Má gestão: Torre e outros projetos de Emanuel que naufragaram
Em meio a um caos administrativo, com problemas generalizados sobretudo na área de Saúde, e envolta a suspeitas de corrupção, a gestão do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) chega ao fim deixando para trás uma série de promessas não cumpridas – e pelo menos 20 projetos ambiciosos que naufragaram por má gestão.
Em 2017, logo que tomou posse, o prefeito apresentou um pacote ambicioso de obras para marcar o tricentenário de Cuiabá, celebrado em 2019. Quase oito anos depois, nenhuma dessas propostas saiu do papel (confira relação abaixo), à exceção do Mercado do Porto, cuja reforma apresenta problemas estruturais e não foi concluída.
O pacote de obras incluía mais de 20 projetos com um orçamento previsto de R$ 500 milhões. Na época, Emanuel justificou a ousadia das propostas afirmando que a Capital merecia “obras grandiosas” para marcar seu tricentenário. Uma Secretaria Extraordinária (Sec 300) foi criada para coordenar o programa, mas a maioria dos projetos não saiu do papel.
Entre as iniciativas mais destacadas estava o projeto de R$ 52 milhões para a requalificação do Morro da Luz e do Centro Histórico, que incluía a construção da “Torre dos 300 Anos” de 150 metros. Inspirada em monumentos internacionais, a torre seria erguida na Prainha e teria no topo um restaurante giratório, com vista panorâmica da Capital.
“Se Nova York tem, por que Cuiabá não pode ter?”, disse Emanuel à época.
Torre e restaurante giratório: só no papel
Inspirada na Times Square de São Paulo, que já é uma réplica da icônica Times Square de Nova York (EUA), a proposta consistia em requalificar o centro de Cuiabá, com a Praça Alencastro como ponto inicial.
Essa torre, que seria um dos símbolos da Capital, nunca foi iniciada. Em 2020, Emanuel anunciou que o obra do restaurante seria transferida para o Clube Dom Bosco, que por sua vez também tinha sua revitalização como um projeto, que também não saiu do papel.
Caminho das Igrejas e cais do Porto
O plano também previa a criação do “Caminho das Igrejas”, que consistia na construção de passarelas interligando pontos turísticos religiosos, como a Igreja do Rosário e São Benedito, Igreja de Nossa Senhora do Bom Despacho, Santuário Nossa Senhora Auxiliadora e até mesmo a Mesquita Muçulmana e a Igreja Universal do Reino de Deus. Este projeto, que visava atrair turistas para o Centro Histórico, também não andou.
Outro projeto de destaque foi a revitalização do Cais do Porto, um plano desenvolvido pelo Governo do Estado e aprovado pela Prefeitura. A obra previa a ligação de Cuiabá a Várzea Grande pela Alameda da Avenida Beira Rio.
Com recursos de R$ 14 milhões provenientes de emendas, o local seria transformado em um complexo com três níveis: um deck, um mirante e áreas de convivência. O projeto chegou a ter ordem de serviço assinada, mas foi interrompido após problemas estruturais e a desistência da empresa contratada.
Revitalização do clube Dom Bosco, outra promessa vazia
Mercados
Alguns projetos chegaram a ser iniciados, mas não foram concluídos. O Mercado do Porto, por exemplo, teve parte de sua reforma entregue, mas segue com problemas estruturais. Elevadores estão inativos, vazamentos são recorrentes e o espaço destinado aos feirantes ainda é improvisado.
Já o Mercado Miguel Sutil, localizado na Avenida Isaac Póvoas, que deveria ter sido finalizado em 2019, não saiu do chão. A proposta era transformar o espaço que hoje está abandonado e pouco usado pelo comércio em 750 vagas de estacionamento. O projeto previa quatro andares de estacionamento, com o mercado no terro, auditório, lojas e pontos comerciais e 150 com vagas para carros também.
Inicialmente orçada em R$ 14 milhões, a reforma passou para R$ 120 milhões com a inclusão de uma parceria público-privada, mas a obra está longe de ser entregue.
Cais do Porto também foi outro projeto inviabilizado por má gestao
Novos Parques
Outras promessas, como a criação de 10 novos parques, museu de cera, estacionamento subterrâneo e a revitalização da Lagoa Encantada, também não avançaram ou avançaram pouco.
Emanuel pretendia implantar formas alternativas de estacionamentos na capital em 2020. O estacionamento subterrâneo seria instalado ou na Praça da República ou na Praça Alencastro, ambas localizadas na região central.
O museu dos 300 anos, com um orçamento de R$ 5 milhões, o projeto tem como objetivo homenagear figuras importantes que marcaram os três séculos de Cuiabá, através de esculturas de cera, similar ao museu de Gramado (RS).
Outro destaque do plano de revitalização era o “Projeto Centro Geodésico da América do Sul” e o “Parque entre Cidades Cuiabá-Várzea Grande”, idealizado pela arquiteta e consultora Hívena Del Pintor.
O projeto previa um memorial na Praça do Porto, que representaria a navegação pelo Rio Cuiabá e o Centro Geodésico. “Estes dois motivos regionais seriam representados por uma rosa dos ventos que contasse a história desses dois ícones”, explicou a arquiteta.
Além disso, o lado cuiabano da Beira Rio seria transformado em um Edifício Cultural, oferecendo oficinas de artes, aulas de teatro, biblioteca, auditórios e espaços para promover a arte popular.
Mercado Miguel Sutil: só tapumes e nada de obra
Outra ideia era promover eventos culturais, como o Cine Pedal, um cinema itinerante em que a energia elétrica para exibir os filmes viria das pedaladas dos espectadores. Promessas de revitalizar o calendário cultural incluíam investimentos no Festival de Siriri e Cururu, além de festas tradicionais como Natal, Ano Novo e Carnaval.
A “Cow Parade”, evento que circula pelo mundo desde 1999, também estava nos planos do prefeito. Nesse projeto, esculturas de vacas seriam pintadas por artistas locais, expostas em diversos pontos da cidade e posteriormente leiloadas, com a renda destinada a instituições de caridade.
Com o encerramento do mandato de Emanuel Pinheiro, a maior parte dos projetos anunciados em 2017 permanece como promessas não cumpridas.
Veja os projetos que não saíram do papel:
– Restaurante Giratório
– Ônibus de city tour
– Estacionamento subterrâneo
– “Times Square Cuiabana”
– Museu de Cera
– 10 novos parques na capital
– Trincheira no Jardim Itália
– Cais do Porto
– Caminho das Igrejas
– Memorial Cuiabá 300 anos
– Marco São Gonçalo Beira Rio 300 anos
– Centro Geodésico da América do Sul
– Museu Dutrinha
– Edifício Cultural
– Revitalização da Lagoa Encantada
– Revitalização Clube Dom Bosco
-Mercado Municipal Miguel Sutil
-Calendário cultural
-Cine Pedal
-Cow Parade
Parques
– Parque do Caju – 20hectares
– Parque Orla São Gonçalo – 00,30 hectares
– Parque Dante de Oliveira – 25 hectares
– Parque do Moinho – 22,45 hectares
– Parque Industrial – 19,54 hectares
– Parque Residencial Coxipó – 35,50 hectares
– Parque Ibama – 15,50 hectares
– Parque Campo do Bode – 25 hectares
– Parque Bosque da Vida – 8,72 hectares