Juiz: pesquisa e compra de arma revelam crime premeditado
O juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, da 1ª Vara Criminal de Várzea Grande, citou detalhes da premeditação da morte do advogado e servidor público de Tangará da Serra, Edson Vicente da Costa.
Denota-se um grau de maior reprovabilidade da conduta em razão da existência de circunstâncias concretas quanto à premeditação do delito
A esposa dele, Carla Fernanda Toloi Ferreira da Costa, e o amante dela, Anderson Fabiano Pereira, foram condenados a mais de 45 anos de prisão pelo crime, que aconteceu em 6 de novembro de 2020.
O magistrado presidiu o Tribunal do Júri que julgou a dupla, que além de premeditar o crime tentou simular um latrocínio.
“Denota-se um grau de maior reprovabilidade da conduta em razão da existência de circunstâncias concretas quanto à premeditação do delito”, diz trecho do documento.
Segundo Martins, Anderson negociou a arma de fogo calibre .38 com que a vítima foi morta, apenas dois meses antes do crime, em setembro de 2020. O dinheiro para a compra da arma foi fornecido por Carla.
Interceptações telefônicas e a quebra de sigilo de dados telefônicos desse mesmo mês, em setembro, demonstraram dezenas de ligações entre Anderson e Carla.
“Anderson ligou 17 vezes para a ré Carla, e ainda, um dia antes dos fatos, ligou no telefone fixo do local de trabalho dela”, diz trecho.
Às vésperas e no dia do crime, Anderson ligou para um número registrado em nome de um advogado, que tem escritório no mesmo local que o pai de Carla. O número do homem foi encontrado anotado em um papel na cena do crime.
A perícia realizada no aparelho celular de Anderson, revelou que ele pesquisou por “rastreio de celulares” cerca de 15 dias antes de cometer o crime.
Outro indício de premeditação foi o fato de Carla ter regularizado a situação do plano funerário do marido, pouco antes do crime.
“Carla foi a principal estrategista do crime de homicídio, em razão do seu conhecimento ímpar acerca dos detalhes da rotina da vítima, tendo deliberado de maneira estratégica a função do seu comparsa”, diz trecho do documento.
O magistrado chamou a atenção ainda para o “modus operandi” seguido pela dupla.
“É digno de nota, uma vez que correu a simulação do crime de latrocínio com o intuito de dissimular o verdadeiro propósito dos acusados, que consistia em tirar a vida de Edson para obterem benefícios financeiros resultantes desse ato, bem como para preservar o relacionamento extraconjugal dos acusados, evitando assim que suspeitas recaíram sobre o casal”, diz trecho.
Anderson está preso desde o dia 17 de junho de 2021 e Carla desde o dia 21 de junho do mesmo.
Pilar da família
Martins ressaltou, ainda, a perda sofrida pela família de Edson que era “ elo essencial na estrutura de suporte familiar com seus pais idosos”.
Filho de Carlota, de 74 anos, e de Aparecido Vicente da Costa, de 80, diagnosticado com Alzheimer, Edson deixou também três filhos, incluindo uma menor de idade.
“A vítima exercia um papel crucial no amparo ao seus genitores idosos, especialmente seu pai acometido pela enfermidade de Alzheimer, pois era quem organizava questões médicas, financeiras e administrativas, cuja perda causou o enorme sofrimento e traumas imensuráveis aos pais e familiares”.
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