Gaeco monitora 30 contas; uma delas movimentou R$ 15 milhões
Uma das 30 contas rastreadas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), no âmbito da Operação Acqua Ilicita, movimentou aproximadamente R$ 15 milhões em apenas 6 meses.
Inclusive a gente detectou vínculo de alvos da nossa investigação com pessoas do Rio de Janeiro, sem profissão definida e com movimentação de mais de 15 milhões
A informação foi confirmada pelo promotor coordenador do grupo, Adriano Roberto Alves, e o delegado Hércules Batista.
A operação foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (20) contra um esquema de extorsão e lavagem de dinheiro liderada por membros de uma organização criminosa em Cuiabá e Várzea Grande. Foram cumpridos também mandados em Nobres e Sinop.
A investigação teve início após uma denúncia anônima contra o esquema. “Vários comerciantes não estavam suportando mais serem coagidos, não conseguem trabalhar porque as facções impõem medo, impõem cobrança de taxas”, afirmou o delegado.
Segundo o policial, em diversos grupos de WhatsApp os membros da facção criminosa obrigavam as vítimas a comprarem galões de água mineral somente de pessoas indicadas pela facção, além da obrigação de uma taxa por cada galão vendido.
“Descobrimos que essas pessoas são ligadas a outras que tem movimentações milionárias, inclusive. É um negócio extremamente rentável. Segundo o apurado, a taxa era de R$ 1 por cada galão, quem ditava o preço era a facção criminosa.
Vários comerciantes não estavam tendo paz para exercer sua profissão”, afirmou o delegado.
“Inclusive a gente detectou vínculo de alvos da nossa investigação com pessoas do Rio de Janeiro, sem profissão definida e com movimentação de mais de 15 milhões”.
Os comerciantes que se negavam a entrar no esquema eram constrangidos e ameaçados de forma velada por membros da facção que “passavam o recado” em nome das lideranças.
No ano de 2025 esse valor iria passar a R$ 2, ou R $2,50 por galão vendido
Apesar de o esquema ter iniciado com uma taxa de R$ 1 por galão, os planos da facção eram de, no mínimo, dobrar esse valor.
“No ano de 2025 esse valor iria passar a R$ 2, ou R $2,50 por galão vendido. Chegou ao ponto de obrigarem a mostrar a nota de aquisição das águas para, em cima da nota, cobrarem os valores da taxa, independente de venda ou repasse”.
Segundo a Polícia, quem iria pagar a conta para a facção seria a população com o aumento dessa taxa. “A população ia pagar o preço porque iriam tabelaram os R$ 2, ou R$ 2,50. Se custasse R$ 12 passaria a custar R$ 14”, explicou o promotor.
Para incrementar o esquema, a facção estava montando galpões para armazenar os galões de água. Segundo as investigações, os criminosos compravam direto das grandes marcas e estocavam esses galõe. Quando não era cobrada a taxa, as vítimas eram obrigadas a comprar direto com os criminosos.
Foram expedidos 60 mandados de busca e apreensão, 12 de prisão e sequestro de bens e valores ilícitos, incluindo 33 veículos, que estão sendo cumpridos nos quatro municípios. Ao todo, participam da operação cerca de 400 pessoas, entre promotores e policiais.
Operação da Civil
Além da Operação Acqua Ilicita, deflagrada pelo Gaeco, a Polícia Civil também mirou o mesmo tipo de esquema, concentrando sua atuação em Cuiabá e Várzea Grande com a Operação Falso Profeta.
O pastor Ulisses Batista, alvo da Polícia Civil, também liderava o esquema investigado pelo Gaeco. Ele está foragido no Rio de Janeiro.
Ao todo são quatro alvos em comum nas duas operações.
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