Delegado: descobrir altura do autor é um avanço no caso

Responsável pelo inquérito sobre a execução do advogado Renato Nery, o delegado Bruno Abreu, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, avalia que descobrir a altura do assassino foi um dos maiores avanços na investigação do caso até o momento.

Conseguimos determinar a altura do suspeito a partir de imagens capturadas por câmeras de segurança, por meio de uma técnica chamada estimativa de altura

 

Nery, de 72 anos, foi morto a tiros no dia 5 de julho deste ano, quando chegava em seu escritório na Avenida Fernando Correa da Costa, em Cuiabá.

 

“Conseguimos determinar a altura do suspeito a partir de imagens capturadas por câmeras de segurança, por meio de uma técnica chamada estimativa de altura”, explicou Abreu. Essa técnica da Politec, pouco comum em investigações locais, tem sido uma ferramenta essencial para descartar outros suspeitos e focar em quem realmente pode ter envolvimento no crime.

 

“Nós demos um passo importante, porque a partir do momento que você detecta a altura de um suspeito, você elimina outros que você está investigando. Se a altura do cara é de 1,60 m, por exemplo, e você está suspeitando de alguém de 1,80m, você já elimina. Isso otimiza demais o nosso tempo. Muito significativo”, conclui ele, sem revelar a altura do autor determinada pela perícia.

 

Abreu detalhou que o assassino foi visto em diversos locais de Várzea Grande após o crime. “Ele dirigiu por 25, 30 quilômetros, por toda uma cidade”.

 

“Ele se deslocou para o sentido de Capão Grande, e em determinado momento, perdemos o rastro”, explicou.

 

A análise minuciosa das imagens foi feita logo após o crime. “Essas imagens foram conseguidas na tarde de sábado, logo após o assassinato, e a equipe não parou até encontrar algo que pudesse dar uma pista.”

 

Sobre a complexidade da investigação, o delegado reforçou que o crime foi meticulosamente planejado. “Estamos lidando com uma execução em que o criminoso fugiu em uma moto, totalmente camuflado, o que torna difícil qualquer identificação visual direta”, disse Abreu.

 

No entanto, ela disse que a dificuldade da investigação não está relacionada à falta de empenho da Polícia, mas sim à sofisticação do planejamento do crime e à necessidade de evidências irrefutáveis para concluir o caso. “Nós podemos até ter um suspeito em mente, mas precisamos provar. Não basta apenas achá-lo, temos que reunir provas robustas que possam ser usadas em tribunal.”

 

Ele (suspeito) dirigiu por 25, 30 quilômetros, por toda uma cidade, se deslocou para o sentido de Capão Grande

Abreu explicou ainda que há duas principais linhas de trabalho em andamento. Além de rastrear o executor do crime, a investigação também está focada em descobrir se houve um mandante

 

Abreu confirmou que a das principal linha de investigação está relacionada à disputa por terras, especialmente após Renato Nery ter feito uma denúncia na OAB em junho, semanas antes de sua morte.

 

“A principal linha de investigação é essa: Nery fez uma denúncia que foi anexada a um processo, tornando-a pública. Ele fez isso no dia de julho, e no dia 5 ele foi assassinado. Não podemos descartar a possibilidade de uma conexão entre esses eventos”, comentou o delegado.

 

Apesar disso, ele explicou que o planejamento de um homicídio dessa magnitude, em tão pouco tempo, pode indicar outras motivações anteriores.

 

O delegado afirma que o caso está sendo tratado como uma prioridade na Segurança, com o envolvimento direto de diversos órgãos. “Estamos aguardando respostas de diferentes operadores e decisões judiciais para podermos montar todas as peças do quebra-cabeça”, explicou ele. “Tudo o que podia ser feito pela diretoria, delegados e investigadores já foi realizado. Agora, dependemos de análises e respostas externas.”

 

 



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