Perri aponta gasto alto com presos e defende ressocialização

O desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, defendeu investimentos na ressocialização de presos como forma de combater o avanço das facções criminosas no Estado.

 

O custo do preso neste país é muito alto para nós cidadãos que pagamos impostos

Para Perri, o problema da criminalidade não se resolve apenas com repressão, uma vez que, segundo ele, sua raiz está fincada na “miséria social”.   

 

A declaração foi dada durante discurso no lançamento do programa “Tolerância Zero ao Crime Organizado”, no Palácio Paiaguás, na tarde desta segunda-feira (25).

 

“Nós temos que  pensar muito bem essa questão da repressão ao crime. E eu digo com muita tranquilidade porque, muito provavelmente, sou um dos desembargadores mais duros no combate ao crime organizado. Defendo que para o crime organizado tem que haver leis duríssimas. Até não descarto a possibilidade de criar nesse país o Direito Penal do Inimigo, para eles serem tratados como inimigos, sim”, disse.

 

“Mas nós temos que nos preocupar também com a ressocialização das pessoas, porque o custo do preso neste país é muito alto para nós cidadãos que pagamos impostos. Aqui em Mato Grosso, o custo de cada preso é de R$ 4,3 mil. É muito mais do que o Governo pagaria para um universitário estudar”, acrescentou.

 

O desembargador ainda ressaltou que não se combate crime com prisões. Ele disse que países civilizados estão buscando estratégias para diminuir sua população carcerária, inclusive os Estados Unidos. Enquanto no Brasil, conforme ele, esse índice está subindo. E não seria diferente em Mato Grosso.

 

“É bem verdade que nunca antes na história desse Estado se cuidou tanto do sistema prisional como no governo Mauro Mendes. Agora, precisamos avançar, sim. Não é só apenas criar vagas no sistema prisional. Eu costumo dizer que se tiver 20 mil vagas, dentro de pouco tempo sabendo os juízes mato-grossenses, que prendem muito, eles vão encher esses presídios”, disse.

 

“Em Mato Grosso se estima que existam mais de 20 mil faccionados. Nós temos também pelos menos 30 mil mandados de prisão em aberto. Se nós prendêssemos tudo isso, onde é que iriamos colocar esses 50 mil? Nós só temos 12 mil vagas”, afirmou.

 

O desembargador ainda defendeu “Tolerância Zero” no cuidado com as pessoas que cometem crimes de menor potencial ofensido pela primeira vez. Para ele, o “crime” é o jogar essa pessoa no presídio para conviver com faccionados. 

 

“Nós temos que cuidar das pessoas é na primeira criminalidade, na audiêcia de custodia. Porque aquele preso que roubou pela primeira vez um celular… É um crime colocar essa pessoa junto com facionados, porque ela vai se alistar ao crime organizado no primeiro contato que ela tiver com o sistema prisional”, disse.

 

“Nós avançamos bastante no sistema prisional, mas precisamos avançar bastante ainda na ressocialização. Eu, particularmente, salvo os sociopatas, psicopatas, acredito no homem. Eu acredito que ele pode se salvar, sim. Jesus acreditou em todos e eu não posso perder a esperança de tanto quanto possível salvar alguns irmãos que tresmalharam do rebanho e se encontram lá cumprindo as suas penas. Vamos reprimir duramente o crime organizado, mas precisamos  recuperar também. É o apelo que eu faço”, encerrou. 

 

Assista o discurso a partir de 1h02min: 

 



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