Médicos falsos e laqueadura; inconsistências levantaram suspeita

As inconsistências apresentadas na versão da bombeira civil Nataly Helen Martins Pereira, de 25 anos, além da clara falta de sinais de uma gestação recente, acenderam o alerta da equipe médica do Hospital Santa Helena, que denunciou a tentativa dela de registrar uma recém-nascida roubada à Polícia.

Não havia sinais de que a paciente havia tido parto

 

Nataly confessou ter matado e feito um parto forçado na adolescente E.A.S., de 16 anos, na última quarta-feira (12), para ficar com a filha dela. A menor foi atraída para a morte com a promessa de doação de roupas para sua bebê.

 

Entre as inconsistências de Nataly, estão a invenção de médicos com quem supostamente ela teria feito seu pré-natal, três cesarianas anteriores e até uma suposta laqueadura.

 

As informações constam nos depoimentos da médica C.M.G.P., da enfermeira N.M.A.A. e da cunhada de Nataly, E.F.U.D.

 

Segundo a Médica ginecologista C.M.G.P., Nataly deu entrada na unidade por volta das 15h40 de quarta, alegando ter dado à luz em casa, por volta das 14h.

 

Logo de cara, Nataly se recusou a ser examinada, aceitando depois ser avaliada pela médica H.S.M, que constatou que “não havia sinais de que a paciente havia tido parto”. Foi realizado exame ginecológico e laboratorial “BETA HCG quantitativo e foi constatado que a paciente não estava em estado puerperal conforme resultado dos exames realizados”.

 

Quando Nataly tentou amamentar a criança, a enfermeira N.M.A.A. viu que ela não tinha leite. “O que sinalizou suspeita por parte da equipe médica de que possivelmente a paciente não seria a mãe da recém-nascida”.

 

Segundo a médica C.M.G.P., outra informação relevante é que a mulher já havia dado à luz outras três vezes por meio de cesariana. “O quarto parto em uma análise técnica também deveria ser pelo mesmo procedimento”, disse.

O que sinalizou suspeita por parte da equipe médica de que possivelmente a paciente não seria a mãe da recém-nascida

 

Ainda segundo o depoimento da médica, a paciente não tinha nenhum sangramento próprio de mulheres em estado puerperal e apresentou nomes falsos de médicos que teriam feito seu pré-natal.

 

“Que a paciente informou que o acompanhamento pré-natal foi realizado no Hospital Femina, porém indicou médicos desconhecidos pela depoente”, diz trecho do documento.

 

Em outro trecho, consta que a médica checou a informação com outros colegas, “não encontrando nenhum(a) médico(a) indicado pela conduzida”.

 

No depoimento da enfermeira N.M.A.A., ela conta que assumiu o plantão por volta das 19h daquela quarta-feira, e disse que os exames laboratoriais aos quais Nataly foi submetida foram: “Incompatíveis ( >5,0 mUI/mL) com o estado de uma pessoa que acabara de dar à luz”.

 

A enfermeira conta que “tomou conhecimento que pelo exame físico (de toque) realizado pela Dra. H.S.M, não havia sinais de dilatação uterina”. E disse também que realizou massagem para verificar a presença de colostro (leite) nas mamas da paciente, mas que Nataly não produzia leite.

 

A enfermeira afirmou que a acompanhante da vítima citou uma suposta laqueadura: “O que levantou mais suspeitas sobre a gestação da paciente”.

 

Tentando encenar a dor do parto, Nataly pediu um remédio para cólica e se “justificou“ dizendo que em todos os seus partos anteriores não teve sangramento.

Que é do conhecimento da declarante que a conduzida já passou por procedimento de laqueadura, entretanto a conduzida engravidou

 

Laqueada

 

A cunhada de Nataly, E.F.U.D., chegou ao hospital quando ela já estava lá, após ter recebido uma ligação dela afirmando que tinha entrado em trabalho de parto. “Que estava sozinha em casa e que a criança estava prestes a nascer”, e, depois, que a bebê tinha nascido.

 

E.F.U.D., disse ter ficado surpresa quando a equipe médica examinou Nataly e não encontrou sinais de que ela tivesse tido trabalho de parto recentemente. Foi a cunhada que informou para a equipe médica a suposta laqueadura pela qual ela teria passado.

 

“Que é do conhecimento da declarante que a conduzida já passou por procedimento de laqueadura, entretanto a conduzida engravidou, segundo informação passada pela conduzida para a declarante, em virtude da laqueadura ter sido mal feita”, diz trecho do depoimento.

 

E.F.U.D., afirmou à Polícia que acreditava que a cunhada estava grávida, porque ela compartilhava a gravidez nas redes sociais e até imagens de ultrassom. “Que inclusive recentemente teve chá revelação do sexo da criança”, disse ela.

 

Nataly está presa e confessou ter cometido o crime sozinha. Ela diz que ficou grávida, mas que perdeu seu bebê há seis meses. Desde então procurava mulheres grávidas que não queriam seus filhos.

 

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