Menina de 4 anos é a 5ª vítima de envenenamento no Piauí; suspeito segue preso

A menina Maria Gabriela da Silva, de 4 anos, morreu na noite de terça-feira (21) depois de passar mais de 20 dias internada após comer arroz envenenado com uma substância tóxica semelhante ao chumbinho em Parnaíba, no litoral do Piauí. O Hospital de Urgência de Teresina (HUT) confirmou a morte na manhã desta quarta-feira (22).

A garota deu entrada no hospital em 3 de janeiro deste ano e estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica do HUT. Ela apresentou uma piora no estado de saúde ainda na terça. Além dela, a mãe, dois irmãos e um tio da menina faleceram. Outros dois irmãos de Maria Gabriela também morreram envenenados no ano passado.

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Ao todo, nove pessoas da mesma família comeram arroz envenenado no dia 1º de janeiro deste ano. O alimento havia sido preparado para a ceia de réveillon, como parte de um baião de dois. O principal suspeito do crime, o padrasto da mãe da menina, está preso temporariamente desde 8 de janeiro.

Veja, abaixo, quem consumiu o alimento: 

Francisca Maria da Silva, de 32 anos (mãe de Maria Gabriela) – morta;
Manoel Leandro da Silva, de 18 anos (tio de Maria Gabriela) – morto;
Maria Gabriela da Silva, de 4 anos – morta;
Maria Lauane da Silva, de 3 anos (irmã de Maria Gabriela) – morta;
Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses (irmão de Maria Gabriela) – morto;
Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos (padrasto de Francisca Maria) – recebeu alta e está preso suspeito do crime;
Uma adolescente de 17 anos (tia de Maria Gabriela) – recebeu alta;
Maria Jocilene da Silva, de 32 anos (vizinha da família) – recebeu alta;
Um menino de 11 anos (filho de Maria Jocilene) – recebeu alta.

Padrasto é suspeito do crime
 
Francisco de Assis Pereira da Costa, o padrasto da mãe de Maria Gabriela, nega que tenha envenenado a família, mas admitiu ter “nojo e raiva” da enteada e não gostar dos filhos dela.

Dentre os motivos que levaram à prisão de Francisco, a polícia afirmou que ele deu versões diferentes sobre o ocorrido e que houve contradições entre os depoimentos dele e dos demais familiares.

O arroz foi envenenado com terbufós, segundo laudo pericial do Instituto de Medicina Legal (IML). Trata-se de produto químico altamente tóxico, usado em pesticidas e na composição do chumbinho. A venda dele é proibida no Brasil.

Ao ser consumido por humanos, o terbufós ataca o sistema nervoso central e a comunicação entre músculos. Assim, causa tremores, crises convulsivas, falta de ar e cólicas. Os efeitos, que aparecem pouco tempo depois da exposição à substância, podem deixar sequelas neurológicas e causar a morte.

Investigação de outro envenenamento
 
 Além das mortes ocorridas este ano, Francisco de Assis agora é investigado pelas mortes dos irmãos Ulisses Gabriel e João Miguel Silva, de oito e sete anos, mortos em agosto e novembro de 2024. Isso porque o mesmo veneno encontrado nos meninos foi encontrado nas vítimas do almoço do dia 1º de janeiro de 2025.

Lucélia Maria da Conceição Silva, a vizinha que foi acusada de envenenar os irmãos, foi posta em liberdade após um novo laudo, emitido cinco meses após a prisão, afastar a possibilidade de ela ter cometido o crime.

A Justiça deu 10 dias para que a Polícia responda se a demora para a realização do laudo prejudicou a investigação. O prazo encerra nesta sexta-feira (24). Antes disso, na quinta-feira (23), está marcada a audiência de instrução e julgamento do caso, que pode definir os novos rumos do processo.
 

Confira a nota completa do HUT:
 
A direção do HUT informa que a menor M.G.S, de 4 anos, veio à óbito na noite de ontem.

A direção informa que todos os esforços foram realizados para o pronto restabelecimento da menor, lamenta o ocorrido e se solidariza com familiares e amigos neste momento de dor.

A criança estava internada na UTI pediátrica do HUT, desde o dia três de janeiro, e o caso agravou nas últimas 24 horas.



Estadão MT