Médico relata ameaça e carteirada de vereador em invasão a UTI

O médico Marcos Vinicius Ramos de Oliveira afirmou que foi ameaçado e humilhado pelo vereador Marcrean Santos (MDB), líder do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), durante uma invasão do parlamentar ao antigo Pronto-Socorro da Capital

 

Marcos, que é servidor público da Prefeitura de Cuiabá, detalhou o episódio na manhã desta terça-feira (25), na Câmara Municipal, a convite do vereador Luiz Fernando (União), que também é médico.

 

Marcrean foi à unidade no último dia 9 de junho em busca de informações sobre uma paciente com quem tinha “vinculo afetivo”.

Ele apareceu na UTI querendo informações e me carteirando, me apertando, ameaçando

 

Marcos Vinicius contou que no dia anterior havia atendido a paciente, que estava há 30 dias na unidade, relatando problemas pulmonares. Foram pedidas tomografia e avaliação para uma possível cirurgia.

 

No dia seguinte, Marcrean apareceu na unidade hospitalar querendo informações sobre a paciente. 

 

“Ele apareceu na UTI querendo informações e me carteirando, me apertando, ameaçando, simplesmente porque eu disse que no momento que ele chegou eu não conseguiria atendê-lo, porque eu estava dando assistência a outros pacientes”, disse.

 

“Ele não gostou muito da resposta, acabou entrando na UTI, me ameaçando e gritando. Não observou que dentro da UTI eu estava cuidado de pacientes, inclusive com alguns pacientes despidos”, emendou.

  

O profissional ainda afirmou que, em determinado momento, o parlamentar usou o nome do prefeito Emanuel Pinheiro e do secretário de Saúde, Deiver Teixeira, para tentar intimidá-lo.

 

“Ele falou que iria ligar para os dois. Disse: ‘Você vai ver’, ‘você não está acima de ninguém’. E em momento nenhum me coloquei acima de ninguém, só relatei que no momento a gente não conseguiria atendê-lo por conta dos afazeres, porque estávamos com vários pacientes graves dentro da UTI”, afirmou. 

 

“Ainda disse que no horário de visita daria mais informações e tiraria todas as dúvidas dos familiares, mas ele não aceitou bem a negativa”, emendou.

 

Quebra de decoro

 

Por conta do episódio, quatro pedidos de quebra de decoro parlamentar foram protocolados na Câmara contra Marcrean. Um pelo próprio médico Marcos de Oliveira, um do Conselho Regional de Medicina, e outros dois pelos vereadores Luiz Fernando e Rogério Varanda (PSDB).

 

Ir lá defender e fiscalizar uma pessoa que estava internada, se isso for crime…

Os procedimentos ainda relatam que o vereador teria usado o nome ficticio de “João Maria” para entrar na unidade.

 

O pedido está sendo avaliado pela Procuradoria da Casa de Leis. Assim que tiver um parecer, será remetido à Comissão de Ética que decidirá se prosseguirá ou não com a investigação. 

 

Vereador nega

 

Marcrean afirmou que foi mesmo ao antigo Pronto-Socorro a pedido da família da paciente, com quem tem “vinculo afetivo” e estava tendo dificuldade para ter acesso a informações sobre o quadro da saúde da mulher.

 

O vereador nega a ameaça e que tenha usado nome falso. “Eu não cometi erro, mas se quiser que peço desculpas, peço. Ir lá defender e fiscalizar uma pessoa que estava internada, se isso for crime…”, disse.

 

A paciente a qual o vereador buscava informações acabou morrendo após a cirurgia, no dia 11 de junho.

 

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