Pais protestam contra retirada de ônibus escolar em cidade de MT

Pais e responsáveis por um grupo de estudantes em Nova Brasilândia (201,9 km de Cuiabá) estão protestando contra a retirada do ônibus escolar que atendia a comunidade Santa Rosa, na zona rural do município. A Prefeitura tirou o transporte para a escola estadual José Maria do Sacramento, que fica na zona urbana do município, após todos os alunos já estarem matriculados. 

 

A situação ocorre desde o início letivo, prejudicando o aprendizado de 16 crianças e adolescentes. 

 

Conforme apurou a reportagem, o prefeito José Antonio Domingos Cardoso e o secretário de Educação Junior Aparecido de Oliveira afirmam que os estudantes devem frequentar uma outra escola, no distrito de Peresópolis, 15 km mais distante que a José Maria do Sacramento. 

 

O percurso para Peresópolis, que é feito por um ônibus fornecido pela Prefeitura, exige a passagem pela rodovia MT-140, o que preocupa os pais. 

 

“É muito mais difícil para ir, demora bem mais, sem contar com o perigo dessa rodovia. Essa estrada é muito perigosa, cheia de carretas passando”, diz Ivan Alexandre Rosa, pai de um aluno. 

 

Enquanto o problema não se resolve, parte dos estudantes se arrisca, sendo transportada na carroceria de um caminhão. 

 

 

A família mora a 8 km da cidade, enquanto o distrito de Peresópolis fica a quase 30 km. 

 

José Roque, pai de dois alunos gêmeos e com autismo, sendo um deles não verbal, não aceita que os filhos estudem em Peresópolis. 

 

“Eles fazem acompanhamento médico e psicológico em Nova Brasilândia. Em Peresópolis não vai ter nada disso. É muito longe, e muito complicado com as carretas. Passam mais de mil carretas por dia nessa estrada. Então não podem, não aceito eles estudarem em Peresópolis arriscando a vida”, desabafa. 

 

Ana Ferreira, mãe dos gêmeos, explica que os filhos iam para a escola de Nova Brasilândia no ônibus, e já aproveitavam para receber tratamento na cidade. No distrito não há atendimento médico adequado para os irmãos.

 

Conforme apurou a reportagem, ao retirar os ônibus, o secretário deu primeiro a justificativa de economia de gastos, e depois o prefeito disse que a escola de Peresópolis tem poucos alunos, e enviar os estudantes para lá ajudaria a mantê-la. 

 

A comunidade, no entanto, não concorda que esta seja a justificativa para permitir que a viagem dos estudantes seja desconfortável, demorada e mais perigosa.

 

Além disso, a José Maria do Sacramento oferece mais conforto, biblioteca, áreas de lazer e quadra poliesportiva, cantina com mesas, salas de aula especiais para crianças com deficiência e seguranças nas entradas.

 

Pais e responsáveis fizeram uma reunião com o prefeito para discutir soluções, mas não houve acordo. 

 

Eles juntaram apoio de oito dos nove vereadores da cidade e entraram na Justiça. 

 

O promotor responsável pelo caso, Leandro Voloscko, deu à Prefeitura o prazo de sete dias para retomar o ônibus. O prazo acabou e a comunidade segue sem uma solução. 

 

 

Enquanto isso, para garantir a ida das crianças à escola, Edimar Rodrigues da Costa, pai de uma delas, está transportando os estudantes na traseira de seu caminhão, no sol e sem conforto. 

 

“Eu tenho um caminhão médio, fiz uns bancos improvisados, não tem cobertura. O sol muitas vezes está bem quente, dá até dó das crianças. Mas o secretário e o prefeito não querem dar o braço a torcer de maneira nenhuma”, desabafa. 

 

O Código de Trânsito Brasileiro proíbe o transporte d passageiros em carroceria de transporte de carga.

 

 



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