Áudios atribuídos a assassino de ex-namorada revelam ameaças
Áudios que circulam na rede sociais, atribuídos a Helder Lopes de Araújo, de 23 anos, que assassinou a ex-namorada, Vitória Camily Carvalho da Silva, de 22 anos, na noite de sábado (15), em Várzea Grande, revelam que ele vinha ameaçando a vítima e seus familiares.
Você não era desacreditada? Vou mostrar pra você que eu sou bandido. Demorou?
Vitória, que viveu um relacionamento de cerca de 1 ano e oito meses com Helder, tinha terminado com ele há três meses. Em decorrência da perseguição, uma semana antes de ser morta, ela retirou seu passaporte e planejava sair do país.
Nos supostos áudios compartilhados entre Vitória e Helder, ela pede que ele siga sua vida e a deixe em paz. “Errada em quê? Em não querer nada com você? Errada em quê? Em não querer terminar com você? Ah, se enxerga. Vai se amar, rapaz”, disse ela.
Nas mensagens seguintes, em tom irritado, o assassino faz diversas ameaças e diz ser “bandido”. “Eu sou comédia? Vou mostrar pra você quem é comédia. Você não era desacreditada? Vou mostrar pra você que eu sou bandido. Demorou?”.
“Não é isso não, filha da put*. Fica postando o que você postou aquela hora. Sabe muito bem o que estou falando, menina. Não tira minha paciência, não!”, disse ele no último áudio divulgado na internet.
Em outra conversa, desta vez com a irmã de Vitória, identificada como Bruna Gabriely Carvalho Silva, de 21 anos, ele cobra sobre o paradeiro da ex-namorada, a xinga de desgraçada e diz que ela irá “bater a nave”, uma gíria também usada para “morrer”.
“Por que essa desgraçada não me responde desde ontem das dez horas da noite? Não dormiu em casa, sumiu. Sou comédia pra essa menina me fazer de gato e sapato, rapaz? Sua irmã só tá é tirando, irmão. Tá brincando com trem sério, irmão. Ela vai bater a nave dela”.
No áudio seguinte, a irmã de Vitória responde a Helder. “Você acha que está fazendo certo? Dando prensa nos outros? Dando prensa na mãe dos outros? Você não vai gostar que ninguém chega dando prensa na sua mãe, pô. Fica na sua, vai viver sua vida. Solta os outros”.
“Independente, irmão. Eu sou bandido. Eu sou irmão. Entendeu? Se eu pegar ela com outro, ela vai tomar. É poucas ideias, irmão. Essa menina sumiu desde ontem. Cheguei na sua mãe, não. Cheguei no sogro. Sua mãe que veio viajar em mim. Não tenho sangue de barata, não, irmão”, respondeu Helder.
Ouça os áudios:
O crime
Vitória foi assassinada na noite de domingo, no bairro Cristo Rei, durante uma confraternização familiar. Conforme o boletim de ocorrência, ela foi surpreendida por Helder, que invadiu a residência armado, e foi atingida com quatro disparos no peito e na cabeça. Ela morreu na hora.
Após o crime, o assassino fugiu em um Fiat Strada branco. Ele foi localizado na madrugada de domingo (16), em Rondonópolis, quando tentava fugir para Mato Grosso do Sul, na companhia do irmão.
Ele foi detido e encaminhado à DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa), onde foi ouvido e autuado em flagrante por feminicídio.
Durante a condução, o assassino justificou o crime afirmando que Vitória teria cometido o aborto do filho deles aos seis meses de gravidez. A informação, entretanto, foi desmentida pelo delegado responsável pela investigação, Nilson Farias.
Audiência de custódia
Já na tarde de domingo, Helder passou pela audiência de custódia, e teve determinada sua prisão preventiva pela juíza plantonista Cristiane Padim da Silva.
No despacho, a juíza apontou o alto nível de periculosidade do acusado, afirmando que o feminicídio foi planejado. “A análise do caso evidencia que a conduta do custodiado foi planejada, e sua execução revelou extrema periculosidade, colocando em risco não apenas a integridade física da vítima, mas também a segurança da coletividade”, diz trecho do documento.
O caso segue sendo investigado.