Empresa de investigado doou telhas para sindicato de vereador
Uma empresa investigada por lavagem de dinheiro do crime organizado doou telhas para o Sindicato dos Agentes de Regulação e Fiscalização do Município de Cuiabá, cujo presidente é o vereador Paulo Henrique (MDB).
A empresa é a W.A. da Costa Pereira, que está em nome de Willian Aparecido da Costa Pereira, o “Gordão”, proprietário de casa noturna que teria lavado dinheiro do crime organizado com shows de cantores nacionais.
Tanto Wilian Aparecido quanto o vereador foram alvos da Operação Ragnatela, deflagrada nesta quarta-feira (5) pela FICCO-MT (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado), composta por Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Polícia Militar de Mato Grosso.
Willian Aparecido, que foi preso na operação, ainda era lotado no gabinete do vereador – alvo de busca e apreensão -, recebendo um salário mensal de R$ 2,5 mil. Ele, no entanto, foi exonerado nesta quarta.
“O cumprimento de mandado de busca e apreensão, especificamente no Sindicato dos Agentes De Regulação e Fiscalização do Município De Cuiabá – Sindarf/MT, justifica-se em razão do vereador Paulo Henrique exercer a função de Presidente, utilizando-se deste também como recurso para a lavagem de capitais da Orcrim (Organização Criminosa) e para auferir vantagem ilícita direta ou indiretamente”, escreveu o juiz João Francisco Campos de Almeida na decisão que embasou a operação policial.
“A exemplo do elemento de informação coletado durante a análise da quebra de sigilo fiscal da empresa de Willian, vulgo Gordão, por meio da qual identificou-se a nota fiscal (…) que registra a compra de telhas no valor de R$10.545,00 (dez mil, quinhentos e quarenta e cinco), pago pela empresa W A da Costa Pereira, cujo endereço indicado na compra para a entrega das telhas foi o do Sindicato ao qual Paulo Henrique é o presidente, reforçando ainda mais o laço entre Paulo Henrique e a organização criminosa”, consta na decisão.
Conforme a Polícia Federal, o vereador teria atuando junto à Secretaria Municipal de Ordem Pública para liberar alvarás e autorizações para a realização de shows, recebendo “vantagens financeiras de forma indireta”.
Ragnatela
A operação cumpriu oito mandados de prisão preventiva e 36 de busca e apreensão em Mato Grosso e Rio de Janeiro, além do sequestro de imóveis e veículos, bloqueio de contas bancárias, afastamento de servidores de cargos públicos e suspensão de atividades comerciais.
As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá.
A investigação identificou os suspeitos participavam da gestão de casas noturnas em Cuiabá. Com uso dessa estrutura, o grupo passou a realizar shows de cantores nacionalmente conhecidos, que teriam sido custeados pela facção criminosa em conjunto com um grupo de promoters.
As investigações apuraram que os acusados repassavam ordens para a não contratação de artistas de unidades da Federação com influência de outras organizações criminosas, sob pena de represálias deliberadas pela facção criminosa.