Delegado preso por corrupção cobrou R$ 10 mil para hospedar alvo da PF em “cela especial’

O delegado Geordan Fontenelle, alvo principal da Operação Diaphthora, “hospedou” um empresário, identificado como Antônio Jorge Silva Oliveira, em uma “cela especial” pela bagatela de R$ 10 mil por dia. Antônio havia sido alvo da Operação Operação Hermes II, da Polícia Federal e, segundo a investigação, o policial federal que prendeu Antônio tinha ligações escusas com Fontenelle, agindo como um contato dentro da corporação, que o avisava caso os garimpeiros da região fossem alvos de operação.

Esses e vários outros casos estão relatados no inquérito policial, ao qual a reportagem do Estadão Mato Grosso teve acesso. No documento, é descrito que Geordan transformou seu sala na Delegacia de Peixoto de Azevedo em uma espécie de ‘Gabinete do Crime’.

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Segundo a investigação, Geordan se aliou com empresários, advogados, garimpeiros e até mesmo um investigador da corporação, identificado como Marcos Paulo Angeli, que também foi preso.

No caso da ‘cela especial’, Geordan alugou para Antônio um alojamento exclusivo para policiais que estavam em plantão. A negociação foi feita por Geordan com o advogado de Antônio, Gefferson Cavalcanti Paixão.

“Também, o representado Geordan, em conversas com Marcos e Gefferson, sugere que houve cobrança de “diária” […] que teve como suspeito Antônio Jorge Silva Oliveira, alvo da Operação Hermes II. Na conversa, o delegado diz manter acusado “(…) em um alojamento exclusivo para policiais plantonistas”, prática que aparenta ser comum entre o delegado Geordan e o IPC Marcos”, consta no documento.

DPC Geordan: É… conversei com Gefferson. Ficou 10 mil a diária.
IPC Marcos: Ham??
DPC Geordan: 10 mil a diária.
IPC Marcos: Sério? (espanto). Estava pensando em dois, é não… Ave Maria.
DPC Geordan: Dez milzinho, a diária, aí (inintelegível), pra resolver.

No documento, consta que após fechar o negócio com o empresário por intermédio do advogado Gefferson, o delegado e o investigador comemoraram: “Esse final de semana vai ser top”.

ALVO DA PF

Antônio Jorge Silva Oliveira foi alvo da Polícia Federal pela suspeita de envolvimento no comércio e uso ilegal de mercúrio em garimpos nas áreas que compõem a Amazônia.

No dia da prisão, a Polícia Federal cumpria mandados de busca e apreensão contra o investigado. Porém, foi encontrada uma arma de fogo não registrada entre os pertences de Antônio, o que resultou na prisão em flagrante. Diante disso, ele foi conduzido à Delegacia de Peixoto de Azevedo.



Estadão MT