Delegado diz que professor confessou envolvimento com alunos

O professor de vôlei infantojuvenil e influencer digital Ademilton Laureano Xavier, conhecido como Mithy Vráh, preso na terça-feira (11) em Rondonópolis, sob suspeita de cometer crimes sexuais contra adolescentes, confessou os crimes em depoimento.

Ontem ele foi ouvido aqui em sede policial, interrogado, e basicamente confirmou todas as acusações

A informação foi confirmada pelo delegado Fernando Fleury, responsável pelas investigações.

Segundo o policial, o professor revelou que o acusado ainda detalhou o modus operandi utilizado para aliciar as vítimas, que eram alunos de um projeto social esportivo.  

“Ontem ele foi ouvido aqui em sede policial, interrogado, e basicamente confirmou todas as acusações em relação aos fatos que já tinham sido apurados no inquérito. Confirmou o envolvimento com os alunos e o pagamento em dinheiro”, afirmou o delegado.  

O que mais chamou a atenção dos investigadores, segundo Fleury, foi a estratégia utilizada por Xavier para conquistar a confiança das vítimas e de suas famílias.

“O modus operandi dele é sempre o mesmo: chantagear, ameaçar, dar benefícios financeiros e presentes. Geralmente, as vítimas são de projetos sociais, de classe econômica mais baixa, de famílias desestruturadas, sem figura paterna. Ele se aproveita disso”, explicou.  

Conforme as investigações, o professor oferecia transferências via Pix, roupas, calçados e até promessas de participação em campeonatos em troca de fotos e vídeos íntimos. Além disso, ele mantinha um controle rígido sobre os adolescentes, proibindo que saíssem nos fins de semana ou tivessem relacionamentos amorosos, alegando que isso prejudicaria o rendimento nos treinos.  

“Ele criava uma relação de dependência. Muitas vezes, mal a vítima chegava em casa, ele já estava ligando ou mandando mensagem para saber se o adolescente estava lá. Ele usava a estratégia de ser o treinador para convencer os pais de que o filho precisava focar no vôlei, que era um jogador promissor”, relatou o delegado.  

Envolvimento com as famílias 

Xavier não se limitava a conquistar a confiança dos adolescentes, disse o delegado. Ele também se aproximava das famílias, especialmente das mães, para garantir que suas ações não fossem questionadas.

“Ele convidava o jovem e a mãe para comer pizza, sair à noite ou ir a um clube no fim de semana. Ele criava essa ilusão de que o adolescente teria um futuro promissor no vôlei”, disse Fleury.  

Essa estratégia, segundo o delegado, era usada para “amarrar e sufocar” as vítimas, dificultando que elas denunciassem os abusos. “Ele tinha um controle psicológico muito forte sobre esses jovens”, destacou.  

Influência digital  

Além de professor de vôlei, Xavier é um influencer digital com mais de 282 mil seguidores no Instagram, onde postava vídeos de humor e frases de efeito. A Polícia Civil investiga se as redes sociais foram usadas como ferramenta para aproximação das vítimas.  

Até o momento, três vítimas foram formalmente identificadas, mas a Polícia Civil acredita que o número pode ser maior. “O perfil das vítimas é sempre o mesmo: adolescentes de famílias vulneráveis, que ele conseguia manipular com facilidade”, explicou Fleury.  

O delegado também destacou que Xavier já havia sido investigado por crimes semelhantes em 2022, quando foi acusado de estupro de vulnerável. Na época, ele foi exonerado do cargo de professor da seleção de vôlei de Rondonópolis.

“Ele foi afastado do município em meados de 2024, quando começaram a surgir os relatos de abuso”, disse.  

Prisão e próximos passos  

Xavier está preso e deve permanecer sob custódia enquanto o caso avança. “Ele vai continuar preso. As investigações estão em andamento, e não descartamos a possibilidade de novas vítimas surgirem”, afirmou o delegado.  

“É um caso muito grave, que envolve manipulação, chantagem e abuso de confiança. Esperamos que a Justiça seja feita e que as vítimas recebam o apoio necessário”, concluiu Fleury.