G20 e COP-30: visita ilustre
No mês passado, Mato Grosso foi palco da Conferência dos Ministros da Agricultura dos Países do G-20, promovida pela FAO, braço da ONU para a alimentação.
A pauta principal foi a sustentabilidade ambiental da produção agropecuária do Planeta.
Para o agro brasileiro, foi uma espécie de pré-estréia para a realização da COP-30 no Brasil, no próximo ano. Já estamos concentrando nosso foco para esse evento.
Será uma boa oportunidade para reafirmar com provas, sem contestação, que preservamos 67% do nosso território.
No sistema produtivo, também temos muito que nos orgulhar, pelas nossas tecnologias de produção inéditas, exclusivas e sustentáveis.
Temos o plantio direto, que é realizado quase na totalidade da nossa área plantada de grãos; a integração lavoura/pecuária, já com milhões de hectares de adesão; o consórcio pastagem/floresta com teca e eucalipto; as reformas e manejo das pastagens, que segundo a Embrapa sequestram mais carbono que as emissões dos animais que suporta e a irrigação, que em nosso clima tropical, permite o plantio de três safras anuais, com segurança hídrica, utilizando o mesmo maquinário e a mesma mão de obra.
Essas tecnologias estão todas direcionadas para aumentar a produtividade e estender a exploração de cada hectare para o ano inteiro.
Isto só é possível em climas tropicais.
Poderemos informar aos conferencistas da COP-30, que essas tecnologias são de fácil aplicação e poderiam ser utilizadas pelos países produtores da faixa tropical do planeta.
Durante a conferência do G-20, recebi em minha fazenda a visita de Mr. Qu Dongyo, chinês, Diretor Geral da FAO.
O ilustre visitante veio conhecer nossos consórcios de pastagem com teca onde temos em torno de 100 hectares plantados nesse sistema, desde plantios recentes até bosques com mais de 20 anos.
Durante as visitas no campo pudemos observar e informar as vantagens ambientais, econômicas e de bem estar animal do consórcio.
Na sede da fazenda fiz uma palestra sobre a sustentabilidade do agro brasileiro onde comentamos e debatemos os assuntos descritos neste artigo.
Aproveitei o momento para sensibilizar Mr. Dongyo sobre alguns equívocos que estão ocorrendo para o cálculo da pegada de carbono do agro brasileiro em função de métricas e conceitos, ao nosso ver, equivocados.
Comentei a recomendação equivocada do uso do índice GWP-100 pelo Painel do Clima, para calcular as emissões bovinas de metano e a não inclusão das florestas plantadas destinadas a celulose e biomassa, que ocupam 1% do território brasileiro como sequestradoras de CO2 da atmosfera.
Outro grande equívoco é imputar ao agro os desmatamentos ilegais da Amazônia.
Cabe à União, fiscalizar, multar e embargar propriedades e responsáveis.
O tradicional agro brasileiro não tem nada a ver com esses ilícitos.
Este assunto somente ficará resolvido quando a floresta em pé valer mais que a floresta derrubada.
Juntando esses três exemplos, acredito que já estaríamos muito próximos da neutralidade. Dongyo se mostrou favorável à inclusão desses três temas na agenda da COP-30.
Na agenda ambiental do agro, deverá sempre prevalecer a ciência e descartados os romantismos, modismos e ideologias.
Arno Schneider é pecuarista e diretor Acrimat.