Demissão de Rodrigo Bocardi expõe ‘teto de vidro’
Rodrigo Bocardi, âncora do Bom Dia São Paulo, foi desligado da Globo ontem após 26 anos na emissora.
Segundo comunicado do canal, após análise do departamento de compliance, foi constatado que o jornalista “descumpriu normas éticas”.
O anúncio pegou de surpresa a redação de jornalismo da Globo, incluindo Sabina Simonato, que foi convocada de emergência para assumir interinamente o matutino da emissora.
Na noite de ontem, o desligamento de Bocardi dominou as conversas nos corredores da emissora e grupos de jornalistas e produtores.
A coluna ouviu fontes que trouxeram à tona um panorama dos bastidores da demissão.
Bocardi, em paralelo à Globo, mantinha abertas três empresas em seu nome: a Free Live Produções e Editora (desde 1997), a DigLog Produções e Editora (desde 2015) e a Digital 720 (aberta em 2017).
As empresas estão registradas como “produtoras de vídeo e publicidade”.
Só o fato de Bocardi ter empresas com foco em comunicação já pode ser algo encarado, dependendo da interpretação da emissora, como uma quebra do Código de Ética.
Isso porque não é permitido que jornalistas do canal façam trabalhos extras.
Apenas em alguns casos específicos, a Globo autoriza a prestação de serviços fora da emissora.
Ainda segundo fontes da coluna, Bocardi atuava de forma bastante presente nestas empresas -inclusive oferecendo serviços de media training (treinamento para lidar com a imprensa)— e mantinha uma relação muito próxima com empresários e políticos, principalmente da região da Grande São Paulo.
Vale lembrar que Lívia Torres, repórter da editoria Rio, foi demitida da Globo por muito menos em junho de 2023.
Ela foi desligada por apresentar um evento da CBF como freelancer, algo “extra” semelhante ao que vários outros jornalistas do canal fazem e não foram punidos.