Parque da Família definha com destroços, vandalismo e lago imundo

Destroços do que um dia foi uma sala climatizada, buracos espalhados ao longo do alambrado, mesas quebradas, lixo e um lago e córrego de aspectos insalubres chamam atenção no Parque da Família, em Cuiabá, que tem pouco mais de 5 anos de existência.

Abandonado, tiraram o guarda. Caiu bastante a qualidade do Parque desde que abriu

 

Inaugurado em 13 de abril de 2019 na região do Pantanal Shopping, o local pretendia homenagear cerca de 900 famílias que ajudaram na construção da história da Capital e, também, comemorar, à época, os 300 anos da cidade.

 

A obra contou com um investimento de aproximadamente R$ 4 milhões, sendo R$ 1,8 milhão aplicados pelo shopping e o restante de contrapartida do Município.

  

Moradores ouvidos pela reportagem afirmaram que o abandono tem cerca de dois anos.

 

Entre as principais reclamações da comunidade, estão o vandalismo, a falta de segurança e de infraestrutura. Outra queixa é a falta de banheiro, havendo no lugar as cabines químicas.  

 

O chafariz parou de funcionar pouco depois da pandemia e, agora, estaria em uma suposta manutenção.

 

A antiga sala climatizada é o ponto que chama mais atenção, não só por estar localizada na parte mais alta do Parque, mas pelo nível de depredação.

Victor Ostetti/MidiaNews

Parque da Família

Lago coberto por lodo verde e com lixo na margem

 

Do antigo ar condicionado, não restou sequer a tubulação. A porta de vidro foi arrancada, há pichações nas paredes, quebradeira e um pequeno cômodo com odor de dejetos humanos, que possivelmente é usado como banheiro.

 

Um morador conta que nos últimos seis meses pessoas invadiram e roubaram a sala, além de usá-la para consumir drogas e fazer sexo, transformando o local em um “pequeno motel”.

 

O problema foi levado para a Prefeitura, que resolveu tirar as paredes do local.

 

Lago de Chernobyl

 

O lago ao lado do córrego que corta o Parque, segundo os moradores, não recebe tratamento algum e hoje apresenta um aspecto repulsivo.

 

Ele é coberto por uma extensa camada de lodo verde e uma mancha que parece de óleo. É possível ver ainda sacos plásticos jogados no entorno do lago.

 

“É natural que isso aconteça em períodos de seca, quando a água baixa. O que eu lamento é que não tenha um tratamento desse córrego que mantenha cheio o lago o tempo todo, porque ele só é mantido pela chuva”, afirmou Cristian de Almeida Barbosa, de 30 anos, morador da região há 2 meses.

 

A falta de chuvas neste ano impediu que o lago enchesse e a previsão é de que, com o período de estiagem, ele acabe secando de vez.

 

Insegurança

 

Morador do bairro Bela Vista há 40 anos, José Gonçalo, de 70, diz ser frequentador assíduo. “Gosto de ficar na sombra aqui do Parque, fico olhando o movimento”, disse.

 

Ele relembra o período de inauguração e diz que, apesar de não ter medo de ficar lá, falta segurança. “Abandonado, tiraram o guarda. Caiu bastante a qualidade do Parque desde que abriu”, afirmou.

Victor Ostetti/MidiaNews

Parque da Família

Depredação de sala que era climatizada e está depredada

 

Conforme outra fonte que preferiu não se identificar, nem mesmo as plantas passaram ilesas do vandalismo.

 

“Cheguei e as plantas estavam todas jogadas, e até as grades do chafariz que são de ferro estavam arrancadas. Acho que tentaram furtar e não conseguiram levar”, disse.  

 

Para Cristian de Almeida, “é lamentável ver que sempre tem os vândalos que destroem” o patrimônio. Apesar disso, ele afirma frequentar o parque sempre que pode.

 

Segundo outro morador, somente após dois anos de abando e com muita cobrança da comunidade, a Prefeitura começou a tomar providências.

 

Em frente ao que restou da antiga edificação, é possível ver uma pilha de tijolos, além de um anexo em construção.

  

Grande potencial

 

Mãe e filha, moradoras de Goiânia, Suzana e Rosana Ferreira, de 80 e 59 anos, disseram estar pela primeira vez no Parque e, apesar da impressão ter sido boa logo de cara, falta sombra para as crianças brincarem.

 

“Sombra para as crianças. Acho que em tudo que é lugar se esquecem que criança precisa de sombra. O parquinho ali, por exemplo, está todo no sol”, disse Rosana.

 

“Passei por aqui em 1975, era só mato e hoje está muito mais desenvolvido”, afirma Suzana.

 

Teve início, recentemente, uma obra para reparar os danos constatados na sala climatizada.

 

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura para falar sobre a situação e a obra e não obteve retorno. 

 

Veja:

 

 



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