Jornalista formada em MT cria perfil com dicas sobre o Peru

A jornalista Maria Angélica Oliveira, de 43 anos, iniciou sua carreira em importantes veículos de comunicação de Cuiabá e, hoje, impulsionada por sua curiosidade nata, cria conteúdos para as redes sociais, compartilhando sua experiência de morar em Lima, a capital do Peru.

Achei interessante, não tinha muitos planos profissionais quando vim pra cá. Foi mais uma curiosidade. Acho que a curiosidade me move mais que tudo

Natural de Foz do Iguaçu (PR), com pai mato-grossense e mãe goiana, Angélica se mudou para Cuiabá com a família quando tinha apenas 5 anos. Desde pequena, já com a comunicação nas veias, queria ser atriz. “Eu já tinha esse lado mais criativo e expansivo bem aflorado”.

Ela se formou em Jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e foi na Capital que deu seus primeiros passos na carreira jornalística. Trabalhou como repórter, produtora e editora em veículos como TV Centro América, TV Cidade Verde e o jornal Diário de Cuiabá.

Aos 24 anos, mudou-se para São Paulo, onde atuou em outras empresas, como G1, Band e UOL. Lá, ficou até meados de 2019, quando se casou com um peruano e decidiu mudar-se com ele para Lima.

“Eu já conhecia o Peru, mas não tinha morado. Achei interessante, não tinha muitos planos profissionais quando vim pra cá. Foi mais uma curiosidade. Acho que a curiosidade me move mais que tudo”, diz ela.

Mesmo longe do Brasil há quase seis anos, Angélica manteve a profissão. Como freelance, escreve para veículos como UOL, Folha e a revista Viagem e Turismo. Ela concilia com seu trabalho na internet, criando roteiros e tours personalizados dos principais pontos turísticos e gastronômicos do Peru.

 

Viajante nata

 

Angélica conta que, logo que começou a ganhar seu próprio dinheiro, fez sua primeira viagem internacional sozinha, quando tinha apenas 21 anos.

Arquivo pessoal

Maria Angélica Oliveira

Maria Angélica em escavação em Lima

“Comecei numa época em que as pessoas não viajavam tanto sozinhas, quando a fonte de informação eram os guias que, com sorte, você encontrava numa livraria. Era uma experiência de viagem completamente diferente do que é hoje”, diz.

Ela saiu de Cuiabá para Buenos Aires de ônibus, para aperfeiçoar o seu espanhol. Lá, ficou aproximadamente um mês estudando numa escola para estrangeiros. “Foi uma aventura pra mim. Acho que esse meu perfil jornalista, curiosa e desbravadora meio que já estavam confluindo”, disse.

 

Esse foi apenas o ponto de partida. Depois de voltar do país vizinho, Angélica fez mochilões pela Europa, passou pela Tailândia e explorou diversos destinos pelo Brasil.

 

Vitrine

 

Angélica criou, em 2023, uma página no Instagram para compartilhar sua experiência no país. “Inicialmente, a ideia era que fosse uma vitrine do meu trabalho, algo que me ajudasse a conseguir mais freelas. Mas logo percebi uma demanda por informações mais detalhadas sobre o Peru, algo que não existia em português”, afirmou.

A página cresceu, ganhando espaço entre brasileiros interessados em conhecer o país. Além de abordar a rica gastronomia peruana e curiosidades culturais, a jornalista passou a oferecer roteiros personalizados e tours exclusivos em Lima.

“Fazemos uma reunião por vídeo para entender o perfil do viajante, suas preferências e expectativas. Depois, entrego um roteiro detalhado em PDF, com sugestões de trajetos, restaurantes e pontos turísticos,” explica.

Para quem deseja mergulhar ainda mais na cultura e no cotidiano peruano, Angélica atua também como guia, fazendo tours em locais como o Centro Histórico de Lima, hoje tombado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, ou gastronômicos, como em algum mercado popular.

“Os mercados populares aqui no Peru são equivalentes às feiras do Brasil, localizados em um tipo de galpão, com quiosques que vão de frutas, verduras e peixes a consertos de roupas. Algo meio caótico, mas uma experiência superinteressante. Imersiva”, disse.

Hoje, ela usa as habilidades que desenvolveu ao longo da carreira para criar seu próprio conteúdo. “Me treinou bastante e é muito um feeling de jornalista de: ‘isso é pauta’. Também a prática de fazer, de consumir mais conteúdo com os olhos de quem cria conteúdo”.

Arquivo pessoal

Maria Angélica Oliveira

Maria Angélica segue atuando como jornalista freelancer

Mas diz também ter crescido muito com a experiência de atuar desde o roteiro até a edição do material. “Tem sido um crescimento profissional muito grande, me ajudou a desenvolver habilidades que eu não tinha. Eu não estava acostumada a colocar minha cara”.

 

Ancestral e cosmopolita

 

Angélica afirma que só foi “entender a dimensão do que é a ancestralidade do Peru” quando se mudou para o país. Mas ressalta que ele não se resume a isso.

“Acho que, para quem quer ter um primeiro contato, a região de Cusco, que inclui também Machu Picchu, e Lima são ótimos destinos. Você terá todo o legado ancestral do Peru, mas também um contato com o Peru multicultural, mais cosmopolita, que é vanguarda na gastronomia”, afirma.

“O Peru tem a cidade mais antiga das Américas, Caral, de 5 mil anos. Quando estavam construindo as pirâmides de Caral, elas foram contemporâneas às pirâmides do Egito. A gente não tem noção disso. Eu não tinha noção disso antes de vir pra cá”.

Entre outros destinos citados por Angélica está a cidade de Huaraz, a chamada “Suíça peruana”. “Tem montanhas com neve e lagoas azuis. Um lugar que vem gente do mundo inteiro, escaladores, montanhistas, e agora está se tornando um destino para o turista comum. Já tem voos diretos de Lima para lá”.

“No sul do Peru tem Paracas, uma reserva marinha no deserto, um cenário insólito, incrível. Tem Nazca. As linhas de Nazca são um dos maiores mistérios da história. Ninguém conseguiu entender o que significam esses desenhos feitos há 2 mil anos no deserto. Tem Arequipa, cidade construída aos pés de um vulcão. Tem a Amazônia peruana, que também está a uma hora de voo de Lima”, explica.

 

Apenas comece

 

Para quem deseja começar a viajar sozinho, Angélica diz: “Não tenha medo de começar e se lançar no Mundo. Hoje em dia tem muita informação o tempo todo. Não é um bicho de sete cabeças”, afirma.

No começo, segundo ela, talvez seja mais fácil escolher lugares próximos. “É um primeiro contato mais tranquilo. Estar sozinho acaba não sendo estar sozinho, você se abre para outras pessoas e experiências e acaba conhecendo gente que você nunca imaginou que iria conhecer”.

 

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