Denúncia da PGR transforma Bolsonaro em mártir e fortalece a direita, avalia Júlio Campos
A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral de República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode fortalecer a direita brasileira. A avaliação é do deputado estadual Júlio Campos (União). Em conversa com jornalistas nesta quarta-feira, 19 de fevereiro, nos corredores da Assembleia Legislativa, Júlio afirmou o povo brasileiro gosta de ter um mártir e, por isso, as acusações podem acabar lhe dando mais projeção política.
Na noite de terça, 18, a PGR denunciou Bolsonaro, o ex-ministro Braga Netto e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, junto com mais 31 pessoas, pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
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“Olha, o povo brasileiro sempre gosta de mártir. No momento em que você transforma o presidente Bolsonaro em um condenado total, quando ele estava até nos Estados Unidos, não estava nem no Brasil, e agora é acusado de ser grande terrorista, eu acredito que prejudica muito a democracia e também fortalece muito a direita nacional”, avaliou Júlio.
O deputado também apontou suposta incoerência no relatório da PGR e da Polícia Federal, por acusarem a tentativa de golpe de Estado sem participação de militares.
No entanto, o relatório da PF afirma que foi justamente a falta de apoio dos comandantes do Exército e da Aeronáutica que frustrou o plano golpista. Segundo o relatório, Bolsonaro se reuniu com os três chefes das Forças Armadas em 7 de dezembro de 2022 para apresentar o plano golpista, mas apenas o comandante da Marinha, Almir Garnier, apoiou a proposta.
“Nesse inquérito feito pela Polícia Federal, e indiciado formalmente pelo procurador-geral da República, com relação ao ex-presidente Bolsonaro e sua equipe de governo, um possível golpe de estado sem participação militar, nunca vi golpe sem participação militar, isso é muito ruim e vai conflitar mais a nação brasileira”, afirmou Júlio.
Bolsonaro foi colocado como um personagem central na suposta tentativa de golpe de Estado. Segundo o relatório da PF, o plano teve início ainda em 2021, quando o ex-presidente fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais para divulgar fake news contra as urnas eletrônicas e o processo eleitoral brasileiro. A denúncia cita ainda a reunião com embaixadores para repetir os ataques às urnas, que já rendeu condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que deixou Bolsonaro inelegível até 2030.
Por fim, o relatório detalha uma suposta trama para assassinar o presidente Lula (PT), seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Cita ainda o incentivo para os acampamentos das portas de quarteis do Exército e para os atentados do 8 de Janeiro.