
“Todos pagam o preço desse crime”, diz Mendes sobre desmate
O governador Mauro Mendes (União) voltou a alertar sobre os prejuízos causados por desmatamento ilegal e incêndio proposital e citou a necessidade de medidas mais duras contra o crime, como o perdimento das terras.
98% dos produtores mato-grossenses estão agindo dentro da legalidade e eles estão sofrendo as consequências
A declaração ocorre em meio à ação movida pelo Governo do Estado no Supremo Tribunal Federal (STF), que busca garantir a legalidade da expropriação de terras onde for constatado desmatamento ilegal.
Mendes disse que a defesa do Governo é para com produtores rurais que agem dentro das normais ambientais, que, segundo ele, são a maioria.
“Tem dois anos que falo isso, não é verdade? […] 98% dos produtores mato-grossenses estão agindo dentro da legalidade e eles estão sofrendo as consequências. Você, todos nós, estamos pagando o preço desses crimes”, disse.
“Sou defensor dos 98% dos produtores mato-grossenses que fazem as coisas corretas. Ponto. Quem defende os 2% que está praticando crime e ilegalidade, podemos fazer um debate também, não tem problema”, acrescentou.
A declaração foi dada durante o lançamento do plano de ação para combate ao desmatamento ilegal e incêndios florestais em 2025. O Governo irá investimento mais de R$ 125,2 milhões no combate.
De acordo com Mendes, se fosse aplicada o perdimento de terras contra desmatadores, o Estado poderia usar o dinheiro investido no programa, por exemplo, em outras áreas.
Já pensou se não tivesse ninguém praticando crime de desmatamento ilegal e de incêndios criminosos em Mato Grosso?
“Já pensou se não tivesse ninguém praticando crime de desmatamento ilegal e de incêndios criminosos em Mato Grosso? Acha que precisaria estar jogando R$ 125 milhões nesse programa? Poderíamos pegar esse dinheiro e colocar em saúde, em escola, em estradas, fazer tantas coisas para o cidadão de bem do Estado”, afirmou.
O pedido encaminhado pelo Governo ao STF busca garantir a constitucionalidade da expropriação, sem indenização, de propriedades rurais onde houver desmatamento ilegal.
De acordo com o documento, as terras seriam destinadas “a fins de interesse coletivo (reforma agrária, habitação popular ou conservação ambiental), analogamente ao já previsto para cultura de psicotrópicos e trabalho análogo à escravidão”.
“Discussão num nível mais alto”
A ação no STF gerou reação de deputados estaduais, como Janaina Riva (MDB) e Gilberto Cattani (PL). Cattani propôs uma moção de repúdio contra a manifestação de Mendes no STF.
Questionado sobre a moção e se acreditava ser uma medida eleitoreira, Mendes evitou polêmicas e reforçou o caráter técnico da proposta.
“Vamos colocar essa discussão num nível mais alto. Eu não posso ficar fazendo… o cara fala uma coisa e eu comento. Estou dando uma posição técnica, clara, objetiva”, disse.
“Se algum dia essa norma ou essa lei for aprovada, e espero que sim, vai valer dali para frente. Valendo dali para frente, quem quiser praticar o crime saberá das responsabilizações que tem. […] Se a gente quer ficar convivendo e todo ano gastando mais de R$ 100 milhões para combater esse crime, é uma decisão que a sociedade brasileira toma. Agora, a minha ideia está aí para debater. E eu já vi muito produtor concordando”, completou.
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