PF encontra cetamina durante busca na casa de servidora da AL investigada em venda de sentenças

A ex-servidora da Justiça de Mato Grosso, Alice Terezinha Artuso, investigada no esquema de venda de sentenças, foi levada pela Polícia Federal para prestar esclarecimentos após os agentes encontraram na casa dela uma porção de cetamina – anestésico de uso humano e veterinário que se tornou uma droga ilícita na década de 1980. Ação foi realizada nesta sexta-feira (20), durante a Operação Sisamne.

Segundo a PF, a droga foi levada para perícia, mas a polícia não informou a quantidade apreendida. Já Alice assinou um termo circunstanciado por tráfico ilícito e uso indevido de drogas e posse de drogas para consumo pessoal.

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Alice foi servidora da Justiça em 2013, passando também pelo governo do estado e, atualmente, é comissionada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), como gerente de manutenção e serviços gerais. O salário é de R$ 9,3 mil.

O g1 tenta localizar a defesa da investigada.

O que é cetamina?

A substância cetamina (também grafada como quetamina ou ketamina, por causa de sua origem no inglês – ketamine) é um anestésico de uso humano e veterinário que se tornou uma droga ilícita na década de 1980.

O fármaco é considerado um anestésico dissociativo, isto é, que causa efeitos alucinógenos, sensação de bem-estar e tem potencial sedativo quando usado como droga recreativa.

O primeiro caso da utilização da cetamina como droga (ou seja, para fins recreativos) foi registrado nos anos 1970, nos Estados Unidos. Na década de 1990, o uso se disseminou no Reino Unido, especialmente em clubes noturnos e festas conhecidas como raves.

No Brasil, o tráfico utiliza essa substância para produzir uma droga sintética traficada com o nome de “special k”, “Key”, “Keyla” ou “Keta”.

Morte de ex-sinhazinha do Garantido

Em maio deste ano, três pessoas foram presas pela polícia após a morte de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Garantido, por tráfico de drogas e associação ao tráfico. Segundo a polícia, eles estavam envolvidos com o uso e venda de cetamina em um ritual.

Mandados da operação

Além do mandado contra Alice, foram cumpridos determinações de afastamento das funções públicas de servidores do Poder Judiciário, proibição de contato e saída do país, recolhimento de passaportes, além do bloqueio de R$ 1,8 milhão dos investigados e o sequestro dos imóveis adquiridos por um magistrado.

A nova fase da Operação Sisamne, deflagrada nesta sexta por determinação do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), apura a compra de casas e veículos com o dinheiro obtido na venda de decisões judiciais, segundo a Polícia Federal. As investigações identificaram sucessivas operações imobiliárias suspeitas promovidas pelos investigados.

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Venda de sentenças em MT

Em agosto, os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho foram afastados das funções no Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso (TJMT), por suspeita de envolvimento em vendas de decisões judiciais.

Em 26 de novembro, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas dos dois desembargadores, durante a primeira fase da Operação Sisamnes, em Cuiabá. Na ação, a PF também prendeu o lobista Andreson Gonçalves, apontado como intermediário das vendas.

Segundo a polícia, a operação investiga os crimes de organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e vazamento de informações sigilosas.

Desde então, os dois magistrados estão sendo monitorados por tornozeleira eletrônica, informou a PF. Eles também tiveram os passaportes apreendidos, além de bloqueio de bens e valores.

Em nota, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) informou que está ciente do caso e se colocou à disposição para o fornecimento de informações necessárias ao andamento das investigações.

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Investigações

As investigações começaram quando o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) descobriu que os dois desembargadores mantinham uma amizade com o advogado Roberto Zampieri, morto em dezembro do ano passado, e recebiam vantagens financeiras para julgarem recursos de acordo com os interesses do advogado.

O grupo pedia dinheiro para beneficiar partes de processos judiciais ilegalmente. Em seguida, emitia decisões favoráveis a esses “clientes”, ainda conforme investigações.

A Polícia Federal também investiga negociações ligadas ao vazamento de informações sigilosas, incluindo detalhes de operações policiais.

Caso Zampieri

O advogado Roberto Zampieri foi morto com 10 tiros dentro do próprio carro em frente ao escritório. Ele foi surpreendido por um homem de boné, que disparou pelo vidro do passageiro, e fugiu em seguida. Segundo a Polícia Militar, o advogado saía do escritório que trabalhava quando o crime aconteceu.

O delegado da Polícia Civil, Nilson Farias, disse que o atirador aguardava o advogado na frente do escritório e que a vítima tinha um veículo blindado há mais de 5 anos.

Conforme as investigações, foi verificado que existe uma demanda de duas fazendas em Paranatinga, a 411 km de Cuiabá, avaliadas em cerca de R$ 100 milhões, e que a perda dessas propriedades na Justiça teria levado Aníbal a mandar matar o advogado. Além disso, o mandante desconfiava de uma suposta aproximação de Zampieri com o desembargador do caso.



Estadão MT