023 quando saía de seu escritório no Bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá.
Seguem presos pelo crime o coronel do Exército Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, apontado como financiador do crime, Antônio Gomes da Silva, que confessou ter executado a vítima, e Hedilerson Martins Barbosa, suspeito de se intermediar o contato entre mandante e pistoleiro.
“A DHPP tem feito um excelente trabalho, queremos render a nossa admiração à rapidez e eficiência em relação aos atiradores. Conseguiram prendê-los em um tempo muito curto”, afirmou o advogado Eustáquio Neto em entrevista à rádio CBN Cuiabá.
“Porém, com o máximo respeito, acreditamos que em relação a Maria Angélica houve um grave equívoco”, completou o criminalista.
Segundo Eustáquio, sua cliente não teria envolvimento algum com a morte do advogado e sequer conhecia os demais investigados no crime.
“A senhora Maria Angélica não conhece e nunca teve qualquer contato com nenhum dos outros três, nem com o atirador, nem com o Hedilerson Barbosa e, muito menos, com o Coronel Caçadini. Não conhece nem de vista”, afirmou o advogado.
De acordo com Eustáquio Neto, a Polícia tinha à época da prisão alguns indícios isolados que, segundo ele, não seriam capazes de ligar a empresária ao crime.
“Um erro mesmo. O trabalho da Polícia foi muito eficiente e, talvez, eles se precipitaram um pouco em achar que a Maria Angélica pudesse ser a mandante do crime. O que eles tinham àquela altura era o fato dela ter tido um desentendimento com o advogado Roberto Zampieri”.
“A gente demonstrou que o fato dela morar no mesmo Estado do pistoleiro, do comparsa e até do próprio Coronel Caçadini, não na mesma cidade, isso por si só não daria margem para linkar ela diretamente a esse crime”, completou o advogado.
Segundo o advogado, o depoimento de Antônio, acusado de executar a vítima, teria sido usado como argumento para solicitar a liberdade da empresária.
“Ele afirma com detalhes que o verdadeiro mandante não seria uma mulher e, sim, um homem. Ele fala que teria ouvido um áudio recebido do Coronel Caçadini, […] cobrando a execução do crime, que seria um homem que teria um sotaque meio italiano, que na verdade imita uma pessoa com o sotaque sulista”, disse.
Para o advogado, com a prisão do coronel Caçadini, acusado de financiar o crime, em breve o “verdadeiro mandante” será preso. Assim que o caso tiver novos desdobramentos, a defesa irá solicitar a remoção das cautelares impostas à empresaria.
“A gente quer a senhora Maria Angélica possa retomar aos poucos a sua vida normal, já que ela ficou presa 30 dias injustamente por um crime que ela não tem nenhum envolvimento”, afirmou.
Esteve em Cuiabá
Maria Angélica esteve em Cuiabá no dia do crime, acompanhada do marido e da filha de apenas quatro anos. “Ela tinha um compromisso oficial aqui”, disse o advogado.
Segundo Eustáquio Neto, Maria Angélica vinha sendo ameaçada por uma disputa de terras na região do Vale do Araguaia.
“Inclusive ameaças partidas de agentes públicos [policiais militares] e ela fez essa denúncia junto ao Governo do Estado que prontamente ouviu, marcou uma agenda oficial para ela vir na Secretaria de Segurança Pública trazer esses fatos”, disse.
“Ela esteve em Cuiabá meses antes na Corregedoria da Polícia Militar”, completou.
Desentendimento antigo
Em relação à desavença com Zampieri, segundo o criminalista a empresária “usou os meios legais”.
“Ela representou ele perante a OAB, processou-o criminalmente por entender que ele estava advogando para a parte contrária, e isso é crime. Ela também entrou com uma ação cível na Justiça rescindindo contrato, pedindo indenização. Fez o que qualquer cidadão que se sente lesado faria”, disse.
“Se de um lado a Polícia Judiciária Civil agiu muito bem e muito rápido ao prender o atirador e o comparsa, acabou se precipitando um pouco em pedir a prisão da senhora Maria Angélica”.
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