Geller afirma que leilão do arroz foi desorganizado e ignorou orientações técnicas
Após a denúncia de fraude no leilão do arroz, o ex-secretário de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Neri Geller, afirmou que o leilão foi desorganizado. Nesta quarta-feira, 12, Geller contou que o leilão não seguiu o planejamento da comissão. A polêmica teve início após um ex-assessor parlamentar de Geller arrematar lotes do certame.
Diante das denúncias, Geller foi exonerado do cargo nessa terça, 11. No mesmo dia, o Governo Federal anunciou o cancelamento do leilão, afirmando que um novo certame será realizado em breve, com mais transparência.
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“Sem dúvidas [foi desorganizado], tá aí, primeiro que se politizou muito o assunto por parte da oposição, em um momento difícil no Rio Grande do Sul. Faltou organização, faltou orientação. Se você buscar nos anais das reuniões, as posições técnicas não foram seguidas”, afirmou Geller, em entrevista ao canal BandNews.
Após a enxurrada de denúncias, Geller ficou sabendo da demissão pela imprensa. Nessa terça-feira, 11, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que Neri tinha pedido demissão, mas Geller negou essa versão. O ex-secretário também afirmou ao Globo Rural que não tinha mais “clima” para continuar no cargo, que lhe servia também na interlocução do agronegócio com o Palácio do Planalto.
Geller contou que estava em Mato Grosso quando a polêmica iniciou e ‘foi correndo’ para Brasília para conversar com o ministro. Eles não chegaram a uma conclusão e, então, Fávaro foi conversar com o presidente Lula (PT) para definir o futuro de Geller. Fávaro disse que contou ao ex-secretário o que ele e o presidente haviam definido, mas não ligou.
“Ele me falou que estava gerando muita polêmica e realmente a forma como foi conduzido esse leilão de importação, ao meu ver, foi um equívoco. Eu estou tranquilo, não tenho nada para esconder. […] Aí ele [Fávaro] foi ao Palácio, conversou com o presidente Lula e, de lá, ele me ligou que a decisão seria pelo meu afastamento, mas não pela demissão”, disse Neri.
O leilão de arroz teve os lotes arrematados por empresas que não têm histórico de atuação na área. A situação causou revolta em Lula (PT), que tinha planejado o leilão como uma medida positiva, mas acabou se vendo com uma ‘bomba nas mãos’. No Congresso, deputados já estão recolhendo assinaturas para a criação da CPI do Arroz, impulsionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A situação de Geller piorou com a revelação de que a FOCO Corretora de Grãos, participante do leilão, pertence a Robson Almeida de França, ex-assessor parlamentar de Geller na Câmara e sócio do filho do secretário, Marcello Geller, em outras empresas.