MPE: “Réu prefere caminho do desrespeito e da mentira”
O promotor de Justiça Herbert Dias Ferreira chamou de “um absurdo” as “mentiras” contadas pelo réu Edgar Ricardo de Oliveira, um dos autores da chacina de Sinop, durante seu julgamento nesta terça-feira (15), e pediu desculpas aos familiares.
Eu quero pedir desculpas para os familiares de todas as vítimas. Vocês não mereciam ouvir essas mentiras e esses absurdos
Ele e seu comparsa Ezequias Souza Ribeiro mataram sete pessoas, incluindo uma menor de idade, no dia 21 de fevereiro do ano passado durante uma disputa de sinuca.
Em seu interrogatório, Edgar culpou uma das vítimas de “armação” e alegou que sofreu “provocações” e “ameaças” e que “ninguém morre de graça”. Leia AQUI.
“Eu quero pedir desculpas para os familiares de todas as vítimas. Vocês não mereciam ouvir essas mentiras e esses absurdos que o Edgar contou aqui. Eu tenho a impressão que se esse interrogatório se alongasse por mais alguns minutos, o réu teria tido aqui que foi abduzido, levaram ele para outro planeta, porque não é possível que uma versão dessas convença, minimamente, quem está aqui hoje assistindo esse julgamento”, afirmou o promotor.
“Uma das maiores barbaridades que já cometeram no nosso Estado de Mato Grosso e, lamentavelmente, na oportunidade que o réu tem de se defender, de demostrar arrependimento, ele prefere seguir o caminho do desrespeito e da mentira”, acrescentou.
Herbert Ferreira disse esperar que, com a condenação do acusado, hoje seja o último dia de dor dos familiares.
O Ministério Público Estadual pede que ele seja condenado por sete homicídios qualificados (motivo torpe, meio cruel, perigo comum, recurso que dificultou a defesa das vítimas, vítima menor de 14 anos, concurso de pessoas, emprego de arma de fogo e concurso material).
“Eu confesso que fiquei até um pouco incrédulo com o que ouvi aqui. Eu imaginei que ele fosse se arrepender, apresentar alguma versão crível, justa, mas fez aquilo que a gente sempre diz aqui em plenário: ou nega ou terceiriza a responsabilidade dele. Hoje a responsabilidade foi de quem? Foi de Ezequias, da droga. Ninguém morre de graça, ele disse”, acrescentou.
“Ele estava envergonhado de ser chamado de assaltante, mas não de assassino. Ele não está nem um pouco preocupado com essas setes vidas que ele tirou brutalmente naquele Carnaval. Ele ousou dizer aqui que se o Adriano tivesse sentado, ele não teria morrido”, disse.
O promotor afirmou que não há outra motivação para o crime do que a perda de dinheiro no jogo de sinuca.
“Embora o réu tente alegar que as vítimas o provocaram, fizeram sinais, não tem outra motivação: foi por conta do jogo sim”, afirmou.
Morreram na ocasião Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, de 36, a filha dele, de 12, Orisberto Pereira Sousa, de 38, Adriano Balbinote, de 46, Josué Ramos Tenório, de 48, Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35, e Elizeu Santos da Silva, de 47.