“A eleição mostrou que o eleitor está independente e muito sabido”

O governador Mauro Mendes (União) avaliou que o recente recado das urnas foi transparente: “Essas eleições demonstraram, com muita clareza, que o eleitor está independente, autônomo e sabido“.

 

Não adianta qualquer conversa, candidato ou tipo de argumento para que ele engula. Ele tem capacidade de analisar e decidir pelas informações que recebe pela mídia e, principalmente, pelas redes sociais“, completou.

 

Dizem que a gente aprende mais com as derrotas do que com vitórias. Eu perdi duas eleições e tive tempo para sentar, refletir, pensar no que aconteceu e porque não ganhei

Vitorioso em Mato Grosso, Mendes foi o governador do União Brasil, partido que lidera, que mais elegeu prefeitos no país, 60 no total.

 

Mesmo com o bom desempenho, seu grupo não conseguiu colocar o deputado estadual Eduardo Botelho (União) no segundo turno em Cuiabá, que está sendo disputado entre Abílio Brunini (PL) e Lúdio Cabral (PT).

 

“A polarização entre esquerda e direita seguramente prejudicou o Eduardo Botelho e, obviamente, nunca se perde ou se ganha por causa de um único motivo. Quem diz isso é porque não conhece a complexidade e a profundidade de um processo eleitoral”, ponderou.

 

Instado a fazer uma autocrítica pelo grupo político, Mendes acredita que não houve “salto alto” na derrota em Cuiabá. 

 

“Porque nunca vi ninguém próximo de nós achar que ganhávamos em primeiro turno. Eu disse muitas vezes que seria uma eleição difícil. Alguns desavisados ou até inexperientes poderiam imaginar que fosse uma eleição fácil. Eu nunca imaginei. Próximo de mim, nunca vi ninguém falando sobre isso, entretanto erros foram cometidos, senão a vitória teria vindo”, disse.

 

Em entrevista exclusiva ao MidiaNews, em seu gabinete no Palácio Paiaguás, na última quarta-feira (9), Mendes falou sobre política, cenário nacional, eleições de 2026 e reiterou que considera as “leis frouxas” no país.

 

Confira os principais trechos da entrevista (e a íntegra no vídeo abaixo do texto):

 

MidiaNews – O senhor foi o governador filiado ao União que mais elegeu prefeitos no país. Foram 60 prefeituras, o que dá quase 43% dos prefeitos de Mato Grosso. Mas seu grupo não conseguiu fazer o deputado Eduardo Botelho chegar ao segundo turno em Cuiabá. Como fica a força política do grupo com o resultado dessas eleições.

 

 

 

Mauro Mendes – Primeiro temos que reconhecer que essas eleições municipais tratam de assuntos locais dentro de cada município e tratam também dos candidatos que estão se apresentando perante a sociedade. As eleições não eram sobre a performance do governador Mauro Mendes ou do Governo que, diga-se passagem, está indo no caminho correto.

 

O resultado da União Brasil foi bom, fizemos o maior número de prefeituras entre todos os Estados, proporcionalmente. Em Mato Grosso temos, além dos prefeitos do União, dezenas deles, ou a grande maioria absoluta, tem relações com o Governo do Estado ou são de partidos muito próximos de nós, porque política não se faz apenas com o seu partido, se faz necessariamente com o cidadão e com a sociedade.

 

Essas eleições demonstraram, com muita clareza, que o eleitor está independente, autônomo e sabido. Não adianta colocar qualquer conversa, candidato ou tipo de argumento para que ele engula. Ele tem capacidade de analisar e decidir pelas informações que recebe pela mídia e, principalmente, pelas redes sociais.

 

A polarização entre esquerda e direita seguramente prejudicou o Eduardo Botelho e, obviamente, nunca se perde ou se ganha por causa de um único motivo

MidiaNews – O senhor foi bem incisivo, e pragmático, ao dizer que o Botelho não foi para o segundo turno porque não soube conquistar o eleitor. O senhor não acha que faltou um pouco mais de comunicação direta com o eleitorado, inclusive sobre alguns temas polêmicos, como a questão dos contratos da família com a Prefeitura e aquele termo de não persecução penal que ele assinou? Não faltou ele entrar numa sintonia maior e se justificar em relação a esses temas?

 

Mauro Mendes – A polarização entre esquerda e direita seguramente prejudicou o Eduardo Botelho e, obviamente, nunca se perde ou se ganha por causa de um único motivo. Quem diz isso é porque não conhece a complexidade e a profundidade de um processo eleitoral. Nele estão envolvidas milhares e centenas de milhares de pessoas e cada ser humano tem uma forma de analisar.

 

Para um, uma coisa é importante, para outro não é, é outra coisa. A polarização influenciou, mas o excesso de ataques que ele recebeu, a forma como isso foi explicado e outros elementos que compõem a análise e a decisão do cidadão, tiveram influência no resultado final.

 

MidiaNews – Fazendo uma autocrítica, o senhor não acha que o grupo se comportou com um pouco de “salto alto”?

 

Mauro Mendes – Eu acho que não, porque nunca vi ninguém próximo de nós achar que ganhávamos em primeiro turno. Eu disse muitas vezes que seria uma eleição difícil. Alguns desavisados, ou até inexperientes, poderiam imaginar que fosse uma eleição fácil. Eu nunca imaginei. Próximo de mim, nunca vi ninguém falando sobre isso, entretanto erros foram cometidos, senão a vitória teria vindo.

 

MidiaNews – O grupo vai tirar algumas lições disso?

 

Mauro Mendes Dizem que a gente aprende mais com as derrotas do que com vitórias. Eu perdi duas eleições e, quando perdi as duas primeiras, tive tempo para sentar, refletir, pensar no que aconteceu e porque não ganhei.

 

Quando ganhei, no dia seguinte eu tinha que trabalhar para começar a me preocupar com os novos problemas que teria da minha vida, que seriam os problemas da administração pública de uma prefeitura ou de um Estado. E aí, talvez, falta tempo para analisar porque ganhou. A alegria te contamina quando você tem uma vitória. E na euforia, muitas vezes, falta tempo para fazer reflexões mais profundas.

 

Por isso que nesta derrota, tenho certeza, que todo o grupo deverá aprender bastante.

 

 

 

MidiaNews – Já deu para tirar alguma reflexão?

 

Mauro Mendes Como governador, no dia seguinte eu já tinha uma agenda gigante de problemas, de assuntos relevantes, mas estou refletindo e, para mim, está claro que o cidadão está muito autônomo, que o eleitor está muito sabido e que temos que nos preocupar muito com os candidatos que apresentamos, com a qualidade dos argumentos que levamos, porque senão, não é com muita conversa, não é com cabo eleitoral na rua que você vai mudar a opinião que as pessoas formam.

 

MidiaNews – O resultado das eleições de Mato Grosso reforçou o perfil de direita e mais conservador do eleitor. O PT foi varrido no Estado, não fez nenhuma prefeitura, e o PL elegeu 21 prefeitos. Nesse espectro ideológico, o senhor em tese é mais centro-direita. O senhor pretende tomar um posicionamento público em relação a quem apoiar nesse segundo turno?

 

Vou decidir primeiro meu voto e, depois, se vou participar apoiando, mas, se for, muito provavelmente, será no centro-direita

Mauro Mendes – A primeira decisão que tomamos no dia seguinte às eleições foi um posicionamento do União Brasil. Eu, pessoalmente, liguei para diversas lideranças do partido e todas, de formas unânime, inclusive o Eduardo Botelho, se pronunciaram no sentido de manter o partido liberado para que cada filiado, cada líder, tome o rumo que bem entender.

 

Me considero, sim, uma pessoa de centro, mais à direita, nunca gostei do radicalismo de nenhum dos extremos, seja de esquerda ou de direita. A virtude sempre esteve no equilíbrio, mas me considero centro-direita e entendo que, nesse momento, a política no Brasil tenderá a caminhar nessa direção. Aqui em Cuiabá vou precisar de mais alguns dias para refletir o que é a melhor posição para governar Cuiabá.

 

Já adianto, independente de qualquer resultado, que Cuiabá vai continuar contando com o governador Mauro Mendes e com o Governo de Mato Grosso. Politicamente, vou decidir primeiro meu voto e, depois, se vou participar apoiando, mas, se for, muito provavelmente, será no centro-direita.

 

MidiaNews – No caso o candidato Abílio, né?

 

Mauro Mendes – (Risos…).

 

MidiaNews –  O senhor é um crítico da gestão pública no país. Diz que os gestores gastam mal e entregam pouco. Ainda nessa pergunta, quem o senhor acha que tem o melhor perfil para ser o gerente de Cuiabá? Independente de questão política.

 

Mauro Mendes – É muito difícil fazer uma análise sobre o perfil gerencial, porque eu conheço muito pouco esse lado do Abílio e do Lúdio. Respeito os dois.

 

Conversei poucas vezes com o Lúdio, já expressei o meu respeito a ele como deputado, que sempre foi de oposição ao meu governo, mas sempre o fez com decência e com respeito. Sem ataque pessoal.

 

Conversei mais vezes com o Abílio, o considero um rapaz inteligente, mas não conheço a experiência que ele já teve, ou que tem, para administrar uma cidade. Por isso que estou dizendo: como governador e conhecendo a Prefeitura, por ter passado por lá quatro anos, sendo governador do Estado, conhecendo todos os prefeitos de Mato Grosso, conhecendo razoavelmente bem a administração pública, tenho elementos profundos e consistentes para fazer essa análise. Por isso que preciso de um pouco mais de tempo de ouvir um pouco mais sobre eles, para decidir primeiro o meu voto e depois o meu eventual apoio.

 

O Pivetta construiu sua história com muita dignidade. É empresário bem sucedido, honesto, tem experiência, tem competência

MidiaNews – O Lúdio disse que, logo após o resultado, telefonou para o senhor e vocês trocaram umas ideias rápidas. O senhor também conversou com Abílio? Pretende conversar com todos pessoalmente?

 

Mauro Mendes – Muito provavelmente conversarei com os dois. Já conversei, mas não pessoalmente com nenhum deles.

 

MidiaNews – Um dia depois do resultado do primeiro turno, o chefe da Casa Civil, Fábio Garcia, deu uma declaração dizendo que se ele fosse candidato do União, chegaria ao segundo turno e venceria a eleição. Em seguida, declarou apoio ao Abílio. Ele foi coordenador geral da campanha do Botelho. Isso não mostra que havia algo errado na coordenação? Que o clima não estava bom, de certa forma? 

 

Mauro Mendes – Esse fato, em si, nem de longe representa algo assim. Existe algum fato, um único fato, durante o exercício dessa coordenação, que colocasse isso em dúvida? Ninguém é capaz de apresentar isso. Ninguém. Esta é uma ilação sem o menor fundamento.

 

O Fábio exerceu com grandiosidade, com dedicação, com honestidade e propósito a coordenação. Botelho perdeu a eleição. Não existe escrito em lugar nenhum, em manual da política, na Constituição, ou em qualquer regra, que você tem que esperar 24 horas, 48 horas, 72 horas, dois dias ou duas semanas para manifestar a sua opinião em relação a um eventual segundo turno.

 

Nós tivemos dentro do governo uma reunião, depois falei com todos os líderes, inclusive com ele, no União Brasil, e já tínhamos decidido que estariam liberados. A partir do momento que liberou, ele entendeu por bem manifestar a opinião [sobre] em quem votará. Não tem nada de errado.

 

 

MidiaNews – Ele falou que faria diferente, se fosse o escolhido. O senhor acha que se tivesse se mantido firme enquanto presidente do União Brasil no apoio ao nome dele, poderia ter sido diferente?

 

Mauro Mendes – Eu não faço esse tipo de exercício, porque todos os dias tenho que me preocupar muito com análises do presente para ter que tomar decisões futuras. Não perco meu tempo analisando uma decisão que tomei há seis meses.

 

A gente não muda passado, a gente muda presente e futuro, e é um direito do Fábio ter uma opinião sobre ele mesmo, sobre o comportamento dele.

 

MidiaNews – Falando, então, do futuro, sabemos que as eleições de 2026 passam pela de 2024. O que já dá para projetar em relação a esse processo?

 

Mauro Mendes – Nada. É muito tempo. A política mostrou-se nos últimos anos que está muito disruptiva, o cidadão está muito sabido. Nada do que aconteceu hoje pode se tomar como base, ou referência, para o que possa acontecer daqui dois anos.

 

A política no país virou uma atividade satanizada. É culpa dos próprios políticos, que fizeram e continuam fazendo lambança. É muito desvio de dinheiro público acontecendo no Brasil inteiro

Quem imagina isso está ignorando de maneira completa os recados que vieram das urnas nos últimos anos, onde o eleitor mostrou que está disposto a quebrar qualquer uma das regras do manual da política do país.

 

MidiaNews – Mas a tendência desse crescente voto conservador de direita é clara, e isso deve se projetar em 2026 também…

 

Mauro Mendes – Interpretar a política não significa que vamos desconsiderar alguns tipos de análises feitas em cima de evidências. É uma lógica evidente que o país está maior para o centro e para a direita, mas nada disso pode impedir uma vitória de um presidente da esquerda em 2026.

 

Se a direita quer vencer, tem que apresentar quadros consistentes, pessoas que sejam capaz de fazer um debate, além disso de se escorar no amuleto de “sou de direita”. Como se isso enchesse a barrida do cidadão, como se isso melhorasse a Saúde, como se isso pudesse transformar o país. A gente escuta esse lenga-lenga há muitas décadas no Brasil.

 

MidiaNews – O senhor vê alguns perfis nessa linha? Como o do governador Tarcísio de Freitas, do prefeito de São Paulo Ricardo Nunes…

 

Mauro Mendes – O Nunes primeiro tem que ganhar a eleição em São Paulo. Depois de ganhar, tem que cumprir o compromisso com os paulistanos de governar a cidade de São Paulo por quatro anos. Temos que parar com isso de as pessoas enganarem o eleitor, de mentirem para ele, de estar se candidatando a um cargo de quatro anos e abandonar no meio. Não acredito que ele vá fazer isso.

 

Bons quadros existem sim. Existem talvez dezenas, centenas de bons quadros, mas a maioria deles não estão na política.

 

MidiaNews – Há também muita crítica ao meio político…

 

Mauro Mendes – A política no país virou uma atividade satanizada. É culpa dos próprios políticos, que durante muitos anos fizeram muita lambança, e muitos deles continuam fazendo lambança e deixa o cidadão irritado. São muitas promessas que não se cumprem, muita conversa fiada achando que o eleitor é besta, é muito desvio de dinheiro público acontecendo no Brasil inteiro e o cidadão paga a conta, porque lhe é cobrado o imposto e não lhe é dado o retorno.

 

Vejo que nomes existem, mas está muito cedo para apostar em alguém. Os últimos anos e as últimas eleições têm demonstrado isso. Grandes mudanças podem acontecer de uma eleição para outra, mesmo que tendências se manifestem através da leitura do atual resultado eleitoral.

 

MidiaNews – Essa tendência  muda alguma coisa no que, em tese, está encaminhado em relação à sucessão ao Governo? Porque o vice-governador Otaviano Pivetta se coloca como o mais viável do grupo, inclusive com um aval reiterado no senhor.

 

Mauro Mendes – Eu vou defender até 2026 que Otaviano Pivetta possa ter a oportunidade de ser o nosso candidato e ser, se for a vontade de Deus e da maioria do povo, o governador de Mato Grosso.

 

Por quê? Porque ele é um homem que ao longo de toda a sua história a construiu com muita dignidade. Foi três vezes prefeito de Lucas do Rio Verde e  ajudou a transformá-la em uma das melhores cidades de Mato Grosso.

 

Um empresário bem sucedido, foi deputado estadual. José Riva diz que Pivetta foi o único deputado que não pegou dinheiro com ele na Assembleia Legislativa. Mostrou honestidade, tem experiência, tem competência.

 

Tem alguns defeitos, quem não os tem que atire a primeira pedra, mas tem as principais qualidades. Tem experiência, tem serviço prestado, tem capacidade demonstrada e tem condições. Conhece o Governo por dentro e tem condições de continuar mantendo o mesmo ritmo que conseguimos implementar nos últimos anos.

 

Não tem nenhum mato-grossense, mesmo que não goste de mim ou desse grupo político, que se viver em Mato Grosso, não reconheça os importantes avanços que tem acontecido em todas as áreas da administração pública.

 

Esses avanços não podem encerrar em um processo eleitoral, arriscando um perfil que não tenha menor justificativa para ter uma mudança.

 

 

MidiaNews – Uma das observações em relação ao Pivetta é que ele deveria se dedicar mais à articulação política, se projetar mais na imprensa, falar mais… Concorda? Isso de fato é relevante?

 

Mauro Mendes – Ninguém é perfeito, nem ele, nem eu. Ninguém é. Todos podemos melhorar. Eu acho, sim, que ele pode se esforçar e acredito que vá fazer isso para se comunicar melhor, para se conectar melhor com a sociedade, com as pessoas, com a imprensa.

 

Eu digo sempre, quando se contrata um prefeito, um governador ou presidente, você não está escolhendo seu amigo de infância. Não está escolhendo seu melhor amigo. Está escolhendo alguém para cuidar do seu dinheiro, para fazer com que o imposto pago, que esse dinheiro não evapore, não seja roubado, e que o Estado preste bons serviços para o cidadão. E o Pivetta tem essas qualidades. Isso para mim é o mais importante.

 

MidiaNews – O projeto do senhor para 2026 já está definido? É o Senado mesmo?

 

Mauro Mendes – Eu sempre disse e vou continuar dizendo: falo de eleição no ano eleitoral. Pelo livro da política tradicional, todo governador, a grande parte deles, sai para um projeto de Senado. Essa decisão só tomarei em março de 2026.

 

Quando se contrata um prefeito, um governador ou presidente, você não está escolhendo seu amigo de infância.  Está escolhendo alguém para cuidar do seu dinheiro

MidiaNews – Apesar de se posicionar dessa maneira, o senhor tem um discurso de pautas nacionais, como a questão da segurança pública, exigindo leis mais rigorosas. O senhor dialoga muito bem com Brasília e com o Congresso Nacional e vai lá frequentemente. Isso não sinaliza uma pré-candidatura? 

 

Mauro Mendes – Eu falo sobre esses temas porque impactam o dia a dia do meu exercício como governador. Tenho enormes responsabilidades e uma delas é cuidar da segurança pública no Estado de Mato Grosso, por exemplo. E eu vejo todo o esforço que o Estado está fazendo, todos os investimentos que fizemos.

 

Zeramos o déficit penitenciário, compramos armamento de primeira geração, investimos em tecnologia, mas nada disso está resolvendo. Contratamos mais homens, fizemos tudo que podíamos fazer, somos o único Estado da nação brasileira que zerou o déficit penitenciário.

 

Nada disso está resolvendo. Por quê? Porque as leis são frouxas. É um tal de prende e solta todos os dias. Enquanto continua assim, o bandido perdeu o medo do Estado, perdeu o medo da polícia, perdeu o medo da justiça. Eu falo disso, porque eu sofro como governador e sofro como cidadão.

 

Eu faço essa crítica e repito, porque sinto na pele como governador a agonia de quem faz tudo que pode e não vê o resultado acontecer. Só me resta dizer, temos que mudar as leis, temos que apertar mais. O bandido tem que ter a consciência de que não vai valer a pena praticar crimes nesse país.

 

Temos que acabar com essa fama horrível que o Brasil tem de ser o país da impunidade. 

 

MidiaNews – O senhor talvez seja o governador que mais verbalize isso. Isso é uma coisa bastante óbvia. Qualquer cidadão com o mínimo de bom senso há de concordar com o senhor. Por que acha tão difícil mudar uma coisa óbvia?

 

Mauro Mendes – Porque somos um país de hipócritas. O Brasil é o país da hipocrisia. Coisas óbvias não são feitas e quando a gente faz coisas óbvias, coisas extraordinárias acontecem.

 

Quando entrei e virei governador de Mato Grosso em 2019, o Estado estava quebrado. Eu não fiz nada de tão extraordinário, fiz coisas óbvias, apertei a despesa, cortei gasto e apertei a receita. Cortei sonegação, cortei incentivo fiscal. Onde está o extraordinário nisso?

 

Isso é óbvio, mas a maioria dos políticos brasileiros tem medo de fazer o óbvio, porque isso, às vezes, gera crítica. Eles têm medo de perder um votinho, de ser criticado, de ser vaiado como eu fui. Em 2019, quando tomei as medidas óbvias, muita gente dizia: “Esse Mauro Mendes não se reelege nem para síndico de prédio”.

 

Eu dizia: “Não estou nem aí, já fui síndico e não quero ser síndico de novo”. Mas deu certo e coisas bem feitas dão certo, e Mato Grosso se transformou nesse grande Estado que hoje dá orgulho à grande maioria dos mato-grossenses.

 

Sempre fui um homem realizador, que gosta de construir, de empreender, de fazer coisas que muita gente diz que é impossível. Quer me deixar atraído é quando alguém fala: “Isso é impossível de fazer”

É que estou de saco cheio, desculpe a palavra, porque a maioria de nós, brasileiros, estamos cansados de lenga-lenga.

 

MidiaNews – O senhor tem se projetado como um líder que tem defendido essas bandeiras. Isso tem causado impacto  talvez no país inteiro. De alguma maneira, nessa carência de lideranças, de bons gestores, isso de alguma forma o coloca em posição de vislumbrar um projeto nacional, com uma eventual candidatura à vice-presidência ou atéà  presidência da República? Mesmo sendo difícil, distante e Mato Grosso tendo um percentual de eleitorado residual perto do país? Mas dizem que presidência da República é destino… Isso, de alguma maneira, está no radar do senhor?

 

Mauro Mendes – Quando eu falo tudo que tenho falado, falo porque assim penso e porque exerço nesse momento, o direito, como todo cidadão tem, de expressar as opiniões.

 

Quando falo com tanta contundência sobre esses temas, é porque me cansei da hipocrisia, dessas falas politicamente corretas que no final do dia viram blá blá blá. Falo o que penso, procuro fundamentar as minhas falas, minhas evidências para não sair falando bobagem, como muitas vezes vejo por aí.

 

Falo isso sem medo de ser disruptivo, de pensar um pouco fora do quadrado e agir fora do quadrado. Falo um pouco com autoridade de quem fez muito disso aqui no meu Estado, de ter pensado fora do quadrado, ter feito coisas disruptivas e muita coisa óbvia, mas coisas óbvias com verdade e eficiência na execução.

 

A minha intenção não é ser candidato a nada, mas quero um dia e, seguramente um dia voltarei para casa e serei apenas um cidadão brasileiro, vivendo aqui em Mato Grosso com a consciência tranquila de que fiz tudo que podia fazer e disse tudo aquilo que queria dizer. Isso não tem preço.

 

 

MidiaNews – Não é a intenção, mas, se houver um movimento, o senhor vai avaliar?

 

Mauro Mendes – Como você disse, ser presidente de um país é destino. Ninguém poderia imaginar que Fernando Collor seria presidente, saindo lá de Alagoas, e foi. Ninguém poderia imaginar que Jair Messias Bolsonaro, que fazia parte do terceiro escalão do Congresso Nacional, depois de quase 30 anos como parlamentar federal, pudesse aparecer no cenário criticando a velha política, criticando a política e virasse presidente do Brasil.

 

Ninguém poderia imaginar que alguém saísse da cadeia, diretamente para ser candidato e virasse novamente presidente do país. Coisas inimagináveis aconteceram e podem continuar acontecendo no Brasil.

 

MidiaNews – Ainda sobre 2026, membros do PL, como o deputado federal José Medeiros, expressaram vontade de formar uma aliança com o senhor para  disputar o Senado. Neste ano, o PL teve um bom desempenho nas eleições municipais, inclusive nas cidades polo como Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis. Esse resultado do PL motiva o senhor a pensar em uma aliança para 2026?

 

Mauro Mendes – O resultado do PL foi bom. O do União Brasil foi muito bom. O PL foi nosso aliado em 2022, quando tive a oportunidade de ser candidato e ser reeleito como governador. Tenho um relacionamento muito bom com a maioria dos membros do partido.

 

Porque somos um país de hipócritas. O Brasil é o país da hipocrisia. Coisas óbvias não são feitas e quando a gente faz coisas óbvias, coisas extraordinárias acontecem.

Na nacional, tenho um excelente relacionamento com o Valdemar e vou cultivar isso até 2026. Alianças políticas se definem quando você define que é candidato. Como não defini que sou candidato, não posso ainda definir alianças.

 

MidiaNews – Ainda falando sobre o PL, tivemos em Várzea Grande a eleição de Flávia Moretti. O grupo do senhor não conseguiu reeleger o prefeito Kalil Baracat. O deputado Júlio Campos fez uma análise dizendo que a questão da falta de água foi decisiva nessa eleição, bem como o desgaste da família Campos. Qual análise o senhor faz?

 

Mauro Mendes – O Júlio Campos é um político muito experiente, com longa trajetória na política de Mato Grosso. A análise dele, com certeza, tem que ser respeitada. Eu confesso que não parei para analisar com mais profundidade o que eventualmente possa ter acontecido em Várzea Grande.

 

Sempre tendo a dizer o seguinte: nada acontece de bom ou de ruim por um único motivo. Simplificar as trajetórias a “Olha como aquele cara é sortudo, por isso que venceu na vida; nasceu com ‘aquele’ pra lua. Ah, como é sortudo, olha a mulher bonita ou o marido bonito que ele ou ela arrumou”.

 

As pessoas sempre tendem a simplificar as explicações, mas não sigo esse padrão. É uma análise mais profunda de Várzea Grande, de Cuiabá ou de qualquer lugar que pode elencar os principais motivos.

 

MidiaNews – Quando se fala sobre Várzea Grande, falamos sobre um problema histórico de falta de água, a operação no Departamento de Água e Esgoto (DAE) dias antes da eleição, e o histórico da Família Campos. Falar sobre todas essas questões não mostra que os eleitores estavam cansados e queriam renovação?

 

Mauro Mendes – É natural que qualquer pessoa que permaneça muito tempo, ou grupo, no poder, as pessoas se cansem, principalmente quando não resolvem os problemas.

 

Esse problema de falta de água é um problema crítico da cidade de Várzea Grande, que evoluiu, a bem da verdade, mas não foi resolvido. Isso dá às pessoas o direito de ter uma insatisfação latente e que pode ser manifestado na hora do voto.

 

A permanência durante muitos anos dos Campos no poder de Várzea Grande, diretamente ou através de pessoas ligadas a eles, também cansa. Outros fatores como a própria polarização, influenciou muito em Cuiabá e também pode ter influenciado em Várzea Grande, além de outros fatores.

 

MidiaNews – A análise óbvia também em relação a esse resultado é que o senador Jayme Campos sai muito menor e com eventuais problemas para 2026. 

 

Mauro Mendes Eu disse inicialmente, e acredito que o que vai acontecer em 2026 ainda tem uma longa trajetória de tempo até lá. Hoje não tem como deixar de reconhecer que existem grupos que, pelo resultado das eleições, perderam ou ganharam. Até pessoas desses grupos que ganharam ou perderam muito mais.

 

Jayme tem uma longa trajetória. Vai depender muito do comportamento dele, das atitudes dele, para se recompor até 2026 ou para se renovar até 2026. Vai valer muito a compreensão, lá em 2026, de como é que está o consciente coletivo, o que as pessoas estarão desejando.

 

Se sempre existir, e é natural que sempre exista, um desejo de renovação, isso pode trazer dificuldades para pessoas que estão há longos anos da política.

 

 

 

MidiaNews – Se concretizar isso, em tese, “resolveria” um problema do grupo, de ter muitos pretensos candidatos para pouca vaga.

 

Mauro Mendes – O Jayme é um grande senador para Mato Grosso, tenho que reconhecer isso. Entretanto, em 2026 teremos duas vagas. Quem serão os candidatos? Pela lógica e análise política, elencam vários nomes, entre os quais o meu, mas eu nunca disse que serei candidato. Só vou decidir isso em março de 2026. Antes disso, qualquer coisa que se diga será especulação ou palpite.

 

Para especular, palpitar, tem muita cartomante, muita gente “abrindo carta” por aí, tentando arriscar também um exercício de futurologia, mas esse excesso de candidato também pode ser bom, porque é também mais alternativas para a sociedade e para a população escolher.

 

MidiaNews – O senhor admite concluir seu mandato?  Hoje seria uma possibilidade, tanto quanto disputar o Senado? Essa possibilidade estaria “meio a meio”?

 

Mauro Mendes – Concluir o mandato é uma decisão que eu tomo também em março de 2026, porque, se resolvo ser candidato a alguma coisa, naturalmente tenho que deixar o cargo no início de abril de 2026.

 

Se não vou ser candidato a nada, é muito provável, muito natural, que encerre a minha carreira política até dezembro de 2026

Se não vou ser candidato a nada, é muito provável, muito natural, que encerre a minha carreira política até dezembro de 2026.

 

MidiaNews – O senhor já sabe se quer continuar na carreira política?

 

Mauro Mendes – É uma decisão muito difícil, porque confesso que gosto muito do que faço. Me realizo, porque conseguimos transformar o Governo de Mato Grosso em um governo realizador.

 

Sempre fui um homem realizador, que gosta de construir, de empreender, de fazer coisas que muita gente diz que é impossível. Quer me deixar atraído é quando alguém fala: “Isso é impossível de fazer”, porque chama muito a minha atenção. Começo a queimar os meus neurônios, tentando encontrar uma solução para aquilo que é impossível, mas a política também exige muito.

 

Eu tenho uma filha de dez anos. Os meus filhos perderam muito na adolescência o convívio comigo pela minha dedicação na política. É uma tarefa que, quando você faz com honestidade e seriedade, você paga pessoalmente um preço caro, mas faço com amor, nunca reclamei.

 

Um dia, seguramente, vou querer voltar para a minha vida simples, que sempre tive, ser um empreendedor, como me tornei. Ter uma vida de cidadão, onde posso usufruir mais da minha família, do meu tempo, em meu próprio proveito.

 

Por enquanto, estou me dedicando, me dedico muito ao cargo que pedi a Deus, pedi ao povo e que procuro honrá-lo todos os dias, mas isso cansa. Por isso é uma decisão que vou tomar lá em 2026.

 

 

MidiaNews – O senhor sempre teve uma postura de cultivar a harmonia entre os Poderes, é assim com o Judiciário, com a Assembleia… Porém, recentemente, houve uma espécie de atrito com o Tribunal de Contas do Estado, por conta de uma ação movida pelo presidente Sergio Ricardo em relação ao processo de concessões de rodovias em Mato Grosso. O senhor também, através da Procuradoria Geral do Estado, combateu isso judicialmente. Como está essa questão? É um problema?

 

Mauro Mendes É um problema, porque durante cinco anos e meio vivemos em harmonia, diálogo institucional, algumas divergências, mas todas resolvidas de maneira transparente e democrática.

 

Fui eleito para cuidar do Executivo. A Assembleia tem que se explicar se ela quiser mais dinheiro, o TCE tem que se explicar se quiser mais dinheiro

O Tribunal de Contas, de repente, resolveu fazer mudanças nas relatorias de maneira estranha, muito atípicas. Nós já nos posicionamos, saiu uma nota pública do Governo de Mato Grosso dizendo que o que está por trás disso é uma solicitação de aumento de repasse de verbas para o Tribunal de Contas do Estado, e também verbas para a construção de uma nova sede.

 

O Governo se negou, eu me neguei a fazer isso. Entendemos que esses movimentos eram uma retaliação para tentar criar embaraços aos objetivos do Estado. Estou aqui para fazer coisas republicanas e tudo que faço, devo e vou dar explicação ao público.

 

Se alguém quer um centavo a mais, além daquilo que as áreas técnicas definem, vai ter que se explicar para mim, porque eu represento o cidadão de Mato Grosso. Fui eleito para cuidar do Executivo. O Executivo é aquele que cuida da arrecadação e da locação. Então, a Assembleia tem que se explicar se ela quiser mais dinheiro, o TCE tem que se explicar se quiser mais dinheiro…

 

O dinheiro não sobra aqui dentro, vira investimento e é por isso que estamos construindo tantos hospitais, estamos asfaltando tantas estradas, estamos com a BR-163 em obra. São os investimentos na Educação que fizeram ela sair no 22º lugar e pular para o 8º lugar entre os 27 Estados brasileiros.

 

O dinheiro aqui é para ser arrecadado, gasto com a máquina pública e o que sobra vira investimento. Tornar essa máquina eficiente é uma luta que faço todos os dias.

 

MidiaNews – De lá pra cá, distendeu o clima ou continua do mesmo jeito? Houve interlocutores tentando amenizar a situação?

 

Mauro Mendes – O que vi foi um movimento feito por alguns, que ouvi dizer, de uma carta onde se pretende voltar a indexar na receita do Estado o repasse aos Poderes, batendo como referência o ano de 2017. Se isso acontecer, será um verdadeiro absurdo, mas tenho certeza que a Assembleia Legislativa, que também representa o povo de Mato Grosso, não vai concordar com isso.

 

MidiaNews – Isso acarretaria em que volume financeiro?

 

Mauro Mendes – Não tenho ainda essa conta, mas é muito dinheiro que deixaria de ser investido em estradas, em hospitais, em escolas, para ser alocado nos poderes de Mato Grosso.

 

MidiaNews – O senhor chega à metade do segundo mandato com um ritmo importante de setores como Saúde, infraestrutura e educação. Daqui para frente, quais serão as prioridades estratégicas? É focar nas entregas? 

 

Mauro Mendes – O Governo de Mato Grosso conseguiu, a partir da recuperação fiscal, estabelecer uma boa capacidade de investimento, com ritmo muito forte de obras e ações em todas as áreas de atuação do governo.

 

Eu diria hoje, sem medo de errar, que não há áreas, de todas as secretarias, que não tenha recebido importantes investimentos e melhorias ao longo dos últimos anos. Manter esse ritmo é sempre um desafio, porque a máquina pública nos impõe desafios todos os dias. É uma máquina burocrática, lenta.

 

Se você não tem uma energia muito forte de fazer cobrança, de monitorar, essa máquina tende a ficar um pouco mais lenta. A nossa principal meta é manter o governo no mesmo ritmo de entrega, de investimento, tornar o governo cada dia mais eficiente e eficiência é um conceito que você traduz em diversas ações para que essa eficiência possa ser percebida.

 

 

MidiaNews – O senhor se mostrou um pouco “vaidoso” durante a entrevista, disse que gosta de ser desafiado. Tem vaidade em relação a algum projeto, que não abre mão de ser entregue?

 

Mauro Mendes – Gostar de desafio não significa vaidade. Vaidade é quando você faz apologia aos seus méritos, quando você mostra ou tenta mostrar além daquilo que verdadeiramente é. Passa longe de mim, pelo menos na minha própria avaliação. Seguramente, tenho defeitos.

 

Gosto muito de desafios, foi por isso que me candidatei a prefeito, a governador. Muitos falavam para mim lá atrás, em 2018, que eu era louco de novamente deixar a minha vida pessoal e privada para pegar um Estado quebrado. Mas eu via naquilo uma grande oportunidade e um grande desafio. O resultado está aí. Isso é fato, isso não é vaidade.

 

Nós temos muitos projetos importantes acontecendo na educação, a inauguração dos hospitais na Saúde, dos novos hospitais…

 

Estamos batendo recorde no Brasil. Hoje, a BR-163 é a maior obra de infraestrutura rodoviária, um espetáculo, tocada pelo Governo de MT

MidiaNews – Vai dar tempo de entregar tudo até o final do mandato?

 

Mauro Mendes – O planejamento era para que sim, porém há o desempenho das construtoras, por um problema que vai além da capacidade delas, que é falta absoluta de mão de obra em Mato Grosso e no Brasil. Não está tendo mão de obra para tocar os projetos.

 

Se rescindirmos o contrato e for fazer uma nova licitação para conseguir uma nova empreiteira, virá com o mesmo problema. Então, temos que ser tolerantes. Se ela tiver um mínimo de comprometimento e de performance, temos que tolerar, porque se trocar vai perder meses ou talvez anos e a próxima virá com o mesmo problema.

 

Não tem empreiteira hoje trabalhando em Mato Grosso que não está com problema de mão de obra. E a maioria delas atrasando as suas obras.

 

MidiaNews – Entre os hospitais em construção, o mais avançado é o Hospital Universitário Júlio Muller?

 

Mauro Mendes – É o Hospital Central, está mais avançado. A entrega primeiro deve ser do Hospital Central, depois o Júlio Muller, depois os de Alta Floresta e Juína. Tangará e Confresa estão com a mesma construtora, com baixo desempenho, mas está andando.

 

MidiaNews – Em relação à duplicação da BR-163, o senhor está satisfeito?

 

Mauro Mendes – Muito satisfeito. Hoje tive uma reunião com o presidente da empresa, participei com o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte) em uma reunião para falar da BR-163, a partir de Sinop até Miritituba. No texto sobre a nossa responsabilidade, as obras estão encantando a todos pela qualidade, pela velocidade, muito além do que se imaginava.

 

Nós estamos batendo recorde no Brasil. Hoje, a BR-163 é a maior obra de infraestrutura rodoviária em curso do país, um espetáculo, tocada pelo Governo de Mato Grosso.

 

Confira a entrevista exclusiva na íntegra:

 

 



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