Morte de soldado gerou comoção e mudou regras para treinamentos do Corpo de Bombeiros em MT

Lucas Veloso Peres, de 28 anos, morreu enquanto fazia um treinamento do Corpo de Bombeiros na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, no último dia 27 de fevereiro, após receber um “caldo” de seus superiores. A morte do jovem causou comoção nacional e resultou na criação de uma lei que obriga a filmagem de todos os treinamentos das forças de segurança de Mato Grosso. 

Lucas era natural de Caiapônia, em Goiás, e estava em Mato Grosso após ser aprovado no concurso do Corpo de Bombeiros. Ele realizada um treinamento de salvamento aquático na Lagoa Trevisan quando faleceu.

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O jovem chegou a ser socorrido e levado ao Hospital H-Bento, mas não resistiu. Os investigadores encontraram mensagens de aplicativo de outros alunos comentando sobre o que teria ocorrido, relatando que Lucas teria levado um “caldo”, gíria usada para se referir ao ato de afundar o aluno na água. 

O laudo médico apontou que o jovem foi asfixiado, o que levou o Ministério Publico do Estado (MPMT) a denunciar o capitão BM Daniel Alves de Moura e Silva e o soldado BM Kayk Gomes dos Santos pelo homicídio duplamente qualificado de Lucas.

De acordo com o Ministério Público de Mato Grosso, os denunciados, agindo com dolo eventual, mataram a vítima mediante asfixia por afogamento e prevalecendo-se da situação de serviço.

A dinâmica do exercício era que, a cada dois alunos, um deveria portar o flutuador do tipo Life Belt. Nessa divisão, Lucas Veloso ficou com a missão de levar o equipamento. Após percorrer aproximadamente 100 m da travessia a nado, o aluno passou a ter dificuldades na flutuação e parou para se recompor, utilizando o Life Belt. Desconsiderando a exaustão do soldado, o capitão determinou que ele soltasse o flutuador e continuasse o nado. A vítima tentou dar prosseguimento à atividade por diversas vezes, voltando a buscar o flutuador em razão das dificuldades.

Ainda segundo o MP, o capitão insistiu para o soldado soltar o equipamento de segurança, proferindo ameaças, até que determinou ao codenunciado Sd BM Kayk Gomes dos Santos que retirasse o flutuador da vítima. O monitor retirou o Life Belt da vítima e lhe deu “vários e reiterados caldos”. Desesperado e com intenso sofrimento físico e mental, a vítima passou a clamar por socorro e pedir para sair da água.

Após mobilização dos pais de Lucas, o governador Mauro Mendes (União) pediu desculpas à família e garantiu que iria trabalhar para que todos os treinamentos fossem filmados para evitar tragédias como a de Lucas. Mauro chegou a editar um decreto determinando a gravação obrigatória, mas os deputados estaduais preferiram transformação a determinação em lei. A lei estadual n 12.579/24 foi sancionada em 1º de julho.

O julgamento dos denunciados pela morte de Lucas ainda está na fase inicial. 



Estadão MT