Tenho certeza que esse coronelismo não vai existir mais em VG
Advogada e ex-presidente da OAB-VG, Flávia Moretti (PL) entrou na disputa pela Prefeitura de Várzea Grande apontando os problemas da gestão de Kalil Baracat (MDB), que tenta a reeleição, e alfinetando a família Campos.
Há 67 anos existe uma história na política em Várzea Grande coordenada pela família Campos. Eu acho que perderam força eleitoral, tenho certeza que esse coronelismo não vai existir mais
Em conversa com o MidiaNews, ela disse que, caso vença o pleito, será o fim do “coronelismo” no município. Para ela, a família Campos vêm “perdendo popularidade”.
“Há 67 anos existe uma história política em Várzea Grande coordenada pela família Campos, Baracat, Barros, pelas famílias que fundaram o município. Eles sempre coordenaram o poder político. Quando o Júlio Campos e Jayme não eram prefeitos, era alguém da família deles, como acontece com o Baracat hoje”, disse.
“Eu acho que eles perderam força. Perderam muito. Tenho certeza: esse coronelismo não vai existir mais. Tenho certeza que vou fazer a mudança dessa perspectiva política”, acrescentou.
Moretti afirmou que o município sofre com falta de água devido à má gestão e planejamento de Kalil. Ela afirmou que a ineficiência no atendimento de Saúde também é um problema crônico.
“A Saúde Pública está muito precária. É um caos. São cinco horas esperando atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento. Não tem dipirona nos postinhos. Padece a pessoa mais pobre e vulnerável”, afirmou.
A candidata, ainda, disse que os atuais vereadores são inertes e que acredita em uma renovação completa do legislativo nas eleições deste ano. E disse que, se eleita, não vai ceder aos “caprichos” dos parlamentares.
Confira os principais trechos da entrevista:
MidiaNews – A senhora é advogada. O que a motivou em entrar para política e se candidatar a prefeita?
Flávia Moretti – Quando comecei a ver a necessidade de Várzea Grande mudar efetivamente a gestão pública. Moro em Várzea Grande há 22 anos, acompanhei na OAB as gestões públicas e, do ano passado para cá, percebi que a cidade não estava tendo crescimento nenhum. Só empobrecimento.
Passou a pandemia e Várzea Grande mais empobrecida ainda, mais estagnada economicamente. A gente continua vendo os mesmos problemas, a falta d’água, o empobrecimento, a economia parada, a população reclamando de transporte.
E eu olhei aquilo e pensei “por que não?”. Tive, inicialmente, o convite do Tião. Tenho preparo, tenho conhecimento técnico, jurídico, sou moradora, sou cidadã várzea-grandense.
Temos que começar a mudar a política na nossa cidade. Se eu estou ali, por que não virar política? E aí vim para a política partidária, por ter enxergado que Várzea Grande precisa mudar a forma de fazer política.
MidiaNews – Uma das propostas do Kalil era resolver o problema da falta de água.
Flávia Moretti – Mentiu, porque quem trouxe a Estação de Tratamento de Água (ETA) não foi ele, foi o Governo do Estado. Só que ele (Kalil) esqueceu de planejar. Se você vai captar água, vai distribuir como? Não pode. Como você vai passar um bitrem em uma estrada de Terra?
Victor Ostetti/MidiaNews
Moretti afirmou que Kalil mentiu ao prometer que resolveria o problema da falta de água em Várzea Grande
O bitrem vai derrubar toda a soja, vai estourar pneu, não vai passar. A água se perde no meio do caminho hoje. Na Couto Magalhães ficou uma semana com vazamento na frente do Bradesco. Uma semana vazando água tratada, um desperdício. O Kalil não resolveu o problema da água por falta de planejamento e gestão.
Ele tem 14 anos no governo. Em 2012, ganhou como vereador. Quando Lucimar Campos assumiu, ele entrou como secretário de desenvolvimento urbano. Depois foi secretário de governo, sempre na cúpula do governo Lucimar. Agora é prefeito. Ele poderia ter planejado se estava dentro da cúpula.
A cúpula sabendo que está planejando a ETA, que também não foi feita de uma hora para outra, tinha que ter planejado para fazer a devida rede de distribuição de água, feito diagnóstico.
O que ele fez? O DAE contratou uma empresa caríssima para fazer um monte de poços artesianos nas escolas municipais. Resolveu o problema da escola, só que no entorno não tem água.
Primeiro que tem muitos bairros que não têm a distribuição com a ETA. Estão por poços ainda. Nessa época do ano, o poço seca e não consegue abastecer as casas. Tem esse problema.
Nos bairros onde não chegava água nunca, os canos estão estourados. Outro problema são bairros novos, que o município autorizou, mas a construtora fez uma ligação de péssima qualidade, como o bairro Paiaguás. Com um asfalto de péssima qualidade, os canos não suportaram a chegada da água e nem a linha do ônibus e fica tudo estourado.
Têm aquelas regiões mais antigas de Várzea Grande que os canos são defasados, não conseguem atender.
MidiaNews – O DAE tem uma dívida que passa de R$ 100 milhões. Como resolver esse déficit orçamentário?
Flávia Moretti – A minha proposta com o DAE é fazer a concessão privada. Mesmo com tanta dívida e problema de distribuição, as empresas têm interesse, porque água vale ouro. Esgoto vale diamante. É muito dinheiro jogado fora.
Muitas empresas querem, tem “know how” no Brasil e no mundo. Querem fazer distribuição de água, tratar a água, distribuir, ganhar o lucro dela e ainda investir para o consumidor, porque ela recebe.
MidiaNews – O que você diria para o várzea-grandense que sofre com a falta de água?
Flávia Moretti – Me apresento como a maior proposta de transformação e mudança de Várzea Grande. Não podemos mais conviver sem água na torneira, com ônibus cuja porta está caindo em cima dos usuários, atrasando, quebrando no meio do caminho, superlotados ou com ônibus faltando.
Somos a segunda cidade mais populosa de Mato Grosso. Estamos ao lado da capital, na região metropolitana. Podemos fazer muito mais por Várzea Grande se mudarmos a política. Estou aqui me colocando como candidata prefeita para fazer esse trabalho, de fazer uma gestão de resultado e efetividade para o município. Vamos despertar para a mudança.
MidiaNews – Diversas vezes a senhora ja citou o “coronelismo” da família Campos sobre Várzea Grande. Pode explicar melhor de que forma isso ocorre?
Flávia Moretti – Há 67 anos existe uma história política em Várzea Grande coordenada pela família Campos, Baracat, Barros, pelas famílias que fundaram o município. Eles sempre coordenaram o poder político de Várzea Grande. Quando o Júlio Campos e Jayme não eram prefeitos, era alguém da família deles, ou alguém que eles apadrinhavam, como acontece com o Baracat hoje.
Então, sempre teve esse comando do coronelismo em Várzea Grande. Diferente de Cuiabá, que já teve prefeitos de várias ideologias, que vieram da educação, do empresariado… E outros municípios do Brasil e Mato Grosso que tiveram desenvolvimento da política e alternância de poder.
São 67 anos de história comandada por esse grupo político em Várzea Grande. Tem vereador lá que é primo do Jayme, que ficou seis mandatos, colocou o sucessor dele que era um cabo eleitoral e agora é vice do Kalil… É uma dinastia dentro da Câmara e Prefeitura. Coisas que a gente só vê no reino de Várzea Grande.
É um povo sofrido, que não fala de política, porque trabalha o dia todo, não tem tempo para pensar. Ainda sofre na hora que chega em casa e não tem água.
MidiaNews – Se vê como fator novo?
Flávia Moretti – Nós temos que votar e mudar a política de Várzea Grande, então não tem que ter medo do novo. O novo está trazendo mudança, transformação. Temos que mudar, é por isso que estou fazendo uma ruptura política em Várzea Grande. Eu venho para propor o novo. Eu sou uma nova política e eu vou lutar pelo meu município, porque os que passam ali são políticos pegando votos na época da eleição estadual, ganham o mandato e esquecem o município.
Eu não falo do coronelismo só por si. Eles estão me atacando e eu me defendo. Eu não posso ser política? Por quê? Por que eu sou mulher? Por que eu nunca fui política? Posso ser a prefeita da cidade e vou ser. Eles não podem querer mandar.
Um dia eu ouvi de uma atual vereadora que não chegaria em lugar nenhum se eu não me aliasse com eles. Isso é um absurdo!
MidiaNews – Não vê qualidade na trajetória de muitos anos da família Campos em Várzea Grande?
Eles foram deputados, senadores, governadores, prefeitos e não fizeram nada estruturalmente para a nossa cidade. Muito pelo contrário, deixaram nossa cidade crescer de forma desregulada com invasões
Flávia Moretti – Não vejo, porque o único viaduto que tem em Várzea Grade foi eu quem brigou com a Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) em 2012 para ter.
Várzea Grande teve a duplicação da guarita, da Mário Andreazza, da ponte Sérgio Mota por conta de outros governadores. Nenhum foi o governador Jayme Campos ou Júlio Campos. A nossa BR não tem um viaduto de travessia.
Agora que o Governo do Estado deu a ordem de serviço, mas o governo é Mauro Mendes, não é Júlio e nem Jayme. Eles foram deputados, senadores, governadores, prefeitos e não fizeram nada estruturalmente para a nossa cidade. Muito pelo contrário, deixaram a nossa cidade crescer de forma desregulada com invasões.
Muitas indústrias que tiveram na cidade foram embora. As que estão lá são heróis da resistência. Várzea Grande está em um estado de calamidade.
MidiaNews – Apesar das críticas sobre a família Campos, ela ainda tem força eleitoral da cidade. Porque isso acontece?
Flávia Moretti – Eu acho que perderam [força eleitoral]. Perderam muito. Temos muitos moradores de Várzea Grande que migraram do interior, migraram de Cuiabá, com os imóveis mais em conta.
Muitas pessoas migraram e viram o caos que é Várzea Grande sem água. Tenho certeza que esse coronelismo não vai existir mais. Tenho certeza que vou fazer a mudança dessa perspectiva política em Várzea Grande.
Isso existiu, porque o povo de Várzea Grande é sofrido, trabalhador, que vem para Cuiabá, passa o dia todo e, quando volta, tem o problema da falta de água… Tem que comprar, resolver. Aí ele [cidadão] não pensa na política.
Olha o que aconteceu na eleição passada. O Flávio Frical [PL] foi oposição. Veio o Kalil, sucessor dos Campos e com apoio intensivo dos Campos, como é hoje. Aí veio o Emanuelzinho [MDB] para dividir voto do Flávio e disputar a eleição.
Hoje, o cenário é diferente, apesar de ter quatro candidaturas, a polarização entre eu e o Kalil é bem alta, por isso acredito que Várzea Grande vai dar resposta de que quer a mudança.
MidiaNews – Sente que a população teme contrariar a família Campos?
Quem teme a família Campos é quem está do lado deles. Quem está com cargo, com salário na Prefeitura, empresas com grandes contratos que não querem aparecer
Flávia Moretti – Não, quem teme a família Campos é quem está do lado deles. Quem está com cargo, com salário na Prefeitura, quem tem contratos, empresas com grandes contratos, que não querem aparecer. São poucos, não são muitos.
Até falo que os contratados, se são técnicos e estão fazendo coisa [trabalhando], a engrenagem da prefeitura continua. Temos que ver os imóveis de contrato da prefeitura. Se o imóvel é importante, necessário, tem que manter. A engrenagem da prefeitura não acaba com a mudança de gestão. O que acaba é a visão de gestão.
MidiaNews – Os opositores dizem que a senhora é inexperiente por não ter assumido um cargo de gestão anteriormente. Como responde a essas críticas?
Flávia Moretti – Qual experiência Kalil tinha quando assumiu gestão pública? Ele nem curso superior tem. Eu sou advogada, fui presidente da OAB por 12 anos, trafeguei na gestão pública, fui secretária de desenvolvimento urbano e deixei legados incalculáveis ao município.
O tanto de emprego que gerei liberando o shopping para ser construído, lojas Havan, hipermercado Extra e as leis que deixei para poder ter Atacadão, Comper, Assaí… Não tenho experiência? Quem não tem experiência é o Kalil. Que curso superior que ele tem? Nenhum.
MidiaNews – Também há críticas em relação ao seu vice, Tião da Zaelli. Quando ele foi prefeito, deixou o cargo antes do mandato encerrar. Não acha que a população tem receio de tê-lo novamente no comando da cidade?
Flávia Moretti – Não, quem tem receio de ter Tião junto comigo na gestão é a velha política, que cria fake news. O Tião saiu, renunciou, porque não queria participar dessa velha política, desses conchavos que eles queriam fazer.
O Tião saiu, renunciou, porque não queria participar dessa velha política, desses conchavos que eles queriam fazer
O povo de Várzea Grande, quando vou para rua, adora o Tião. Servidores públicos adoram o Tião. Foi o que mais valorizou o servidor, que mais atendeu as necessidades deles. O prefeito que mais fez para as crianças nas creches. Na época dele tinha comida farta na merenda escolar.
Ele ficou pouco tempo, um ano e dois meses. Eles que estão há 67 anos vão falar de Tião, colocar na cruz? Eles criam terrorzinho porque não querem ver Tião comigo no poder. Não querem ver uma Flávia Moretti, porque quem está lá sabe o que fiz dentro da OAB junto das gestões públicas do município.
Estão falando de Tião e, para mim, não muda nada. A população adora o Tião da Zaelli. Ele tem história pelo município, é competente, arrecada os impostos dele, gera renda, emprego. Eu também.
MidiaNews – Como analisa os vereadores da Câmara de Várzea Grande?
Flávia Moretti – Inerte. Dos 21, 20 inertes. Porque um eu sei que faz oposição, mas uma andorinha não faz verão. São 20 vereadores inertes que não servem pra nada na Câmara Municipal. Servem só para lamber e passar mão na cabeça do prefeito.
MidiaNews – Tem expectativa de que os vereadores não se reelejam?
Flávia Moretti – Espero que saiam. Espero que a população abra o olho, não se venda e veja que eles deixaram de cumprir o papel de vereadores, que a população renove a Câmara. Vote em novos, que realmente queiram fazer a diferença, porque esses que estão já deram o que tinha que dar.
MidiaNews – Caso seja eleita, como manter uma boa comunicação e um plano de gestão com a Câmara?
Flávia Moretti – Faremos uma gestão em prol da sociedade. O vereador não vai falar não e deixar de acompanhar naquilo que for em prol da comunidade. Veja o Departamento de Água e Esgoto (DAE), se eu tiver que passar uma lei para mudar a gestão, estou mostrando que quero fazer diferente.
Acredito que o vereador acompanhe e, senão, quem vai medi-lo é a sociedade. Não vou ceder a caprichos de vereadores. Eles têm que entender que estamos juntos para fazer um município diferente, para melhorar a vida da sociedade e não a vida e o capricho deles.
MidiaNews – Além da falta de água em Várzea Grande, que é apontada como um problema crônico, quais são os outros problemas emergenciais da cidade?
Flávia Moretti – A Saúde Pública lá está muito precária. É um caos. São cinco horas esperando atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento. É senha para atendimento, sendo que não existe senha para saúde.
Victor Ostetti/MidiaNews
Segundo a candidata, as unidades de saúde enfrentam falta de remédios e lentidão no atendimento
Depois que comecei a falar, acho que eles vão cortar a senha, mas era senha para você ser atendido. Você chegou, os vinte primeiros atendiam enquanto os outros vinte esperam o plantão do outro médico. Não existe isso. Saúde é para todos.
Não tem como controlar quantas pessoas pegam uma virose ou passam mal de pressão alta. Você tem que atender, tem que ser porta aberta. Então a nossa Saúde de Várzea Grande é um caos. Precisa melhorar muita coisa, desde a gestão administrativa, as unidades de saúde, aparelhar, colocar mais médicos.
MidiaNews – Essa ineficiência na Saúde chega a ser cruel com os cidadãos?
Flávia Moretti – Crueldade e falta de dignidade. É crueldade mesmo. Ontem ainda conheci a filha de um cara que caiu morto na UPA, porque ficou sem atendimento. Ele já tinha ido duas vezes na UPA, chegou lá, teve infarto fulminante e morreu.
Realmente é uma crueldade, uma inoperância do poder público. O pior é, que quando teve aqui em Cuiabá situações caóticas da Saúde, a Câmara Municipal interveio, o Ministério Público interveio, fez Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
Em Várzea Grande parece o reino encantado. O vereador não abre nada, não pede CPI, não faz investigação. Fica tudo como reino encantado. Está tudo maravilhoso?
Só o povo sofrendo, sem a saúde e atendimento. O Ministério Público não faz nada contra o prefeito, contra os vereadores, contra o secretário de saúde.
Todo mundo fica achando maravilhoso e não está. Não tem dipirona nos postinhos.
Hoje mesmo estive com uma cidadã que falou que foi para a UPA e não tinha dipirona. Padece a pessoa mais pobre e vulnerável.
MidiaNews – Uma das questões mais preocupantes em Mato Grosso é a segurança pública. No seu plano de governo, defende ampliar o efetivo da cidade. Como fazer isso?
Flávia Moretti – Para ampliar o efetivo da segurança pública, começo pela Guarda Municipal, que já tem um concurso em andamento, mas é preciso aumentar, estruturar melhor a guarda com comunidades nos bairros, levar a guarda para os bairros onde temos maior índice de criminalidade.
Não levar a guarda apenas para coibir, para punir, mas para participar das atividades comunitárias. Levar também serviços públicos, porque tem muitos bairros que estão à margem do poder público
Não levar a guarda apenas para coibir, para punir, mas para participar das atividades comunitárias. Levar também serviços públicos, porque tem muitos bairros que estão à margem do poder público.
São bairros que o poder público não entra, não põe escola, não põe creche, não gera emprego, não põe serviços. Precisamos entrar nessas comunidades em forma de serviço público. E aí você vai ganhar comunidades e reestruturar. Assim acontece no Brasil todo, porque quando você tem a ausência do poder público, outra pessoa toma a liderança.
A Guarda, junto com outros serviços do município, estarão na comunidade. Isso não é impossível. Com um bom trabalho, uma boa gestão e um bom planejamento é possível colocarmos em Várzea Grande e mudar a realidade de muitos bairros.
MidiaNews – A senhora disse que a criminalidade se prolifera quando o poder público não oferece assistência às comunidades. Vê essa situação na gestão de Kalil?
Flávia Moretti – Sim, a ausência do poder público em quase todas as regiões de Várzea Grande reflete isso. Acontece isso a partir do momento que você não está com o poder público porque a área não é regularizada ou entenderam que “não precisa” mexer no bairro. A inoperância dele está em todos os cantos de Várzea Grande.
MidiaNews – Pode comentar mais a respeito da rede de distribuição de água na cidade? Alguns políticos dizem que ela está arcaica e ineficiente.
Flávia Moretti –
Victor Ostetti/MidiaNews
Moretti sugeriu a privatização do DAE e disse haver empresas interessadas em melhorar a distribuição de água em Várzea Grande
MidiaNews – A senhora disse ter inveja de cidades como Sinop, devido ao avanço estrutural e econômico. Por que Várzea Grande não teve esse desenvolvimento nos últimos anos?
Flávia Moretti – Por falta de interesse da gestão pública de fazer a coisa certa, porque não tem um saneamento básico, não tem água, não tem a rede de esgoto. Para uma construtora investir em um condomínio, tem que fazer a estação de tratamento, pedir autorização para fazer poço de água, dependendo a Secretaria de Meio Ambiente não autoriza, dependendo da localização. Então é complicado, fica caro e oneroso.
Se ele colocar um prédio de 20 andares em Várzea Grande, o condôminos vão reclamar que não tem água para abastecer.
MidiaNews – Enxerga em Várzea Grande o potencial de se tornar uma cidade brilhante?
Flávia Moretti – Enxergo. Se passarmos por uma gestão de resultado, trabalho efetivo em prol de acontecer o serviço, em poucos anos Várzea Grande dará uma boa recuperada no cenário estadual e, quiçá, no cenário nacional.
Tenho no meu plano de governo a proposta de criar uma central aduaneira para despachar a documentação da madeira, porque somos a logística. A madeira do Estado chega aqui, em Várzea Grande, e às vezes o caminhoneiro fica dias nos portos, esperando para fazer a regularização do despacho da madeira.
Eu coloquei no meu plano a possibilidade de criar um despacho aduaneiro para sair daqui regularizado para exportação. Com a vinda do Parque Tecnológico, quero trazer incubadoras principalmente na linha têxtil do algodão e estudo da soja para criarmos próximo à região do Chapéu do Sol um centro industrial do agronegócio.
Vamos buscar empresas têxtil, porque nós fazemos algodão. Fazemos o fio do algodão em Campo Verde, podemos fazer o tecido em Várzea Grande. É bem interessante.
O gestor tem que ir atrás do que ele quer trazer para o município. Ele não pode ficar no gabinete esperando vir. Tem que ir lá buscar, fazer acontecer.
Assista a entrevista: