Juiz autoriza viagem a SC e retiro religioso para faccionados do CV

O juiz da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Jean Garcia de Freitas Bezerra, autorizou a viagem de dois réus da Operação Ragnatela, operação deflagrada pela Polícia Federal em junho deste ano contra a facção Comando Vermelho. A decisão é da última sexta-feira, 6 de dezembro, durante audiência de instrução.

“Defiro os pedidos referentes às autorizações de viagem formulados pelos causídicos dos réus Kamilla Beretta Bertoni e Rodrigo de Souza Leal, conforme argumentos consignados acima. Oficie-se à central de monitoramento informando os endereços onde os réus Kamila e Rodrigo permanecerão”, diz trecho da decisão.

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Segundo o documento, Kamilla ficará em Santa Catarina até março do ano que vem, retornando para Cuiabá no dia 1º. Ela comprovou à Justiça que seu pai e sua madrasta moram no estado e estão com a saúde debilitada.

A ré também pediu para retirar a tornozeleira eletrônica, mas o pedido não foi acatado.

Já Rodrigo pediu autorização para participar de um retiro religioso na cidade de Santo Antônio do Leverger neste final de semana, entre os dias 6 e 8 de dezembro.

RAGNATELA
A operação Ragnatela foi deflagrada pela Polícia Federal no dia 5 de junho e desmantelou um esquema de lavagem de dinheiro da facção criminosa Comando Vermelho, núcleo de Cuiabá.

Para isso, casas noturnas foram adquiridas pelas lideranças da facção, entre elas, o Dallas Bar, uma das principais casas noturnas de Cuiabá. A investigações apontam para uma movimentação financeira na ordem de R$ 39,3 milhões.

Rodrigo Leal é ex-servidor da Câmara Municipal de Cuiabá, onde atuava como coordenador de cerimonial, e apontado por ser o membro a movimentar maior quantia em dinheiro. Em suas contas, a Polícia Federal identificou uma movimentação na ordem de R$ 13,5 milhões, entre os anos de 2018 e 2022.

Já Kamilla foi apontada por movimentar a quantia de R$ 1,5 milhão no mesmo período. Os autos mostram também que ela foi identificada em fotos, portando fuzil, em comunidades do Rio de Janeiro.

A operação cumpriu mandados em Mato Grosso e no Rio de Janeiro, sendo oito de prisão preventiva e 36 de busca e apreensão, além do sequestro de imóveis e veículos, bloqueio de contas bancárias, afastamento de servidores de cargos públicos e suspensão de atividades comerciais. As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá.

Equipes da FICCO identificaram que criminosos participavam da gestão de casas noturnas em Cuiabá. Com uso dessa estrutura, o grupo passou a realizar shows de cantores nacionalmente conhecidos, custeados pela facção criminosa em conjunto com um grupo de promoters.

As investigações apuraram que os acusados repassavam ordens para a não contratação de artistas de unidades da Federação com influência de outras organizações criminosas, sob pena de represálias deliberadas pela facção criminosa.

A ORCRIM contava com o apoio de agentes públicos responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, que agiam sem observância da legislação de posturas e recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.

Durante as apurações, identificou-se também esquema para a introdução de celulares dentro de presídios; bem como, a transferência de lideranças da facção para estabelecimentos de menor rigor penitenciário, a fim de facilitar a comunicação com o grupo investigado que se encontrava em liberdade.

Dois dos principais alvos da operação acabaram sendo presos pela Polícia Federal neste último sábado 1/6, quando desembarcaram em aeroporto do Rio de Janeiro fazendo uso de documentos falsos e posse de grande quantidade de dinheiro em espécie e joias. Posteriormente, foram recolhidos no sistema penitenciária fluminense e também presos por força dos mandados de prisão da presente investigação.

A FICCO/MT é uma força-tarefa composta pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Judiciária Civil e Polícia Militar e tem por objetivo realizar uma atuação conjunta e integrada no combate ao crime organizado no estado do Mato Grosso.

VEJA MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA
* Rodrigo de Souza Leal (vulgo “Leal”) – movimentou R$ 13,5 milhões entre 2018 e 2022
* Willian Aparecido da Costa Pereira (vulgo “Gordão”) – movimentou R$ 781,9 mil entre 2018 e 2021
* Dallas Bar – movimentou R$ 6,7 milhões entre 2021 e 2022
* Espresso Lava Car e Complexo Beira-Rio – movimentou R$ 5,3 milhões entre 2018 e 2022
* Strick Pub Bistro e Restaurante – movimentou R$ 8,5 milhões entre 2021 e 2022
* Kamilla Beretta Bertoni – movimentou R$ 1,5 milhões entre 2018 e 2022
* Dom Carmindo Lava Jato e Conveniência – movimentou R$ 3 milhões entre 2020 e 2022



Estadão MT