Juiz manda soltar líder do CV preso por usar boates para lavar dinheiro

O juiz Francisco Alexandre Ferreira Mendes Neto determinou a soltura de Joadir Alves Gonçalves, o “Jogador” ou “Veio”, um dos líderes da facção Comando Vermelho em Mato Grosso. Ele está preso desde junho do ano passado, quando foi alvo da Operação Ragnatela, deflagrada pela Polícia Federal para desbaratar um esquema de lavagem de dinheiro da facção por meio de casas noturnas em Cuiabá. A decisão é do último dia 3 e foi proferida durante plantão judicial.

“Dessa maneira, as medidas cautelares diversas da prisão são absolutamente suficientes e adequadas no caso em debate, pois garantirão, com menor onerosidade, a vinculação do paciente ao progresso, a proteção da instrução processual e a preservação da ordem pública. Pelo exposto, defiro a liminar vindicada para substituir a prisão preventiva decretada contra o paciente Joadir Alves Gonçalves pelas seguintes medidas cautelares…”, diz trecho do documento.

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Jogador é um dos poucos alvos da operação a permanecer preso. Ao todo, a Polícia Federal prendeu 14 investigados preventivamente, mas 11 já haviam conseguido revogar a detenção e substitui-la por medidas cautelares.

Responsável pela defesa de Joadir, o advogado Wesley Arruda argumentou que sua prisão preventiva – que já dura oito meses – já se mostra inadequada, desnecessária e desproporcional, até porque a instrução processual já foi concluída há mais de um mês.

Além disso, o advogado também pontuou que Jogador já cumpria medidas cautelares por outro processo quando foi alvo da PF e que nunca violou a determinação da Justiça, cumprindo com todas as obrigações estipuladas na substituição da prisão.

A Operação Ragnatela apontou Joadir como financiador da compra de boates em Cuiabá para a prática de lavagem de dinheiro da facção Comando Vermelho, mas a acusação também é questionada pelo advogado, que aponta falta de provas.

“Nota-se que a decisão afirma que o requerente ‘é o responsável pelo recolhimento de ganhos obtidos pela facção através de venda de drogas e pagamentos de valores relacionados à ‘lojinha’ e à ‘camisa’, em bairros de Cuiabá e Várzea Grande’ […] Quais são esses bairros? Quem recolhe esse dinheiro e repassa a Joadir? Nada disso a Polícia narrou porque não investigou! Não há um relato sequer dos policiais de que viam alguém ir entregar dinheiro para Joadir, ainda mais de tráfico de drogas”, aponta o jurista.

O advogado também destacou que, entre as provas colhidas, não há diálogos que atribuam a ele a culpa pelo crime, assim como não houve fotografias de Joadir com armas e nem caderno de anotações em sua casa.

Em janeiro, a Justiça chegou a analisar o pedido, mas manteve o réu preso, até que fossem realizadas as oitivas com os demais acusados, já em liberdade, o que fez com que Joadir permanecesse mais de um mês detido preventivamente à espera da audiência.

OPERAÇÃO RAGNATELA

A Operação Ragnatela foi deflagrada em julho do ano passado pela Polícia Federal e teve como alvo a aquisição de casas noturnas em Cuiabá para suposta prática de lavagem de dinheiro do Comando Vermelho, por meio da realização de shows nacionais.

Joadir foi preso no Rio de Janeiro, quando desembarcava no Aeroporto Santos Dumont, em companhia de outro alvo da operação, o ex-jogador de futebol João Lennon Arruda de Souza. Entre os alvos da PF também está o ex-vereador por Cuiabá, Paulo Henrique de Figueiredo (MDB).



Estadão MT