Cuiabana presa injustamente relata drama e critica Consulado
A cuiabana Elizabeth Campos Cardoso, de 55 anos, alega ter vivido momentos de terror e violência psicológica nos sete dias em que ficou detida na França sob a alegação de portar um passaporte roubado. Ela conseguiu voltar a Mato Grosso no último domingo (28), após mobilização de familiares.
Foi um erro deles, no qual eles nunca vão assumir
“Foi um erro deles, no qual eles nunca vão assumir. Eles colocaram o número do meu passaporte errado no sistema da Interpol e, então, eu caí nessa situação sem dever nada “, afirmou a cuiabana durante entrevista concedida ao programa Encontro, da TV Globo, nesta terça-feira (30).
Após ficar mais de um ano vivendo na Irlanda, Elizabeth decidiu ir à França por dois dias visando visitar amigos da igreja. Logo depois ela retornaria ao Brasil. Contudo, após passar pela imigração francesa, ela foi informada que seria presa ao possuir seu nome na lista da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal), sob alegação de possuir um passaporte roubado.
De acordo com Elizabeth, nos registros da polícia internacional constava que o passaporte foi roubado em Portugal no mês de agosto de 2023, mas a mulher afirma que nunca esteve no país.
“Passei pela imigração de Paris e fui abordada com a acusação de que eu estava usando um passaporte roubado. O meu próprio passaporte, que nunca saiu da minha mão”, declara.
Após ser notificada da situação, ela foi encaminhada a uma sala e permaneceu no ambiente, sem contato com a família, por um período de 9 horas. Neste momento, a cuiabana alega ter sofrido agressões psicológicas e situações de constrangimento.
“Para eu ir ao banheiro ou tomar água, precisava implorar. Foram momentos terríveis que eu nunca imaginei passar em minha vida. […] Foram revistadas todas as minhas bagagens. Foi uma vergonha muito grande que nunca imaginei passar na minha vida, um constrangimento terrível.”
Ao sair da sala, Elizabeth foi levada à Cruz Vermelha, onde permaneceu por 7 dias. Ao longo deste período, ela afirma que o Consulado brasileiro só a procurou apenas 1 vez, mas não apresentou identificação no momento da abordagem.
“Ele entrou em contato comigo me comunicando de uma audiência, que realmente aconteceu, mas não deu em nada. Era sem fundamento porque era um erro deles. Não tinha nada no sistema, meu passaporte já havia sido retirado do sistema da Interpol”, declara.
“[As pessoas do Consulado] Estão falando que prestaram atendimento, mas em nenhum momento [prestaram ajuda]. Eles são extremamente grossos. Minha família fazia contato e eles não se identificavam de forma alguma. Desligaram o telefone na minha cara três vezes, na cara da minha família. Não fizeram nada, quem fez foi minha família”, afirma ela
Após a mobilização da família para provar sua inocência, a cuiabana foi informada que poderia comprar uma passagem de retorno ao Brasil. Contudo, diante de um atraso da equipe responsável por seu transporte, ela acabou perdendo o voo e sendo levada novamente à Cruz Vermelha.
Era um sonho meu que virou uma tragédia.
“Eu não desejo a ninguém o que aqueles policiais fizeram comigo. Eles só não me bateram, mas me agrediram psicologicamente a todo o tempo. Eles disseram que eu embarcaria no voo do dia seguinte, mas eu não tinha provas de que isso ia realmente acontecer”
Retorno a Cuiabá
Elizabeth retornou a Cuiabá no último domingo (28). Em vídeo divulgado nas redes sociais, a família registrou o momento do reencontro entre ela e a filha. Emocionada, ela afirma que espera que este cenário não se repita com nenhum outro brasileiro.
“Espero que as autoridades façam alguma coisa por nós, brasileiros. Era um sonho meu que virou uma tragédia. O pesadelo que vivi não desejo para ninguém. Peço que, por favor, às autoridades que façam alguma coisa e que este Consulado [brasileiro] faça o devido trabalho dele”.
Veja o vídeo