“Me preparei a vida toda; faremos alianças sem vender a alma”

No gabinete do vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos), servidores e visitantes são constantemente lembrados de que, ali, a busca pela excelência parece ser uma obsessão. “Eu posso fazer melhor”, dizem as mensagens impressas em papéis sulfite colados nas paredes, desde a recepção até a sala onde ele despacha.

 

Tenho a firme intenção de ser candidato. Me preparei a vida toda e, se Deus quiser, me apresentarei ao povo de MT

A frase traduz o espírito deste gaúcho nascido há 65 anos em Caiçara e que chegou na década de 80 a Mato Grosso, onde fez fortuna no agro e construiu uma sólida carreira política.

 

Ex-prefeito de Lucas do Rio Verde por três vezes, ex-deputado estadual e atual vice desde 2019, ele tentará, em 2026, dar o passo mais importante nesta trajetória: se eleger governador do Estado. “Eu posso fazer melhor”, pontua, enfático.

 

Nesta semana, em que esteve interinamente como governador, Pivetta recebeu a reportagem do MidiaNews para uma entrevista exclusiva. Na conversa, falou sobre seu projeto ao Palácio Paiaguás, mas também sobre economia, desigualdade social, industrialização, infraestrutura e educação, estes dois últimos seus temas preferidos.

 

“Tenho a firme intenção de ser candidato em 2026. Me preparei a vida toda, continuo nessa preparação e, se Deus quiser, chegando lá com saúde, vou me apresentar para o povo mato-grossense”, disse. Ele revelou que pretende intensificar as conversas com partidos para viabilizar seu nome. “Vamos procurar fazer aliança, sem vender a alma”.

 

Confira os principais trechos da entrevista (e a íntegra no vídeo ao final da matéria):

 

MidiaNews – O caminho do grupo político do senhor e do governador Mauro Mendes já está desenhado para o próximo ano: o senhor deve assumir o comando do Palácio Paiaguás, em abril de 2026, e disputar a reeleição. Já o governador deve tentar uma das vagas ao Senado. Qual  sua expectativa sobre esse desenho?

 

Otaviano Pivetta – Otimista e realista. Tenho a firme intenção de ser candidato em 2026. Me preparei a vida toda, continuo nessa preparação e, se Deus quiser, chegando lá com saúde, vou me apresentar para o povo mato-grossense e falar sobre a minha história e sobre o que pretendo fazer. Tenho confiança de que posso ser muito conveniente para o meu povo mato-grossense.

 

 

MidiaNews –  O senhor sempre foi muito discreto como vice. Essa postura tende a mudar daqui para frente?

 

Otaviano Pivetta – Não. A discrição é algo que é intrínseco a mim. Não gosto de dar show, não tenho essa vocação. Sou do “fazimento”, como as pessoas me conhecem. Gosto muito de resultado. E o único poder que me interessa é o de fazer. Então, não tenho pretensão de ser um artista.

 

Falam até que eu sou antipático. Mas acho que o povo não precisa de miss simpatia, o povo precisa de governantes que entreguem. Que façam o que tem que ser feito e cuidem do dinheiro público, com compromisso, seriedade, honestidade e com os propósitos que é a tarefa de governar.

 

 

A discrição é algo que é intrínseco a mim. Não gosto de dar show, não tenho essa vocação. Sou do “fazimento”, como as pessoas me conhecem

MidiaNews – E quanto ao cenário eleitoral, sabemos que pode parecer cedo, mas Mato Grosso é um estado com grande eleitorado bolsonarista. Pretende se aproximar desse grupo de eleitores?  

 

Victor Ostetti/MidiaNews

Otaviano Pivetta

Pivetta: “Falam até que eu sou antipático, mas acho que o povo não precisa de miss simpatia”

Otaviano Pivetta – Eu me identifico muito com esse eleitorado. Sou gaúcho, faz 37 anos que estou em Mato Grosso, vivi 30 anos em Lucas do Rio Verde. Sou fundador da cidade, de Nova Mutum… Acho que ao longo do tempo nós mostramos resultados. Governo de resultado. Quanto arrecadou, aonde foi o dinheiro, o que produziu com esses recursos. Isso a gente sempre fez.

 

Foram três mandatos de perfeito em Lucas. Meu irmão, foram quatro mandatos de perfeito em Nova Mutum. Nós ajudamos a desenvolver aquela região e é um exemplo de gestão de resultados, que o povo se beneficiou. É onde tem os melhores IDHs (Índice de Desenvolvimento  Humanno) do Estado.

 

O meu esforço aqui, na função de vice-governador e ajudante do governo, é replicar esse modelo no Estado todo. Estamos conseguindo fazer isso, não na velocidade que gostaríamos. Mas é o que dá pra fazer, porque afinal o território é muito grande, as diferenças regionais são muito grandes, as vocações regionais também. É um desafio.

 

Não tenho nenhuma preocupação quanto ao fato de eu não estar no partido do ex-presidente. Não impede que eu tenha ideias que combinem com as dele.

 

MidiaNews – O senhor pensa em buscar apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro?

 

Otaviano Pivetta – Eu penso em buscar apoio. Acho que é possível. Fizemos isso na eleição passada. Temos uma coligação vigente, vamos falar. Apoiamos o PL em muitos municípios nessa última eleição, assim como tivemos o apoio. Não existem grandes diferenças.

 

Talvez a impressão que eu deixo é de não ser fanático, realmente não sou. Não me considero de direita nem de esquerda, e muito menos de centro. Sou para frente. É para frente que temos que andar. Cabeça erguida para frente e para o alto. Eu nunca me contentei com nada que não fosse resultado.

 

Os partidos e lideranças que se identifiquem com o meu estilo, vamos procurar fazer aliança, sem vender a alma. Com respeito, com entendimento e sempre preservando o que nos interessa e que no fim é a única razão de eu estar na política.

 

 

MidiaNews – Como o senhor enxerga a possibilidade do empresário Odilio Balbinotti, que é bolsonarista, disputar o Governo? Ele já se colocou como pré-candidato, tem recursos e pode aglutinar grande parte dos partidos de direita.

 

É muito cedo. Não dá para avaliar [a gestão do prefeito Abílio]. Vamos dar um tempo que ele merece. Ele teve a confiança da maioria do povo e tem a nossa confiança também

Otaviano Pivetta – Não tenho prestado atenção, sinceramente. Acho que todos os nomes precisam ser respeitados, mas não posso falar nada sobre ele, porque só conheço de nome, não tenho proximidade. Vamos aguardar. Vou construir minha candidatura independente de quem vai construir a sua. Tenho determinação de ser candidato e vou trabalhar para isso.

 

MidiaNews – Recentemente, o empresário Eraí Maggi afirmou que Balbinotti precisa primeiro conhecer mais o Estado antes de querer ser candidato. Disse, inclusive, que ele não pode chegar e já querer “sentar na janela”. O senhor também pensa assim?

 

Otaviano Pivetta –  Não. Essas são declarações que todo mundo tem direito de dar. Não vou comentar nada sobre ele [Balbinotti], porque realmente não o conheço. Tenho meu partido, já tenho meu lugar assegurado para pretender esta posição de candidato e vou andar com as minhas energias, angariando os apoios que conseguir.

 

Midia News – O senhor pretende, então, intensificar essa agenda política nos próximos meses?

 

Otaviano Pivetta – Pretendo intensificar. Trabalhando, mas olhando com a devida atenção para esse tema que se aproxima. É inevitável não olhar 2026, já que é o ano que vem.

 

MidiaNews – O senhor foi um dos apoiadores da candidatura do prefeito Abílio Brunini em Cuiabá, inclusive fez doação financeira a ele. Como analisa os primeiros movimentos do agora prefeito em Cuiabá?

 

Otaviano Pivetta –  É muito cedo. Não dá para avaliar, não dá para tirar nenhuma conclusão em 20 dias de mandato, pegando uma Prefeitura na situação que parece estar a Prefeitura de Cuiabá. Vamos dar um tempo que ele merece. Ele teve a confiança da maioria do povo de Cuiabá e tem a nossa confiança também. Vamos esperar que ele tenha o desempenho esperado. E o Governo de Estado será parceiro de Cuiabá, para melhorar o serviço na educação, na Saúde, na infraestrutura urbana.

 

Nós temos muita disposição para ajudar, o Estado já investe bastante na Capital, na Baixada Cuiabana e queremos apoiar o Abilio nas iniciativas que tiver.

 

 

MidiaNews – O senhor acha que a parceria já iniciada entre o Governo do Estado e a Prefeitura pode indicar um caminho de coligação entre União e PL em 2026, como muitos pretendem?

 

Otaviano Pivetta – Tudo são pontes e se as pontes caírem cria-se obstáculos. Não me preocupo com essa questão. Repito: candidatura é algo que está nos meus objetivos de vida. O momento certo vai chegar e os acordos adequados também serão feitos no momento certo. Existe chance de acontecer, mas se vai acontecer ou não, só o tempo irá dizer.

 

MidiaNews – Quanto ao governo Lula, qual a avaliação faz desse governo?

 

Não há mais espaço para jeitinho, para o politicamente correto, e também não há mais espaço para o show. Tem muito show aí.

Otaviano Pivetta –  Acho ruim. Ruim para o Brasil. Todos os indicadores da economia são preocupantes. E o pior de tudo é a criminalidade. A criminalidade em expansão. O governo chama os governadores para fazer plano de combate ao crime organizado. Inúmeras reuniões, não apresenta nada palpável. Muita confusão, falta de comunicação reta, falta de proposta objetiva.

 

Na economia não preciso falar, porque não sou economista, mas basta um pequeno empreendedor ir buscar um financiamento para qualquer que seja o empreendimento, volta para casa desanimado, porque nenhuma atividade econômica devolve para o empreendedor uma margem de 20%, que é o custo financeiro de hoje.

 

O cidadão que quer construir uma casinha, que tem direito e merece, não consegue fazer também, porque não tem cadastro para fazer, os juros são proibitivos. Enfim… O país não vai bem, muita demagogia, muita conversa para os lados, falta de papo reto, objetivo.

 

Nós que, de alguma maneira, temos essa missão de governar, precisamos ser curto e reto. Não há mais espaço para jeitinho, para o politicamente correto, e também não há mais espaço para o show. Tem muito show aí.

 

MidiaNews – Acha que o ex-presidente Jair Bolsonaro vai conseguir reverter a inelegibilidade até 2026?

 

Otaviano Pivetta – Falar sobre isso é muito difícil. Mas torço que sim. Acho que precisamos ter opção no Brasil. Se o Lula teve direito a ser candidato, depois de tudo o que a Justiça disse que ele fez… Não é pelo que estão acusando Bolsonaro que ele precisa ser cerceado desse direito de ser candidato. Sou favorável a ele ser candidato, como sou favorável a ter outros candidatos também, temos muitos bons nomes no Brasil.

 

 

MidiaNews – O senhor disse não ser de direita e nem de esquerda. Esse extremismo numa eventual eleição para presidente em 2026 não é ruim para o país?

 

MidiaNews – Acho ruim, acho ruim o extremismo, acho ruins as paixões, esse discurso ideológico vazio. Como falei, o que interessa para o povo brasileiro é resultado. O povo quer acesso à moradia, alimentação de qualidade, quer educar o filho numa escola pública decente, quer ir num PSF e ser bem atendido pelo médico da família. É isso que temos que oferecer para o povo brasileiro. E aqui em Mato Grosso, estamos caminhando muito firme para oferecer todos esses direitos para o povo muito em breve.

 

Victor Ostetti/MidiaNews

Otaviano Pivetta

Pivetta: “O que interessa para o povo brasileiro é resultado”

Nós precisamos fazer o básico e bem feito. E tenho certeza de que começamos isso em 2019, evoluímos muito, mas temos ainda correções de rumo e muito caminho para evoluir.

  

MidiaNews – Mudando de assunto, a projeção de crescimento do nosso PIB aqui em Mato Grosso  é de 4,1% neste ano, ficando em segundo lugar no país, atrás apenas de Mato Grosso do Sul. Mesmo com toda essa riqueza, o senhor não acha que ainda há um descompasso em relação ao setor social? Que essa riqueza não se reflete, necessariamente, no bem estar da imensa maioria da população?

 

Otaviano Pivetta – Eu acho. Falta mais verticalização na produção. Mato Grosso é um gigante na produção, como você falou, mas somos ainda exportadores de produtos primários. Não agregamos valor na maioria do nosso volume de produção.

O que estamos fazendo é fomentar o desenvolvimento, abrir caminhos para todos, não privilegiar empresa nenhuma, isonomia nos compromissos do Estado, na tributação, investindo na qualidade da educação

E essa é uma das razões pelas quais não conseguimos uma distribuição de renda como é o nosso sonho. Sou favorável e este Governo do Estado começou a estimular com segurança jurídica e com seriedade o desenvolvimento industrial em Mato Grosso.

 

Em 2019 havia uma indústria de etanol instalada em Mato Grosso. Hoje, temos oito ou nove grandes indústrias esmagando em torno de 15 milhões de toneladas de milho esse ano, uma produção de 45, 50 milhões de toneladas. Tem um espaço muito grande para industrialização do milho. O esmagamento e a fabricação de biocombustível também estão crescendo muito. Mato Grosso tem essa vocação de ser uma fonte de produção de proteína para alimentação humana e também de combustível renovável. E esse modelo vai ser replicado.

 

Um dos fatores limitantes é a infraestrutura, a falta de rodovias, a falta de ferrovias, a falta de hidrovias. E estamos, como nunca foi feito até aqui, fazendo estradas. Viabilizamos a ferrovia até o Médio Norte, até a Baixada Cuiabana, até a Cuiabá. Os desafios são muitos, mas este governo fez um esforço e não só esforço, desempenhou muito bem nesses seis anos. 

 

MidiaNews – O último dado do IBGE sobre a pobreza em Mato Grosso indica que mais de 1 milhão de pessoas não tiveram comida suficiente ou adequada, em 2023. Isso quer dizer que quase um terço da população estava em situação de insegurança alimentar. O que o Governo do Estado está fazendo para mitigar isso?

 

Otaviano Pivetta – Isso é um problema do Brasil. Pessoas de baixa renda ou sem nenhuma renda, ao mesmo tempo, outras pessoas, outros grupos com muita concentração de renda. O que estamos fazendo é fomentar o desenvolvimento, abrir caminhos para todos, não privilegiar empresa nenhuma, isonomia nos compromissos do Estado, na tributação, investindo na qualidade da educação. O que investimos hoje na rede pública estadual é o mesmo valor que os pais que podem pagar, pagam para os seus filhos nas escolas particulares.

 

Não é por falta de investimento que não temos ainda a educação de valor que queremos ter. O Estado mudou tudo isso a partir de 2019. Éramos 22º na educação, hoje somos 8º. Estamos caminhando aceleradamente para ser o primeiro do Brasil, não tenho dúvida disso. Mas demanda tempo, não se faz educação de qualidade de um ano para o outro. É estabelecer rumos.

 

O Governo Mauro Mendes, do qual faço parte e ajudo desde 2019, colocou rumo no Estado de Mato Grosso. Primeiro, devolveu o Estado para a sociedade, que o Estado estava capturado. O Estado consumia tudo o que arrecadava. E nós, ao longo desse tempo, com o apoio da Assembleia Legislativa, é verdade, fizemos as reformas e conseguimos salvar 18%, 20% do Orçamento para investimentos.

 

É o que está causando esse círculo virtuoso em Mato Grosso. Não nos deixa tranquilo, não dá para se conformar que em Mato Grosso ainda tenhamos brasileiros que passam necessidade. Os programas de transferência de renda do Governo Federal, em tese, teriam que amenizar isso.

 

Temos também pequenos programas de transferência de renda, porque não é papel do Estado, é papel da União. Talvez tenha que intensificar isso, mas temos programas de apoio para a construção da casa própria. Nós estamos investindo em seis hospitais na Capital e no interior para melhorar o status do serviço de Saúde.

 

O desafio continua sendo grande, que é diminuir as diferenças. Mas distribuição de renda e diminuição das diferenças regionais se darão com o Estado pujante, investindo em educação, cuidando da saúde e estimulando os investimentos. E tudo isso estamos fazendo.

 

 

MidiaNews – Qual é a expectativa de entrega de infraestrutura até o final da gestão do governo Mauro Mendes?

 

Devemos chegar ao final do mandato de oito anos com 7 mil ou 7,5 mil quilômetros de novas rodovias pavimentadas, para uma malha viária total de 30 mil quilômetros

Otaviano Pivetta –  O nosso plano para os próximos dois anos, 2025 e 2026, é pavimentar cerca de 1,7 mil quilômetros, entre estradas estaduais e as agroestradas. Devemos chegar ao final do mandato de oito anos com 7 mil ou 7,5 mil quilômetros de novas rodovias pavimentadas, para uma malha viária total de 30 mil quilômetros.

 

E é bom lembrar que o Estado tinha 6 mil quilômetros em 2019 de estradas estaduais pavimentadas ao todo. Estamos dobrando, em oito anos, o que foi feito na história do Mato Grosso em pavimentação de rodovias.

 

MidiaNews – O Ensino Médio de Mato Grosso deixou o 22º lugar no ranking do Ideb, em 2019, para ocupar a 8ª posição. Quando esse processo começou e qual foi o caminho traçado?

 

Otaviano Pivetta – O processo de melhoria do nosso sistema educacional começou com o planejamento, organização do sistema, investimentos em infraestrutura, ambiências – salas de aula com conforto adequado para professores e alunos -, esporte e lazer, alimentação de qualidade e tecnologia.

 

Investimos na distribuição de tecnologias e materiais pedagógicos em todo o território do Estado, que são usados nas melhores escolas particulares do Brasil. Temos desafios ainda. Das 650 escolas do Estado, cerca de 200 precisam de intervenção, reforma ou construção de escolas novas.

 

Estamos, esse ano, lançando o edital para a construção de mais 36 colégios estaduais integrados, como esses que foram entregues em Cuiabá e Várzea Grande. E esse é o novo modelo de educação pública, modelo de valor, em que o aluno, o professor, chegam na sala de aula e não têm vontade de sair. O aluno vai para a escola e quer ficar, porque o ambiente é bom, tem piscina, tem ginásio de esporte, tem computador, tem tecnologia, tem laboratórios. Estamos fazendo a sala de aula do futuro em Mato Grosso.

 

MidiaNews – Até o final da gestã0 Mendes, acha que é possível chegar entre os cinco melhores estados em educação pública do país? 

 

Victor Ostetti/MidiaNews

Otaviano Pivetta

Pivetta: “Deus sempre permite que a gente colha uma boa safra”

Otaviano Pivetta – Eu não tenho dúvida. Ao continuar nesse rumo que está estabelecido, nos próximos cinco, seis anos, vamos estar entre os primeiros.

 

Acredito muito que na nova prova [do Ideb], vamos figurar entre os cinco melhores do Brasil. E dando sequência no que estamos fazendo, continuar com os investimentos, continuar na qualificação, valorizando os professores, não tenho dúvida de que em meia dúzia de anos vamos passar Goiás, apesar de o nosso governador ser goiano [risos].

 

MidiaNews – O Estado vai lançar o edital para o concurso público da Educação neste ano?

 

Otaviano Pivetta – A ideia é contratar os professores necessários através desse teste seletivo. Temos uma preocupação muito grande com a criação de despesas permanentes, porque estamos com a folha de pagamento ocupando 44% da nossa receita, isso já é um alerta.

 

Governar é tomar decisões e, às vezes, as decisões não são aquelas esperadas por um segmento ou outro. Tomamos decisões baseadas no interesse da sociedade como um todo. E um dos cuidados que precisamos ter para não voltar ao que já passamos no passado é exatamente cuidar dos custos fixos das despesas. Isso é um problema que assola o Brasil.

 

Estamos assistindo essa falta de responsabilidade fiscal federal que dificulta a vida de todos os brasileiros, juros indo a 15%, 18% ao ano. O governo não para de gastar, você não vê resultado desse gasto, gasto de má qualidade. O Congresso Nacional assaltando o país, emenda para tudo quanto é lado. E você não vê obra estruturante, não vê a sociedade se beneficiando dos recursos públicos.

 

O que o Mauro e eu fazemos aqui todo dia é exatamente isso, como é que vamos gastar melhor o dinheiro do povo mato-grossense? Como é que a gente faz para que o cidadão que está na ponta seja beneficiado das ações do governo?  E isso requer muita austeridade. É o que não faltou e não vai faltar até o fim do nosso governo.

 

MidiaNews – Está descartado, então, o concurso para a Educação?

 

Otaviano Pivetta – Que eu saiba não existe concurso previsto.

 

 

MidiaNews – Qual a sua avaliação sobre a Saúde em Mato Grosso, com demandas cada vez maiores? Quais são ainda os principais desafios? Falta dinheiro para o setor?

 

Temos problemas que não são poucos e também não são simples na saúde. Estamos sempre num esforço tremendo

Otaviano Pivetta – O nosso sistema brasileiro de Saúde, o SUS, é tripartite: Governo Federal, Governo de Estado e Municípios. Quando um ente desses falha, compromete todo o sistema. E temos problemas que não são poucos e também não são simples na saúde. Estamos sempre num esforço tremendo.

 

Não dá para deixar de repetir: estamos construindo seis grandes hospitais, quatro no interior e dois na Capital. É o que vai deixar Mato Grosso apto, com leitos suficientes e tecnologia para fazer procedimentos de média e alta complexidade que hoje não temos.

 

Temos uma demanda reprimida por eventos localizados, como é o caso de Cuiabá, Várzea Grande, e isso acumula um passivo muito grande. A sociedade padece, sofre…

 

Espero que com as novas gestões e essa sintonia que já estão tendo com a Secretaria de Estado de Saúde, a gente consiga avançar nos procedimentos e atendimento para eliminar o déficit e acabar com o sofrimento das pessoas que dependem da saúde pública.

 

MidiaNews – Nesta semana Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos. Do ponto de vista do agro brasileiro, qual a expectativa em relação ao governo dele?

 

Victor Ostetti/MidiaNews

Otaviano Pivetta

Pivetta: “Temos essa dádiva de estar produzindo no melhor endereço do mundo, que é o cerrado de Mato Grosso”

Otaviano Pivetta – Acho que não muda nada. O agro de Mato Grosso é uma atividade eminentemente exportadora. É possível que a China venha buscar mais matérias-primas aqui no Brasil, influenciando positivamente o agro mato-grossense.

  

MidiaNews – Tivemos um clima favorável neste ano na comparação com a safra passada, marcada pela seca. Haverá supersafra de soja?  A Conab diz que sim, a Aprosoja diz que não por causa do excesso de chuvas neste período. O senhor está otimista com a safra? 

 

Otaviano Pivetta – Eu estou otimista. É Mato Grosso sendo Mato Grosso. Bastante chuva nessa época. Deus sempre permite que a gente colha uma boa safra.

 

MidiaNews – Vai ser uma supersafra esse ano?

 

Otaviano Pivetta – Tudo está indicando para isso.

 

MidiaNews – Com o dólar a R$ 6 praticamente, será bom para a economia do Mato Grosso?

 

Otaviano Pivetta – Nosso sistema produtivo se alimenta muito de insumos e bens duráveis que são importados para Mato Grosso. Trator, máquinas, implementos defensivos, fertilizantes. Oitenta por cento do nosso custo de produção, a gente traz de fora. Vinte por cento mais ou menos é a margem. Houve uns anos muito bons e muita gente acostumou nessa bonanza. Os negócios vão mudando, como tudo muda. No capitalismo é assim.

 

É um ano um pouco mais apertado, mas acredito que ainda assim é um ano bom para Mato Grosso, porque diferente de outros estados, especialmente o Sul, o Sudeste, que é uma agricultura de clima temperado. Mato Grosso não teve frustração, nunca. Teve ano passado uma frustração de 20% que não dá para dizer que é frustração, foi um lapso. Temos essa dádiva de estar produzindo no melhor endereço do mundo, que é o cerrado de Mato Grosso.

 

Assista a entrevista na íntegra: 

 

 

 



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