Família cobra perícia das imagens da morte de pioneiro em MT

 

Quatro meses se passaram e a família do pioneiro João Antônio Pinto, de 87 anos, se diz angustiada pela demora na conclusão do caso. O idoso foi morto em 23 de fevereiro por um policial civil em Cuiabá, durante uma suposta abordagem na propriedade da vítima.

Causa estranheza a demora somente na perícia de áudio e vídeo, sendo que são de um dia específico, uma situação específica e com hora certa

Segundo a advogada Gabriela Zaque, que atua na defesa da família do pioneiro, falta a conclusão da principal perícia, a de áudio e vídeo das câmeras de segurança que registraram parte da ação dos policiais e a morte do seu João Pinto.

“Causa estranheza a demora somente na perícia de áudio e vídeo, sendo que são de um dia específico, uma situação específica e com hora certa. É diferente quando você precisa ficar dias procurando por alguma situação”, afirmou.

O documento de requisição da perícia de áudio e vídeo foi enviado à Politec no dia 29 de fevereiro. Nele, o delegado responsável aponta os questionamentos que devem ser respondidos pelo perito que realizaria a análise do material.

A análise está sendo feita em um aparelho de DVR coletado na cena do crime. O objeto é usado para gravar, armazenar e reproduzir imagens em sistemas de monitoramento.

O delegado solicitou que fossem extraídas todas as imagens compreendidas entre 7h e 11 do dia da abordagem.

“Apurou-se que as datas e os horários que eram apresentados no DVR, não estavam coerentes com horário e dia do fato (constando na tela informação de data como: “16-01-1970”; e horário: “22:50:32”), sendo então necessário um estudo do conteúdo do DVR em relação ao acontecido”, diz trecho da requisição da perícia.

O delegado pediu ainda que fosse melhorada a resolução das imagens e nelas trabalhadas com aproximação, “das cenas captadas pelas câmeras, nos momentos chaves da ação que culmina com a morte da vitima”, diz outro trecho.

A análise visa individualizar a conduta de cada policial que esteve presente durante a abordagem, além da visualização de toda a ação.

“Já se passaram quatro meses e essa demora acaba deixando a família angustiada, ansiosa para ver a perícia, para ter notícias do que está sendo feito para averiguar sobre o assassinato do pai deles”.

A advogada disse ter entrado em contato com a delegacia que investiga o caso há quase um mês, mas não ter obtido retorno, além de ter solicitado a oitiva de uma testemunha nos autos do inquérito ao PJE e também não ter tido resposta.

O Ministério Público Estadual concedeu à Polícia o prazo de 120 dias para a conclusão do inquérito. O prazo vence na primeira semana de agosto, no entanto, caso ache necessário, a Polícia pode solicitar novo prazo.

O caso

Seu João foi assassinado no dia 23 de fevereiro, no hangar de sua propriedade localizada na região do Contorno Leste, no Bairro Jardim Imperial, em Cuiabá. O autor do disparo foi feito pelo policial civil Jeovanio Vidal Griebel.

Conforme um dos laudos da Politec, o atirador efetuou ao menos um disparo de arma de fogo a pelo menos 12 metros de distância da vítima e fora do hangar em que o corpo foi encontrado.

Seu João Pinto foi ferido na altura do ombro direito.

Jeovanio foi acionado pelo cunhado Elmar Soares Inácio, com quem seu João teria um litígio fundiário, e em uma viatura descaracterizada e sem mandado, ele foi até a propriedade com outros cinco colegas.

Outro lado

A Polícia Civil se manifestou por meio de nota:

A Polícia Civil informa que o inquérito policial que apura os fatos continua em andamento na Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

A Polícia Civil aguarda o retorno dos celulares que foram encaminhados para a perícia e também o relatório final com a análise de alguns documentos levantados durante as investigações. Com a chegada das informações, o inquérito será encaminhado para finalização.

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