Facção puniu promoter que teria desviado dinheiro de shows
Suposto responsável pela contabilidade do esquema investigado na Operação Ragnatela, o ex-servidor da Câmara de Vereadores de Cuiabá e promotor de eventos, Rodrigo Leal, teria desviado dinheiro pertencente de uma facção criminosa e foi proibido de promover festas em Mato Grosso pelo prazo de dois anos.
De acordo com a investigação, após o “salve”, Leal postou um stories em seu Instagram informando que daria uma pausa nos eventos por um tempo.
Bem como o fato de ter realizado um show com cantor de funk do estado de São Paulo (MC Daniel), algo fora das diretrizes da facção criminosa
O ex-servidor está entre os presos na operação, deflagrada nesta quarta-feira (5) pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco/MT). Ele movimentou mais de R$ 24 milhões em sua conta pessoal entre os anos de 2021 e 2022.
A ação investiga um esquema de lavagem de dinheiro da facção criminosa através da compra de casas noturnas e realização de shows, em Cuiabá.
“Em continuidade às diligências, já agora no mês de março de 2024, a equipe da Ficco/MT recebeu comunicado de inteligência sobre um salve da liderança do Comando Vermelho em relação a um possível desvio de dinheiro pertencente à facção, realizado por Rodrigo Leal durante a organização dos shows e eventos […]”, diz trecho do documento.
Além disso, no “salve”, os membros da facção citam que ele foi o responsável pelo show do cantor de funk MC Daniel, fora das diretrizes da facção criminosa.
Durante a realização do show, o artista foi sido hostilizado pelo público, que fazia a todo o momento símbolo com as mãos que faz referência à maior facção criminosa de Mato Grosso.
A hostilização se deu pelo fato de MC Daniel ser oriundo do estado de São Paulo, local em que surgiu a facção rival. O cantor teve que sair do local sob escolta.
“[…] bem como o fato de ter realizado um show com cantor de funk do estado de São Paulo (MC Daniel), algo fora das diretrizes da facção criminosa, que possui suas origens no estado do Rio de Janeiro. Consta ainda no referido ‘salve’ a sugestão de proibir Rodrigo Leal de promover eventos em Mato Grosso pelo prazo de 02 (dois) anos”, diz trecho da investigação.
Veja a mensagem do ‘salve’ e postagem de Rodrigo Leal:
Operação Ragnatela
A operação cumpriu oito mandados de prisão preventiva e 36 de busca e apreensão em Mato Grosso e Rio de Janeiro, além do sequestro de imóveis e veículos, bloqueio de contas bancárias, afastamento de servidores de cargos públicos e suspensão de atividades comerciais.
As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá.
O esquema seria chefiado por Joadir Alves Gonçalves, vulgo Jogador, que foi preso.
Também estão entre os alvos o empresário Willian Aparecido da Costa Pereira, o Gordão, que era proprietário do antigo Dallas Bar, o também promotore de eventos Jardel Pires e o vereador Paulo Henrique (MDB). O parlamentar foi alvo apenas de um mandado de busca e apreensão.
A Ficco é composta por Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Polícia Militar de Mato Grosso.[
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