Lugar de mulher é onde ela quiser: E na política?

“Lugar de mulher é onde ela quiser” reflete a ideia de que as mulheres devem ter liberdade e capacidade de escolher onde desejam estar e o que desejam fazer, sem serem limitadas por estereótipos ou expectativas sociais tradicionais. Essa visão promove a igualdade de gênero e defende que as mulheres têm o direito de ocupar qualquer espaço — seja no mercado de trabalho, na política, nas ciências, nos esportes ou em qualquer outro campo — assim como têm o direito de optar por serem donas de casa, cuidarem da família ou fazerem qualquer outra escolha pessoal.

No entanto, apesar de constituírem a maioria do eleitorado, dos mesários voluntários e do público que comparece às eleições no Brasil, as mulheres enfrentam desafios significativos para alcançar representatividade política e igualdade de gênero nos espaços de poder. Este artigo explora a situação atual das mulheres na política brasileira, analisando as barreiras enfrentadas, os avanços realizados e as iniciativas em andamento para promover maior participação feminina.

– FIQUE ATUALIZADO: Entre em nosso grupo do WhatsApp e receba informações em tempo real (clique aqui)

– FIQUE ATUALIZADO: Participe do nosso grupo no Telegram e fique sempre informado (clique aqui)

Dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que apenas 45 das 5.568 cidades brasileiras que realizaram eleições municipais em 2020 possuem maioria de mulheres nas câmaras de vereadores. Esse número representa menos de 1% do total de municípios, indicando uma significativa sub-representação feminina nos legislativos municipais.

Em 2016, a situação era ainda mais desfavorável, com apenas 24 municípios elegendo mais mulheres do que homens para as câmaras municipais. Em média, pouco mais de 13% das vagas dos legislativos municipais estavam ocupadas por mulheres. Com as eleições de 2020, esse percentual subiu para 16%, mostrando um avanço, mas ainda insuficiente para alcançar uma representatividade equilibrada. Além disso, 933 cidades não tiveram candidatas eleitas para a vereança e apenas 663 elegeram prefeitas.

A maior parte das cidades com maioria feminina nas câmaras de vereadores são pequenas, com menos de 15 mil habitantes, e, paradoxalmente, são administradas por prefeitos homens. Isso aponta para uma dualidade: enquanto há avanços na representatividade legislativa em pequenos municípios, o poder executivo ainda é majoritariamente masculino.

As mulheres enfrentam diversos desafios para ingressar e se manter na política. Entre eles, estão desafios culturais, econômicos e a violência política. Culturalmente, há estereótipos arraigados que associam liderança política à masculinidade, o que pode dificultar a aceitação de candidatas mulheres pelos eleitores. Economicamente, as campanhas políticas exigem financiamento significativo, e as mulheres muitas vezes enfrentam dificuldades extras para arrecadar fundos e garantir apoio financeiro, devido a desigualdades estruturais de gênero. Além disso, a violência política direcionada às mulheres é uma realidade preocupante, com casos de assédio moral e físico que visam intimidá-las e limitar sua participação ativa na política.

Embora haja progressos na participação das mulheres na política brasileira, os números ainda mostram uma sub-representação significativa. É crucial continuar promovendo políticas e iniciativas que incentivem a participação feminina e garantam igualdade de oportunidades nos espaços de poder. Somente assim será possível alcançar uma representatividade equilibrada e justa, refletindo verdadeiramente a composição do eleitorado brasileiro.

 *Daliana Lucas é especialista em Administração de Agronegócios e Bancária. Instagram: dalianalucasoficial



Estadão MT