Mendes: penas do 8/1 superam as de verdadeiros criminosos
O governador Mauro Mendes (União) voltou a criticar a dosimetria das penas aplicadas aos condenados pelos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
Os atos do 8/1 ultrapassaram os limites, mas nada justifica aplicar penas tão desproporcionais
Para ele, as penalidades determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) aos manifestantes são “desproporcionais”.
“É preciso colocar um ponto final nessa história. Os atos do 8/1 ultrapassaram os limites, mas nada justifica aplicar penas tão desproporcionais, maiores do que aquelas que recebem os verdadeiros bandidos, que traficam, matam, agridem e causam todo tipo de insegurança no país”, disse Mendes.
“A pena, às vezes, é muito baixa [para esse tipo de criminoso]. Então, existe uma dosimetria errada”, acrescentou.
A declaração foi publicada na noite desta segunda-feira (24) em sua conta no Instagram e corresponde a um trecho de entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo na semana passada.
Mais de dois anos após os ataques na Praça dos Três Poderes, o STF já condenou mais de 370 pessoas das mais de duas mil investigadas.
A maioria dos condenados recebeu penas que variam de 3 a 17 anos de prisão por crimes como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa e deterioração de patrimônio público.
As declarações de Mendes ocorrem em meio a novos desdobramentos da investigação. Na semana passada, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia contra 34 pessoas.
Entre os denunciados está o ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-integrantes de seu governo, por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa.
“Absolutamente reprovável”
Mendes afirmou que muitos que participaram do episódio são “pessoas de bem e que nunca tinham cometido um crime”.
Para Mendes, os manifestantes apenas expressavam seus “sentimentos e desejos”. No entanto, ponderou que os atos são reprováveis e carecem, sim, de penalidade.
“Não foram ali para dar golpe, para nada. Inflou, insuflou e aconteceu tudo aquilo, que é absolutamente reprovável. De maneira alguma apoio aquilo que aconteceu. Acho que aquelas pessoas precisam, sim, de algum tipo de punição, mas ela é desproporcional”, disse.
“Vejo pessoas praticando crimes bárbaros, traficando toneladas de cocaína que causam um mal gigantesco para a sociedade para a população, aos jovens. Desestruturam famílias, causa morte, roubos etc”, completou.
Leia mais sobre o assunto:
Mendes defende anistia e diz que Lula deveria “pacificar” o país