Empresário preso pela PF lavava dinheiro do Comando Vermelho em boates

 

Preso na Operação Ragnatela, o ex-proprietário do bar Dallas, Willian “Gordão” Pereira, era o ‘testa de ferro’ do Comando Vermelho em Cuiabá. A informação foi revelada pelo delegado Antônio Flavio Rocha Freire, da Polícia Federal, em coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira, 5 de junho.

Segundo o delegado, as casas de festas eram registradas no nome de ‘Gordão’, mas tinham a função de lavar dinheiro do tráfico de drogas. Ao menos quatro casas noturnas estavam registradas no nome de Willian Pereira. Todas as boates tiveram a licença de operação suspensa por ordem judicial.

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A investigação da Polícia Federal descobriu que o grupo de Gordão comprou casas noturnas e passou a realizar shows com dinheiro do Comando Vermelho. Os promotores de eventos trabalhavam para a facção e posteriormente dividiam o lucro das festas entre si e com outros membros do CV.

O grupo tinha apoio de servidores públicos, que facilitavam a liberação de licenças e alvarás para as festas. Um dos suspeitos de integrar esse grupo de apoio é o vereador Paulo Henrique (PV), que foi alvo de busca e apreensão.

As investigações apuraram que Paulo Henrique era responsável por agilizar a emissão de alvarás e licenças para o funcionamento das casas noturnas na Capital.

Também foram alvos da operação o DJ Everton Detona e o empresário Agner Soares. Agner é dono das Farmácias Bom Preço e do Posto Papito.

SOBRE A OPERAÇÃO

Aproximadamente 400 policiais cumprem oito mandados de prisão preventiva e 36 de busca e apreensão nos estados de Mato Grosso e Rio de Janeiro, além do sequestro de imóveis e veículos, bloqueio de contas bancárias, afastamento de servidores de cargos públicos e suspensão de atividades comerciais. As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá.

Equipes da FICCO identificaram que criminosos participavam da gestão de casas noturnas em Cuiabá. Com uso dessa estrutura, o grupo passou a realizar shows de cantores nacionalmente conhecidos, custeados pela facção criminosa em conjunto com um grupo de promoters.

As investigações apuraram que os acusados repassavam ordens para a não contratação de artistas de unidades da Federação com influência de outras organizações criminosas, sob pena de represálias deliberadas pela facção criminosa.

A ORCRIM contava com o apoio de agentes públicos responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, que agiam sem observância da legislação de posturas e recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.

Durante as apurações, identificou-se também esquema para a introdução de celulares dentro de presídios; bem como, a transferência de lideranças da facção para estabelecimentos de menor rigor penitenciário, a fim de facilitar a comunicação com o grupo investigado que se encontrava em liberdade.

Dois dos principais alvos da operação acabaram sendo presos pela Polícia Federal neste último sábado 1/6, quando desembarcaram em aeroporto do Rio de Janeiro fazendo uso de documentos falsos e posse de grande quantidade de dinheiro em espécie e joias. Posteriormente, foram recolhidos no sistema penitenciária fluminense e também presos por força dos mandados de prisão da presente investigação.

A FICCO/MT é uma força-tarefa composta pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Judiciária Civil e Polícia Militar e tem por objetivo realizar uma atuação conjunta e integrada no combate ao crime organizado no estado do Mato Grosso.

Balanço da operação:

8 prisões preventivas
36 mandados de busca
9 sequestros de imóveis
13 sequestros de veículos
2 afastamentos de cargo público
4 suspensões de atividade comercial
68 bloqueios de contas bancárias

Estadão MT