Mato Grosso ocupa a 5ª colocação dos estados que mais se mata transexuais

Um dossiê divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) nesta segunda-feira (27), em Brasília, revela que 122 pessoas trans e travestis foram assassinadas no Brasil em 2024. O número apresenta uma pequena queda em comparação a 2023, ano que registrou 145 mortes.

Segundo a Antra, a vítima mais jovem, em 2024, tinha 15 anos.

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O perfil das vítimas é majoritariamente de “jovens trans negras, empobrecidas, nordestinas e assassinadas em espaços públicos, com requintes de crueldade”.

O estado com o maior número de casos foi São Paulo.

O dossiê destaca que, pelo 16º ano consecutivo, o Brasil continua sendo o país que mais mata pessoas trans no mundo

As mortes de Bianca Castyel, Luane Costa da Silva, Naira Victória Neris, Neuritânia Pacheco, Santrosa, Amanda Eduarda, Wevellyn Marcelly, Jhenifer Luiza, Daniela e Jullyane Alexsandra estão entre os casos registrados.

Segundo a presidente da Antra, Bruna Benevides, o dossiê é uma ferramenta de denúncia, monitoramento e memória, além de qualificação de dados e informações. Bruna diz que a pesquisa auxilia na elaboração de políticas públicas e proporciona um debate para a erradicação da violência.

“O dossiê é uma denúncia gritante de que a sociedade tem falhado com a comunidade trans, que precisa assumir, portanto, compromisso na defesa da garantia da vida para nossa comunidade”, diz Bruna Benevides.

Número de assassinatos por estado
 
Dos assassinatos em 2024:

117 foram contra travestis e mulheres trans/transexuais
5 contra homens trans e pessoas transmasculinas

Veja os números de mortes por estado e o Distrito Federal, segundo a Antra:

São Paulo: 16 casos
Minas Gerais: 12 casos
Ceará: 11 casos
Rio de Janeiro: 10 casos
Bahia, Mato Grosso e Pernambuco: 8 casos cada
Alagoas: 6 casos
Maranhão, Pará e Paraíba: 5 casos cada
Piauí e Rio Grande do Sul: 4 casos cada
Espírito Santo e Santa Catarina: 3 casos cada
Goiás, Rondônia e Sergipe: 2 casos cada
Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Paraná: 1 caso cada
No exterior: 1 caso
Sem localização determinada: 1 caso
Acre, Rio Grande do Norte e Roraima: não foram encontrados registros
 
A presidente Bruna Benevides observa que os estados que possuem maior número de mortes são, geralmente, aqueles que possuem maior dificuldade de implementação de políticas públicas que assegurem direitos à comunidade trans e travesti.

“Geralmente vem de administrações que não têm dado a devido atenção a esses números”, diz Bruna Benevides.

A presidente ainda destaca a importância de pensar uma política específica para enfrentar esses assassinatos. “Caso contrário, a resposta que fica dos estados é que eles não reconhecem este problema, não reconhecem os assassinatos de pessoas trans como algo importante e que, por consequência, faz com que eles não destinem recursos diversos”, fala a presidente.

Veja o perfil das vítimas, segundo o dossiê

Jovens trans entre 15 e 29 anos;
Pessoas empobrecidas, em contexto de alta vulnerabilidade social, que utilizam o trabalho sexual como fonte primária ou secundária de renda;

Dentre os 86 casos em que foi possível determinar a raça/cor das vítimas, 78% eram pessoas trans negras.

“Esse processo de vulnerabilização, marginalização e empobrecimento acaba colocando essas pessoas em maior risco de exposição a essas violências”, diz Bruna Benevides.

Uma das vítimas em 2023, Ana Luisa, tinha apenas 19 anos. Ela saiu do interior de Alagoas em busca de oportunidades em São Paulo e foi assassinada. A avó, Cláudia Santos, diz que tem muita saudade da neta e não se conforma com o crime (veja vídeo acima).



Estadão MT