TJ nega absolver contador condenado por morte de advogado
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso negou absolver o contador João Fernandes Zuffo da pena de 62 anos e três meses de prisão pela acusação de chefiar uma organização criminosa responsável por diversos crimes na região Sul do Estado, inclusive latrocínio.
Várias daquelas vítimas, inclusive crianças, mulheres, ficaram traumatizadas
Um dos crimes resultou na morte do advogado João Anaides Neto em 2021, no Residencial Flor do Vale, na zona rural de Juscimeira.
A decisão foi tomada pela Terceira Câmara Criminal em sessão realizada na tarde desta quarta-feira (13).
Os desembargadores seguiram por unanimidade o voto do relator, Gilberto Giraldelli.
Além dele, também tiveram as penas mantidas Ronair Pereira da Silva, que foi condenado a 48 anos e oito meses; e Lucas Matheus da Silva Barreto, sentenciado a 38 anos.
A sentença foi dada pelo juízo da 7ª Vara Criminal de Cuiabá em maio de 2023.
Zuffo, que já estava preso desde dezembro de 2021, quando foi alvo da Operação Flor do Vale, teve a prisão mantida e segue encarcerado.
A defesa do contador apontou incompetência territorial da 7ª Vara Criminal de Cuiabá para sentenciar o caso; violação do princípio do promotor natural; cerceamento de defesa; ilegalidade da juntada de documentos por parte do Ministério Público após o término da fase instrutória e compartilhamento ilegal de provas; suspeição da magistrada que deu a decisão e imprestabilidade probatória do depoimento de uma testemunha.
Com isso, buscava a absolvição das penas alegando que as provas seriam insuficientes para comprovar a sua autoria pela execução ou pela mentoria intelectual dos delitos de roubos, latrocínio, corrupção de menores e organização criminosa.
Em um extenso voto, o relator negou ponto a ponto os argumentos da defesa.
Giraldelli afirmou que as provas dos autos comprovam que o contador atuou como “mandante e autor intelectual dos crimes”.
O relator reforçou a gravidade dos delitos dando como exemplo o que terminou com a morte do advogado João Anaides Neto, no Residencial Flor do Vale, em que várias casas foram alvos dos bandidos.
“O crime se deu durante a noite quando as pessoas já estavam repousando. Elas tiveram as portas das suas casas estouradas a pontapés, foram ameaçadas”, lembrou.
“Várias daquelas vítimas, inclusive crianças, mulheres, ficaram traumatizadas. Para vocês terem uma ideia, uma dessas vítimas ainda estava construindo a casa lá e simplesmente abandonou o local por trauma. São consequências drásticas para todas as vítimas”, acrescentou.
Assista o julgamento completo:
Morte de advogado
O crime que levou à morte do advogado aconteceu no dia 18 de julho de 2021. O grupo invadiu o condomínio de chácaras Flor do Vale, roubou algumas propriedades e na última delas, em que estava a vítima, amarrou as pessoas que estavam na casa.
João Anaides e mais uma vítima do assalto foram amarrados separadamente em um banheiro.
Os ladrões então começaram a pegar objetos pessoais das vítimas e logo em seguida foi ouvido um disparo vindo do banheiro.
A vítima que estava trancada no banheiro junto com o advogado relatou que um dos ladrões arrombou a porta e efetuou um disparo na cabeça de João Anaides.
Após o tiro, os criminosos fugiram do local levando duas caminhonetes, uma delas, do advogado.
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