MPE: mulher morta era ligada a esposa de chefe de facção em MT

A assistente administrativa Jusiley Borges Pinto, de 46 anos, que foi encontrada morta na última quarta-feira (21) no porta-malas de seu carro, em Várzea Grande, era ré na Justiça por suspeita de integrar facção criminosa e lavagem de dinheiro. Ela supostamente fazia repasses financeiros aos familiares de faccionados presos.

 

Pessoa responsável por realizar os pagamentos para a locação do imóvel (…) do Condomínio “Brasil Beach”

Na denúncia do Ministério Público Estadual, consta que Jusiley foi presa em março de 2023, na Operação Ativo Oculto, da GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado) da Polícia Civil. 

 

Outras 33 pessoas também foram presas, como Thaisa Souza de Almeida Silva Rabelo, esposa de Sandro da Silva Rabelo, o “Sandro Louco”, o líder da principal organização criminosa no Estado.

 

Segundo o MPE, Jusiley “seria a pessoa responsável por realizar os pagamentos para a locação do imóvel (…) do Condomínio ‘Brasil Beach’, tendo sido apontada (…) como aquela que efetuou o pagamento do valor, em espécie, de R$ 24.000,00 referentes a caução da locação do referido imóvel”. O apartamento, conforme as investigações, era ocupado por Thaisa. 

  

Ainda de acordo com o documento, Jusiley atuava como “secretária” da advogada e ex-servidora pública da Prefeitura de Várzea Grande, Adriana Borges Souza da Matta, que também foi presa na operação.

 

“Da denúncia pode se extrair que a acusada Jusiley, como secretária da corré Adriana, entre os meses de março/2022 a outubro/2022, realizou os pagamentos, por meio de PIX, do aluguel, água e energia da residência de Thaisa no condômino Brasil Beach, bem como frequentava a residência da acusada Thaisa até poucos dias antes das prisões”, escreveu o juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra.

 

“Nessa senda, verifica-se que Jusiley foi apontada como “secretária da Dra Adriana”, que em companhia de Thaisa e da Dra. Adriana, realizaram visita no apartamento mencionado”.

 

Além de Jusiley, também foram denunciados sua esposa Elaine Cristina de Oliveira e o enteado Enzo Gabriel José de Oliveira. Na representação, consta que ambos teriam realizado pagamentos para locação do apartamento no condomínio Brasil Beach.

 

“Assim, apurou-se o suposto vínculo entre Jusiley Borges Pinto, Elaine Cristina de Oliveira e Enzo Gabriel José de Oliveira no Relatório de Informação n° 0043/2023/CA/GAECO/MT. Insta salientar que Jusiley e Elaine possuem união estável legalmente reconhecida e, que, Enzo Gabriel é filho de Elaine, e conforme apontou a autoridade investigativa, segundo diligências in loco, os investigados Jusiney, Elaine e Enzo residem no mesmo domicílio”. 

 

Foi ainda constatado que Jusiley, Adriana, Elaine e a advogada Diana Alves Ribeiros também realizavam pagamentos de outras propriedades que estavam em nome de Thaisa.

 

“[…] Thaisa, aparentemente, movimentava vultosas quantias em espécie, ocultando e dissimulando a origem de bens, advindos dos crimes praticados pela organização criminosa, tais como roubos, estelionatos e tráfico de drogas”.

 

“Isso porque, mesmo sem vínculo empregatício ou fonte de renda lícita, a denunciada possui uma Toyota/Hilux […], avaliada em R$ 300.000,00, além de propriedades na zona rural e reside em locais de alto padrão, cujos pagamentos ocorrem sempre com dinheiro em espécie e com o auxílio de terceiros, principalmente das advogadas Adriana Borges Souza da Matta e Diana Alves Ribeiro, além dos denunciados Jusiley Borges Pinto e Elaine Cristina de Oliveira”.

 

No dia 24 de abril de 2023, por decisão do juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, Jusiley foi colocada em liberdade, uma vez que o MPE não requereu a conversão da prisão temporária em preventiva.

 

“[…] Concluídas as investigações e escoado o prazo estipulado, não houve pedido de prorrogação ou conversão em prisão preventiva por parte da Autoridade Policial ou do Ministério Público, de modo que, acaso ainda permaneçam presos, determino que sejam colocados, imediatamente, em liberdade os investigados”, escreveu o magistrado.

 

O encontro do corpo

 

Conforme a Polícia Militar, parentes de Jusiley informaram que ela estava desaparecida desde às 16h de terça-feira (20), e não conseguiram encontrá-la pela localização de seu veículo, um Nissan Kicks. 

 

Assim, eles pediram auxílio do comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, que por volta da 0h localizou o carro no pátio do Posto Mirian, no Bairro Ouro Verde. O corpo dela, segundo o boletim de ocorrência, estava no porta malas.

 

 



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