Veja: Coaf detecta transação envolvendo lobista e ministro do STJ
A revista Veja desta semana publicou uma reportagem de capa com novos desdobramentos das investigações sobre a suspeita de venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça, iniciadas a partir das informações contidas no celular do advogado Roberto Zampieri, que atuava em Cuiabá.
Nunca houve nenhuma transação, o que é isso? Não tenho negócio nenhum, nenhum, nenhum. Tenho quase 42 anos de magistratura, nunca aconteceu nada comigo
Zampieri foi assassinado no dia 5 de dezembro do ano passado, quando deixava seu escritório no bairro Bosque da Saúde, na Capital.
Os investigadores do caso relataram à Veja movimentações financeiras envolvendo o lobista Andresson Gonçalves, amigo de Zampieri, um intermediário e o ministro do STJ Paulo Moura Ribeiro.
Andresson é apontado nas investigações como intermediário do esquema de venda de sentenças na Corte.
A transação financeira eleva o caso a um outro patamar porque, até então, as suspeitas estavam restritas a servidores de quatro gabinetes, não havendo nada contra os ministros.
Segundo a revista, a movimentação envolvendo Moura Ribeiro foi identificada pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que atendeu a um pedido da Polícia Federal, onde há uma frente de investigação sobre o caso.
“O simples fato de ter sido detectada uma transação classificada como fora do padrão pelo Coaf não significa que o magistrado tenha cometido crime ou recebido propina do esquema de corrupção instalado nos gabinetes do STJ, mas obrigou a polícia a remeter o inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF), que agora vai decidir se autoriza ou não o prosseguimento da investigação. Só ela vai esclarecer o que, por enquanto, pode ser classificado apenas como uma estranha coincidência”, afirmou a revista.
Em entrevista à Veja, Moura Ribeiro negou ter recebido qualquer repasse financeiro do lobista e garantiu que, até a eclosão do escândalo de venda de sentenças, nem sequer havia ouvido falar no nome de Andresson Gonçalves. “Nunca houve nenhuma transação, o que é isso? Não tenho negócio nenhum, nenhum, nenhum. Tenho quase 42 anos de magistratura, nunca aconteceu nada comigo”, disse.
O lobista também negou ter realizado qualquer transação com o magistrado. “Não existe este depósito. Estão me colocando como o maior vendedor de sentença do Brasil. Não conheço, não vi, nunca estive com ninguém do STJ, com nenhum chefe de gabinete, com nenhum assessor, com nenhum ministro, com ninguém”, disse.
Segundo ele, as acusações de que ele comercializava decisões judiciais são absolutamente falsas e estão prejudicando sua atuação como empresário do setor de transportes. “Me pegaram para Cristo”.
O lobista disse nunca ter pisado em qualquer gabinete do STJ nem conversado sobre sentenças ou decisões com quem quer que seja, já que ele não é do meio jurídico e, portanto, não teria sequer afinidade com o assunto.
Suspeita no STJ
As suspeitas da existência de um esquema na Corte envolvem os gabinetes dos ministros Isabel Gallotti, Og Fernandes, Nancy Andrighi e Moura Ribeiro.
Veja apontou que dois grupos – um envolvendo o empresário e lobista Andreson Oliveira Gonçalves e outro com a suposta participação da advogada Caroline Azeredo – mantinham uma parceria com servidores dos gabinetes dos quatro magistrados.